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Imagem publicada no Facebook em convocatória do “Rolezinho no Xópim Iguatemi do Lago Norte”.
Pedro Abramovay, professor da FGV Direito Rio e diretor para a América Latina da Open Society Foundations, escreveu hoje na Folha de S. Paulo que a decisão judicial que proíbe os rolezinhos assegura o direito à segregação. “Admitir que só algumas pessoas podem circular por lá (nos shoppings), com policiais e oficiais de Justiça analisando quem pode ou não entrar, oficializa a discriminação”, argumenta.
Como contraponto a Abramovay, o advogado e professor de direito comercial da USP Mauro Rodrigues Penteado diz que os rolezinhos atentam contra o direito privado. “Os shoppings são empreendimentos privados abertos ao público especificamente para compras, lazer, diversão, passeio”, defende.
No jornal O Estado de S. Paulo, o advogado e professor de Direto do Consumidor Renato Porto alerta que um shopping “não vai poder vetar o ir e vir”. “Você não pode fazer triagem na porta com base em critérios ilegítimos como a cara da pessoa”, afirma o professor de Direito Constitucional da Universidade de São Paulo Virgílio Afonso da Silva.
A reação ao texto que publiquei ontem, em que defendo a tese de que os rolezinhos são atos de contestação contra a desigualdade e discriminação no país, também mostra essa divergência. O leitor Marcus Vinicius de Andrade diz que nunca houve tanta oportunidade de emprego e estudo para o jovem. Outro leitor, que se identificou como Maurício, escreveu que os rolezinhos não passam de baderna. André Luís Fernandes Dutra tem uma visão diferente e diz concordar com a análise deste colunista.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pediu atenção especial com os “rolezinhos” e prometeu criar mais espaços públicos aos jovens de São Paulo. Já o governador Geraldo Alckmin evitou analisar as manifestações, mas afirmou que as denúncias de violência policial contra jovens serão apuradas.
Independentemente das análises, a realidade não pode ser negada: os rolezinhos estão se espalhando. Para este final de semana estão marcadas dezenas de manifestações Brasil afora. Se há fatores negativos nesses eventos, como argumentam alguns, as mobilizações dos jovens das periferias estão trazendo ao debate uma série de questões que afetam a sociedade brasileira. Com os rolezinhos ampliou-se a discussão sobre desigualdade e exclusão social, discriminação racial, falta de investimentos em lazer e cultura para as populações de baixa renda, liberdade de expressão, direito de ir e vir, além de trazer à tona o dilema entre espaços públicos e privados.
Os rolezinhos vão muito além dos passeios e protestos dos jovens de famílias de trabalhadores nos paraísos do consumo da classe média.
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