O estudo da FAO mostra que uma em cada oito pessoas no mundo está cronicamente desnutrida. E faz uma advertência aos líderes mundiais: algumas regiões não vão conseguir diminuir pela metade o número de famintos até 2015.
Alguém pode argumentar que houve avanço, afinal, no período 2010-2012, o número de famintos no planeta era 868 milhões e agora está em 842 milhões.
O avanço é muito tímido, para ser condescendente. Na realidade a fome estagnou. O número de famintos representa mais de quatro vezes a população do Brasil. É como se praticamente toda a população do continente americano (América do Sul, Central e do Norte) estivesse morrendo por falta de comida.
A pergunta que se faz diante de repugnante realidade é: por que conseguimos produzir smartphones de altíssima tecnologia, automóveis computadorizados, cigarros eletrônicos, hambúrgueres de célula tronco e tantas outras coisas, mas, ao mesmo tempo, não conseguimos oferecer a ração mínima de alimentos a uma grande parcela da população mundial?
As respostas são várias, dependendo da ideologia de cada um, dos seus credos, de sua posição social e outras variantes.
Uma avaliação honesta e realista poderia apontar algumas das causas dessa tragédia da civilização pós-moderna:
– Não há interesse nem vontade política dos governos dos países ricos em criar um plano global para erradicar a pobreza.
– Grande parte dos governantes, legisladores, empresários e outros agentes sociais dos países pobres atua para saquear os cofres públicos.
– Os ricos do mundo – com raras exceções – estão mais interessados em manter seus privilégios [uma grande parte pensa que mantendo uma multidão de miseráveis é mais fácil perpetuar a exploração].
– As multinacionais, que poderiam reverter esse jogo com investimentos visando retorno de longo prazo, buscam o lucro imediato. Como pobres não podem oferecer esse lucro rapidamente, não há interesse em investir nos bolsões de pobreza.
– Os países gastam mais com armas do que com o combate à pobreza. Um terço do que se gasta no mundo com armamentos e guerras seria mais que suficiente para erradicar a fome no planeta.
– A lista de problemas é grande e precisaria um livro para descrever todos: ganância, usura, corrupção, falta de políticas globais concretas, falta de solidariedade e muitos outros.
Enquanto isso, em algum lugar do globo neste momento, alguém deve estar tramando desvios de recursos públicos, comprando colares de US$ 200 mil, bolsas de US$ 20 mil, carros de US$ 1 milhão, carregamentos de armas. Muitas fábricas, em vez de produzir alimentos, estão fabricando caças de guerra, tanques, metralhadoras e bombas de gás sarin.
Célio Martins
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