A sede das maiores empresas de tabaco do mundo, como Philip Morris, British American Tobacco e Japan Tobacco, está na Suíça. O governo suíço arrecada, segundo estimativas independentes – cerca de US$ 6 bilhões (mais de R$ 31 bilhões) anualmente com a indústria do tabaco. Fabricantes e governo se uniram contra a proposta para proibir a publicidade de cigarro, mas a maioria da população disse “sim” à proibição em referendo realizado no domingo (13).
De acordo com a nova legislação, fica totalmente proibida a publicidade de cigarro em lugares de acesso de crianças e adolescentes. As regras se aplicam também ao cigarro eletrônico. Vale para anúncios na imprensa, em cartazes, na internet, no cinema e durante manifestações.
A votação na Suíça mostra a importância da democracia direta em temas de grande interesse público e que há divergências na sociedade. O resultado – 57% dos eleitores aprovaram a iniciativa de proibir os anúncios publicitários de cigarros – mostra também que nem mesmo a ação de poderosos lobbies e do governo conseguem impor seus interesses à maioria das pessoas.
Outra demonstração da força da sociedade quando esta tem condições de decidir democraticamente diz respeito a outras questões que foram colocadas em votação no mesmo referendo: a proibição de todos os testes em animais, subsídios financeiros para a mídia e o fim do imposto de selo para capital próprio. Todos os três foram rejeitados.
Durante a campanha, o governo defendeu os subsídios à mídia, que vem perdendo receitas nos últimos anos, a abolição do imposto de selo e o “não” à proibição de todos os testes em animais. A maioria contrariou o governo nos dois primeiros temas e só votou de acordo com a tese governista na questão dos testes em animais.
A campanha contra a proibição da publicidade de cigarros foi ampla. Em várias cidades da Suíça surgiram cartazes com frases como "Hoje tabaco, amanhã salsichas?". Outros diziam que quem queria proibir a publicidade de cigarro hoje, amanhã certamente iria querer proibir anúncios de álcool e açúcar.
Os argumentos não surtiram o efeito esperado. Boa parte da população suspeitou que as megaempresas de tabaco estavam financiando a campanha do “não”.
A maioria que participou da votação entendeu que a saúde é mais importante que os interesses econômicos e que é necessário proteger crianças e adolescentes do tabagismo.
A Suíça estava atrasada em relação a muitos países europeus, que já haviam adotado legislações rígidas sobre a publicidade do cigarro e outros produtos do tabaco.
“O tabaco é o maior fator de risco para o câncer – e evitável. Queremos proteger as crianças e os jovens do tabaco! Restringir a publicidade do tabaco é uma medida apropriada porque, quanto mais crianças e jovens entram em contato com a publicidade do tabaco, maior a probabilidade de começarem a fumar”, publicou em seu site a Liga do Câncer da Suíça, logo após o resultado do referendo.
Sobre os outros três temas, a maioria dos votantes entendeu que o veto a testes em animais traria limitação ao setor de pesquisa e desenvolvimento médico, que os subsídios à mídia beneficiariam somente um pequeno grupo da população e que a abolição do imposto de selo apenas tornaria as pessoas que já são ricas ainda mais ricas.
Cirurgia de Lula retoma discussão dentro do PT sobre candidatura para 2026
Cabeça de Lula e "pancada" do BC põem dólar abaixo de R$ 6 – mas por pouco tempo
Enquete: Lula deveria se licenciar do cargo enquanto se recupera?
Discussão sobre voto impresso ganha força em Comissão da Câmara; assista ao Sem Rodeios
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS