Em todo o mundo, bilhões de pessoas esperam a chegada da rede 5G e muitas nem tem acesso ao 4G. Embora a maioria dos países em desenvolvimento ainda engatinham rumo à implantação do 5G, EUA, China, Japão, União Europeia e Coreia do Sul já travam outra batalha tecnológica: a da rede 6G de comunicação.
As informações sobre a ‘futurista’ 6G são nebulosas e muito do que se divulga é baseado em teoria, mas os estudos avançam e são guardados em segredo. A previsão de especialistas é que a velocidade do 6G provavelmente fique na faixa de 100 a 500 gigahertz, cerca de 100 vezes (a China fala em 50 vezes) mais rápida do que a rede 5G mais moderna. Com ela seria possível desenvolver tecnologias somente vista até hoje na ficção.
Mesmo com todas as dúvidas, a geopolítica mostra dois fatos: os EUA apostam no 6G para garantir sua liderança tecnológica no mundo – atualmente abalada pelo avanço de outros países –, enquanto que a China tem claro que, caso saia na frente com essa tecnologia do futuro, definitivamente deixará os norte-americanos para trás e passará a liderar o planeta.
Na ‘guerra dos bytes’, a União Europeia, o Japão e a Coreia do Sul não querem ficar na dependência de norte-americanos e chineses. Esses países sabem que o avanço em tecnologia de telecomunicações abrirá as janelas para o desenvolvimento de outros setores.
Em novembro de 2020, a China colocou em órbita o primeiro satélite com tecnologia 6G do mundo. O equipamento foi produzido inteiramente pelo país asiático, segundo divulgaram os cientistas e tecnólogos chineses. O satélite será usado para a construção de cidades inteligentes, prevenção de desastres e proteção do meio ambiente.
A linha de frente da China na corrida da rede 6G é a gigante tecnológica Huawei, empresa que se tornou alvo de disputas com os EUA em todo o mundo pela implantação da tecnologia 5G, incluindo o Brasil. A Huawei montou um centro de pesquisa de 6G em Ottawa, no Canadá.
A gigante chinesa planeja lançar sua rede 6G em 2030, segundo o presidente da empresa, Xu Zhijun. O anúncio foi feito por Zhijun na segunda-feira (12), durante a conferência de analistas globais da Huawei em Shenzhen, província de Guangdong, sul da China.
O executivo da companhia chinesa disse que as redes 6G serão introduzidas no mercado por volta de 2030, e a Huawei lançará um relatório em breve para explicar à indústria sobre o 6G, além de fornecer detalhes da nova tecnologia que está desenvolvendo.
Mas a iniciativa chinesa poderia cair por terra rapidamente com um ‘bombardeio tecnológico’ dos EUA, segundo iniciativas já tomadas pelas autoridades norte-americanas. As primeiras informações sobre projetos de rede 6G dos EUA apareceram em 2019, quando o ex-presidente Donald Trump afirmou pelo Twitter que queria a nova tecnologia "o mais rápido possível".
O governo norte-americano lançou em outubro de 2020 a Aliança para Soluções da Indústria de Telecomunicações (ATIS, na sigla em inglês), com o objetivo de “fazer avançar a liderança norte-americana em tecnologia 6G”. Por meio da ATIS foi criada a Next G Alliance, composta por gigantes do ramo como Apple, AT&T, Qualcomm, Intel, Bell, Cisco, Dell, Google e muitas outras. Juntas, seriam praticamente imbatíveis.
A Next G Alliance retrata a divisão do mundo na batalha tecnológica. Os EUA, Japão, Austrália, Suécia e Reino Unido fecharam as portas de suas redes 5G para a China. No entanto, a Huawei conquistou espaços na Rússia, Filipinas, Tailândia e outros países da África e Oriente Médio.
A União Europeia revelou em dezembro um projeto de rede 6G liderado pela Nokia, que inclui empresas como Ericsson, Siemens e Telefonica, além de universidades e outras instituições de pesquisa.
Batizado de Hexa-X, o programa europeu começou em janeiro de 2021 e tem duração prevista de dois anos e meio. “Os objetivos do projeto incluem a criação de cenários e casos de uso 6G exclusivos, o desenvolvimento de tecnologias 6G fundamentais e a definição de uma nova arquitetura para um tecido inteligente que integra os principais capacitores da tecnologia 6G”, diz a finlandesa Nokia.
O projeto Hexa-X, de acordo com a Nokia, recebeu financiamento da Comissão Europeia no âmbito do programa de pesquisa e inovação Horizon 2020 da União Europeia, “um passo significativo para reunir os principais interessados da indústria na Europa para assumir a liderança no avanço do 6G.”
Assim como a chinesa Huwaei, a Nokia espera que os sistemas 6G sejam lançados comercialmente em 2030, seguindo o ciclo típico de 10 anos entre gerações. “Embora ainda haja muita inovação em 5G com o lançamento de novos padrões, já estamos explorando o 6G em nosso laboratório de pesquisa. Na era 6G, veremos aplicativos que não apenas conectarão humanos com máquinas, mas também conectarão humanos com o mundo digital”, comenta Peter Vetter, Chefe de Pesquisa de Acesso e Dispositivos do Nokia Bell Labs, em artigo publicado no site da companhia.
A Coreia do Sul, embora trabalhe em silêncio, prevê sair na frente de todos os concorrentes. Seu projeto piloto para serviços móveis 6G deve sair em 2026, segundo o governo. A meta é tornar os serviços 6G disponíveis comercialmente no país entre 2028 e 2030, de acordo com um relatório da Business Korea.
O governo sul-coreano selecionou cinco áreas principais para o projeto piloto: conteúdo digital imersivo de saúde, carros autônomos, cidades inteligentes e fábricas inteligentes.
O projeto envolve a Samsung, que lançou recentemente um ‘white paper’ (documento) intitulado “A próxima experiência hiperconectada para todos”, delineando a visão da empresa para o sistema de comunicação 6G. Em maio de 2020, a Samsung Research – centro de P&D avançado da Samsung Electronics – fundou seu Centro de Pesquisa de Comunicações Avançadas com o objetivo de acelerar a pesquisa para 6G.
Outras companhias, como a japonesa Nippon Telegraph and Telephone (NTT), também já anunciaram estudos para lançar a tecnologia 6G comercial até 2030. O governo japonês anunciou planos para montar uma estratégia abrangente em relação às futuras redes de comunicações sem fio 6G.
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