Os efeitos da pandemia na economia atingem grande parte das empresas, mas algumas multinacionais não estão conseguindo manter todas as suas atividades no Brasil neste começo de 2021. A notícia que causou maior impacto nos últimos dias foi o anúncio da Ford de encerramento da produção de veículos no país. Outras empresas estrangeiras, como a varejista Forever 21 e a General Mills, dona da marca Yoki, também anunciaram encolhimento de suas atividades em território brasileiro.
A General Mills informou na segunda-feira (11) que desativará uma fábrica de pipoca de microondas da marca Yoki em Nova Prata, no Rio Grande do Sul. As atividades serão encerradas em maio, e cerca de 300 funcionários serão demitidos.
Em nota, a empresa informou que manterá sua produção de pipoca de microondas na planta de Pouso Alegre (MG). A General Mills afirmou ainda que o fechamento da fábrica de Nova Prata ocorre em razão de uma reestruturação para acelerar o crescimento dos negócios no Brasil e que não se trata de prejuízos contabilizados na unidade fabril.
Na terça-feira (13), o jornal o Estado de S. Paulo publicou que a varejista Forever 21 fechará todas as 11 lojas nos shoppings da Rede Multiplan. Segundo a publicação, o fechamento se dará “após varejista de moda não conseguir chegar a um acordo na renegociação dos contratos de locação”. A empresa não se manifestou sobre a reportagem.
A Forever 21 também opera lojas em outros locais no Brasil, como em shoppings administrados pela BRMAlls, nos centros de compras da Aliansce Sonae e da AD Shoppings.
A rede de lojas de vestuário enfrenta problemas desde antes da pandemia de Covid-19. Em outubro de 2019, a companhia pediu recuperação judicial nos Estados Unidos, país onde está sediada. Com uma dívida estimada entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões, a Forever 21 obteve trégua dos credores para reestruturar seus negócios e, assim, evitar a falência.
O anúncio da Ford de encerramento da produção de veículos no Brasil veio na segunda-feira (11). A empresa fechará suas três fábricas no país: em Camaçari, na Bahia, onde eram produzidos o Ford Ka e o EcoSport; em Taubaté, São Paulo, que fabricava motores e transmissões; e em Horizonte, no Ceará, onde produzia jipes da marca nacional Troller.
Embora as decisões da Ford, Yoki e Forever 21 estejam relacionadas ao momento da crise gerada pela pandemia de coronavírus, nos últimos anos a situação econômica no Brasil provocou a saída ou a redução de atividades de várias empresas estrangeiras.
A Ford já havia encerrado suas operações com caminhões. Outras marcas conhecidas são os laboratórios Roche e Eli Lilly, o aplicativo Glovo e a fabricante de equipamentos de fotografia Nikon. Em março de 2019, o grupo farmacêutico Roche, com sede na Suíça, comunicou que as atividades de sua fábrica localizada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, deverão ser totalmente encerradas entre quatro e cinco anos.
Um levantamento do IBGE divulgado em outubro passado mostra que o Brasil fechou mais empresas do que abriu nos últimos anos. O saldo de empresas entre 2014 e 2018 foi de menos 65,9 mil, segundo o estudo. No total, 382,5 mil estabelecimentos foram fechados no período, o que levou à perda dos postos de ocupação de 2,9 milhões de trabalhadores assalariados.
Esse quadro é reflexo do cenário econômico brasileiro. Em 2019, pela primeira vez, o país desapareceu do Índice Global de Confiança para Investimentos Estrangeiros, publicado pela consultoria americana Kearney. A partir de entrevistas com 500 executivos das maiores multinacionais, o índice mede a perspectiva de investimento nos próximos três anos.
No ranking da Kearney, o Brasil caiu para sexto lugar em 2015, 16º em 2017 e foi para último colocado em 2018, até deixar a lista em 2019. No ano passado, o país retomou um lugar no ranking, ficando em 22º lugar entre 25 países.
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