Ela tem os traços físicos da maioria da população do seu país: pele morena e cabelos pretos e lisos. Também fala em tom alto e se apresenta como uma mulher destemida. Delcy Rodríguez, 48 anos, a “tigresa venezuelana”, como é definida nos meios chavistas, ganhou os holofotes de todo o mundo desde que foi eleita presidente da Assembleia Nacional Constituinte e passou a deter, pelo menos teoricamente, todos os poderes na Venezuela – a Constituinte é plenipotenciária, ou seja, tem poderes não só alterar a Constituição, mas também para mudar tudo no país, até destituir o presidente da República.
Delcy Rodríguez cresceu em El Valle, uma região popular de Caracas, e viu seu pai, Jorge Antonio Rodríguez, ser assassinado pelo serviço de inteligência durante o primeiro governo de Carlos Andrés Pérez (1974-1979). Ao lado de seu irmão mais velho, Jorge, sempre foi fiel à ideologia do pai, fundador do Partido Socialista da Venezuela.
A presidente da Constituinte se formou em direito pela Universidade Central da Venezuela, onde foi líder estudantil e depois professora, fez pós-graduação em Estudos de Direito Social na Universidade de Nanterre, em Paris, e mestrado em Política Social pela Universidade de Birkbeck, em Londres. É integrante da Associação Venezuelana de Advogados Trabalhistas.
Desde que o ex-presidente Hugo Chávez chegou ao poder, Delcy ocupou diversos cargos do governo. Foi diretora de Assuntos Internacionais do Ministério de Minas e Energia, vice-ministra de Relações Exteriores para a Europa, coordenadora geral da vice-presidência da República.
Com a eleição de Maduro, logo após a morte de Chávez, ela foi nomeada ministra de Comunicação e Informação para, logo depois, ganhar o cargo de ministra de Relações Exteriores, o mesmo já ocupado por Maduro.
Enérgica, ataca diretamente a oposição e os meios de comunicação internacionais, a quem acusa de fazer uma cobertura parcial do que ocorre no país e patrocinar os protestos e manifestações que se espalharam por todo o país desde 2014.
Aos que a chamam de “esquerda caviar” por morar em Altamira, bairro de classe média alta e ricos de Caracas, e defender os ideais marxistas, Delcy sai em defesa do chavismo. “A Venezuela é um processo único de inclusão social. Rompemos as cadeias de escravidão”, diz.
A presidente da Constituinte não poupa elogios a Maduro, mas também diz o que pensa desde que assumiu o posto. “Nosso presidente demonstrou ser um bom filho ao se subordinar à Assembleia Nacional Constituinte”, disse na presença de Maduro.
Aos que protestam nas ruas, o recado à oposição é duro: “Os delitos de ódio têm de acabar. Nada nem ninguém poderá deter a verdade sobre os crimes de ódio cometidos”. E não deixa de fazer afagos às Forças Armadas: “Vamos consolidar nossa aliança cívico-militar em defesa da Venezuela”.
Para a oposição, Delcy Rodrigues não passa de mais uma candidata ao cargo de ditadora, ao que ela rebate: “Não conhecem a democracia plena”.
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