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A queda do número de mortes e de internamentos por Covid-19, registrada no Brasil nos últimos dias, trouxe alívio. Pela primeira vez neste ano, segundo o Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, nenhum Estado registrou aumento nas taxas de contágio ou mortalidade relacionadas ao coronavírus. São os resultados da vacinação em massa, apesar do atraso em relação a outros países que se anteciparam na aquisição de vacina
Em todo o país as prefeituras estão retirando restrições. Regras para funcionamento do comércio começam a ser flexibilizadas, escolas correm para a volta das aulas presenciais, cinemas e teatros reabrem, parques e praias são liberados.
A vida começa a voltar ao normal, o que é esperado por todas as pessoas. Mas o número de óbitos por Covid-19 e novas infecções por coronavírus ainda é muito alto, o que demonstra a necessidade de acelerar ainda mais a vacinação e de não relaxar nas medidas preventivas.
O Brasil já aplicou mais de 110 milhões de doses de imunizantes contra Covid-19. A quantidade pode impressionar, no entanto, o baixo número de pessoas que receberam as duas doses mostra que os riscos ainda são muito altos. Apenas 14% dos brasileiros receberam as duas doses – cerca de 30 milhões de pessoas. Quando a conta se refere à primeira dose, a situação é um pouco melhor: mais de 80 milhões de pessoas, isto é, se aproxima dos 40% da população.
A melhora nos números da vacinação e a consequente queda nos óbitos e internamentos não podem esconder a situação trágica que ainda persiste. Na quinta-feira, por exemplo, foram registradas 1.733 mortes de Covid-19, segundo dados obtidos pelo consórcio de veículos de imprensa. Os novos casos chegaram a 53.824 em 24 horas.
Para efeito de comparação, os Estados Unidos, com uma população maior que a do Brasil, tem registrado média de pouco mais de 200 mortes por dia. O número de novos casos sofreu alta recentemente, mas desde meados de junho tem ficado pouco acima de 10 mil diariamente.
Os resultados da vacinação massiva também ficam claros no Reino Unido, que chegou a picos de mais de mil mortes por dia e hoje reduziu para pouco mais de 20. Mas o Reino Unido também serve de alerta para os cuidados que o Brasil deve ter na reabertura. Mesmo tendo mais de 50% da população vacinada com as duas doses, o número de casos voltou a crescer assustadoramente, alta essa que começa a impactar no número de mortes.
Os indicadores positivos devem ser comemorados – e trazem esperança –, mas as taxas de transmissão elevadas e as novas variantes do vírus – como a Delta, mais transmissível – requerem atenção redobrada.
“Ainda não se pode afirmar que essa tendência é sustentada, isto é, que vai ser mantida ao longo das próximas semanas, ou se estamos vivendo um período de flutuações em torno de um patamar alto de transmissão, que se estabeleceu a partir de março em todo o País”, alertam os pesquisadores da Fiocruz.