O gaúcho João Augusto Ribeiro Nardes, que adiantou publicamente sua posição contra a aprovação das contas do governo de Dilma Rousseff pelo Tribunal de Contas da União (TCU), começou na política bem cedo. Aos 18 anos (em 1970) se filiou à Arena – Aliança Renovadora Nacional, o partido que deu sustentação à ditadura militar. Três anos depois, ainda na Arena, foi eleito vererador de Santo Ângelo.
A carreira no mesmo grupo político de simpatizantes do regime militar não parou aí. Em 1986, foi eleito deputado estadual pelo PDS, o partido que substituiu a Arena após a reformulação partidária.
A jornada como parlamentar foi longa, até que em 2003 Nardes foi eleito deputado federal pela terceira vez consecutiva, nesta ocasião pelo PP, o partido com maior número de políticos denunciados pela Operação Lava Jato ao Supremo Tribunal Federal (STF), com 32 investigados no total.
O ministro Nardes é formado em administração de empresas pela Fundames (atual Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões), em Santo Ângelo, tem pós-graduação em política do desenvolvimento e cursou mestrado em estudos de desenvolvimento, pelo Institut Université d’Études, em Genebra, na Suíça.
Em 2004, com a aposentadoria do ministro Humberto Souto no TCU, coube à Câmara dos Deputados indicar o substituto à vaga, e Nardes obteve a indicação do PP. O político gaúcho derrotou três concorrentes, entre eles Osmar Serraglio, do PMDB do Paraná. A vitória veio com o apoio do presidente da Casa na época, o deputado Severino Cavalcanti, que renunciou ao mandato para escapar de um processo de cassação por suposto envolvimento em um esquema de pagamento de propina, chamado mensalinho, e nepotismo.
A ficha de Nardes antes de ingressar no TCU tem alguns pontos polêmicos. Ele foi processado por crime eleitoral pelo procurador-geral da República na época, Claudio Fonteles, que o denunciou por ter omitido doação eleitoral. Após acordo, Nardes doou R$ 1 mil ao Programa Fome Zero e ministrou palestras sobre legislação eleitoral.
Em 2014, no cargo de presidente do TCU, Augusto Nardes, articulou no Congresso Nacional a rejeição de um nome a ser indicado pelo Senado Federal para a vaga de um ministro da corte. Ele se posicionou contra a indicação do senador Gim Argello (PTB-DF) para a vaga de Valmir Campelo, ministro prestes a se aposentar. O petebista respondia a seis inquéritos no STF, um deles por suspeita de corrupção ativa e peculato (desvio praticado por servidor público), e foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) por ter criado cargos comissionados artificiais quando era presidente da Câmara Distrital. Nardes declarou na época que não poderia aceitar um condenado como integrante do TCU.
Reportagens dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo revelam que o Ministério Público Federal em Brasília, que comanda a Operação Zelotes, apurou indícios do envolvimento de Nardes no esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Por ser ministro do TCU, Nardes só pode ser investigado e processado com autorização do STF.
Segundo a Folha de S. Paulo, Nardes negou hoje (06/10), por telefone, qualquer envolvimento com o caso investigado.
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