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A cópia de um post atribuído ao escritor Paulo Coelho revoltou simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro e rapidamente entrou para os assuntos mais comentados do Twitter neste domingo (13). “Boicote exportações brasileiras ou o Taleban cristão controlará o país”, diz o texto.
O post não é encontrado nas páginas e perfis de Paulo Coelho nas redes sociais. O escritor, segundo divulgaram alguns veículos de comunicação e milhares de internautas, teria apagado a publicação logo após a reação de bolsonaristas.
O ato mais antipatriota! Paulo Coelho incita o boicote dos produtos exportados do Brasil, tal qual seus livros estão inclusos. pic.twitter.com/LoJajs98L3
— Pátria Amada Brasil (@PatriaAmada_Br) September 14, 2020
Nesta segunda-feira (14), Paulo Coelho fez uma postagem no Twitter com a seguinte mensagem: "Queima Pantanal! Queima Amazônia! Chegaremos a queimar livros, como nazistas faziam?". Em seguida publicou um vídeo em que uma pessoas queima um exemplar de sua obra mais lida e vendida, O Alquimista. O post veio com a frase "Bücherverbrennung a la Tupiniquim" (Queima de livro ao estilo Tupiniquim, em tradução livre). O autor do vídeo faz um apelo: "Queimem livros do Paulo Coelho".
A revolta contra Paulo Coelho fez com que o pedido de boicote, redigido em inglês, se espalhasse por todo o mundo. Milhares de tuítes reproduziram a cópia do post, muitos com críticas a Paulo Coelho e pedidos de boicote aos livros de autoria dele. O escritor tem 28 milhões de seguidores no Facebook e mais de 15 milhões no Twitter. Em toda a rede social, supera os 50 milhões de seguidores.
Bücherverbrennung a la Tupiniquim pic.twitter.com/Yr3aEQfQF1
— Paulo Coelho (@paulocoelho) September 14, 2020
A polêmica envolvendo Paulo Coelho vem na esteira de uma campanha internacional contra Bolsonaro devido ao desmatamento e queimadas na Amazônia.
No último dia 9, o ator Leonardo DiCaprio compartilhou um tuíte da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil com um vídeo da campanha "Defund Bolsonaro" (Corte o financiamento de Bolsonaro, em tradução livre).
EMERGENCY!
— APIB oficial (@ApibOficial) September 2, 2020
The Association of Indigenous Peoples of Brazil (@apiboficial) asks all citizens, governments and companies around the world “Which side are you on: Amazon or Bolsonaro?” pic.twitter.com/ajZKQluQvr
“Para salvar a Amazônia, devemos cortar o financiamento de Bolsonaro e tornar a proteção da Amazônia uma condição ‘obrigatória’ para o desenvolvimento, os negócios e os investimentos”, diz um trecho do texto de apresentação no site da campanha.
Defensores de Bolsonaro acusam os idealizadores da campanha de prejudicar a população do Brasil ao pedir boicote internacional aos produtos brasileiros. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi às redes sociais para rebater o engajamento de DiCaprio.
“Caro @LeoDiCaprio, o Brasil está lançando o projeto de preservação ‘Adote Um Parque’, que permite a você ou qualquer outra empresa ou indivíduo escolher um dos 132 parques na Amazônia e patrociná-lo diretamente por 10 euros por hectare por ano. Você vai colocar seu dinheiro onde sua boca está?”, escreveu Salles na mensagem em inglês.
Dear @LeoDiCaprio Brazil is launching “Adopt1Park” preservation project which allows you or any other company or individual to pick one of the 132 Parks in the Amazon and directly sponsor it at 10 Euros per hectare per year. Are you going to put your money where your mouth is? https://t.co/VMG817oUX8
— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) September 10, 2020