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Preços - alta
Gasolina chega aos R$ 7 em algumas cidades do Rio Grande do Sul, preço recorde.| Foto: Reprodução/Rede Globo

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem insistido que a inflação não está fora de controle no Brasil. No último dia 23, o ministro disse considerar que uma inflação entre 7% e 8% está "dentro do jogo". A fala do ministro faz parte da estratégia do governo de minimizar o fato de que a alta de preços no país atingiu níveis recordes e beira o descontrole. Em novembro do ano passado, Guedes dizia que os aumentos seriam transitórios, o que efetivamente não ocorreu.

Logo após as declarações de Guedes nesta semana, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial, divulgado na quarta-feira (25) pelo IBGE, mostrou que a situação não está tão controlada como diz o governo. O índice teve alta de 0,89% em agosto, após registrar taxa de 0,72% em julho. Foi o maior aumento para um mês de agosto desde 2002.

A carestia vem se espalhando por todos os lados e atinge tanto a parcela de menor poder aquisitivo como a classe média. Não são apenas gasolina e energia elétrica os vilões, como membros da equipe econômica tentam culpar. A alta vem se tornando generalizada: botijão de gás, carne, óleo de cozinha, arroz, café, ovo, feijão, leite, aluguel, material de construção, serviços em geral e muitos outros.

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Inflação acumulada nos 12 meses encosta nos 9%.

A carne, por exemplo, subiu o equivalente a três vezes e meia à inflação geral, de acordo com um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo. O óleo de soja aumentou mais de oito vezes à inflação geral do período, segundo o mesmo levantamento.

Abastecer o carro está se tornando impossível para muitas pessoas. Em agosto de 2014 um litro de gasolina custava, na média nacional, pouco mais de R$ 2,9. Hoje, em algumas cidades brasileiras, chega a R$ 7. Só nos últimos 12 meses a gasolina subiu mais de 50%. O botijão de gás passa de R$ 100 em algumas regiões, como muitas cidades do Centro Oeste, e acumula alta média de mais de 30% em 12 meses.

É fato que os preços têm acelerado em várias partes do mundo, como afirma Guedes, mas em muitos países a alta está longe de se aproximar da carestia no Brasil. A zona do euro, por exemplo, registrou em julho acumulado de 2,2% de inflação nos últimos 12 meses. A taxa acumulada, que superou a meta oficial do Banco Central Europeu (BCE), é quatro vezes menor que a do Brasil, que registra IPCA de 8,99% em 12 meses. E mais: de acordo com a Eurostat, órgão responsável pelas estatísticas da União Europeia, a inflação recuou 0,1% no comparativo mensal.

Nos EUA, apesar dos aumentos de preços levarem a uma taxa acumulada acima de 5% em 12 meses (considerada anormal), o índice de preços ao consumidor ficou em 0,5% em junho, bem abaixo da taxa de 0,9% registrada no mês anterior.

Os números no Brasil evidenciam que o país não tem mais chance de cumprir as metas de inflação estabelecidas pelo Banco Central para 2021. O centro da meta é de 3,75%, com teto de 5,25%. Segundo o boletim Focus, sondagem do Banco Central (BC) com agentes do mercado financeiro, a estimativa para o IPCA deste ano é de 7,11%, mas há economistas que não descartam uma taxa acumulada acima de 9% diante do agravamento da crise hídrica, da desorganização fiscal e da crise política, além da pressão dos preços das commodities.

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