As principais economias da América Latina – Brasil, México e Argentina – apresentaram posições semelhantes diante do conflito bélico envolvendo Rússia, Ucrânia e a Otan. Os três países condenaram a invasão russa e defenderam a soberania do Estado ucraniano, mas alertaram para as consequências desastrosas que sanções econômicas impostas pelas grandes potências ocidentais podem trazer para a economia global, em especial aos países em desenvolvimento.
Na Reunião Emergencial Especial da Assembleia Geral da ONU, na 2ª feira (28), o embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho ressaltou que não há justificativa para “o uso de força contra a soberania e integridade territorial de qualquer Estado-membro” e pediu “cessar-fogo imediato na Ucrânia”. Por outro lado, Costa Filho criticou “a aplicação de sanções seletivas, principalmente aquelas que podem afetar a economia global, incluindo a área crítica de segurança alimentar”.
Nesta segunda-feira (01), o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, foi mais enfático: “Não iremos aplicar nenhum tipo de sanção econômica porque queremos ter boas relações com todos os países do mundo e queremos estar em condições de conversar com as partes em conflito”, disse Obrador.
O governo argentino fez “firme rechaço ao uso da força armada” e lamentou “a escalada da situação gerada na Ucrânia”, mas não cogita interferir em negócios com a Rússia, país visitado pelo presidente Alberto Fernández poucos dias antes do conflito, assim como fez o presidente Jair Bolsonaro logo em seguida.
Nos três países, parte da opinião pública tem pressionado por posições mais duras dos governos contra a Rússia. Para alguns setores das sociedades brasileira, argentina e mexicana, as posições de Bolsonaro, Fernández e Obrador têm sido ‘frouxas’, mas vários outros setores consideram importante ter cautela e defender seus interesses.
O papel que os países mais influentes da América Latina devem cumprir neste momento é promover o diálogo pela paz e pressionar por uma saída diplomática, com a ONU à frente, ouvindo todos os envolvidos. Não está errado a posição de se alinhar as potências ocidentais no Conselho de Segurança das Nações Unidas quando se trata de buscar uma saída diplomática para o cessar fogo, mas é preciso ser firme no alerta sobre os impactos econômicos e sociais decorrentes de sanções econômicas que venham prejudicar economias que hoje já sofrem com inflação, desemprego e aumento da pobreza de suas populações.
O Brasil já começa a sofrer os impactos das sanções econômicas imposta pelas potências ocidentais à Rússia. A Bielorrússia foi obrigada a suspender a venda de fertilizantes agrícolas aos produtores brasileiros, segundo a Embaixada do país em Brasília. O governo bielorrusso informou que o fornecimento foi interrompido por causa de um bloqueio feito pela Lituânia.
Os fertilizantes à base de potássio fornecidos pela Bielorrússia ocupam 20% do mercado no Brasil, que importa 85% dos fertilizantes utilizados pela agricultura. O maior fornecedor é a Rússia, que responde por 29% do potássio consumido no país. Quando se trata de nitrato de amônio, fertilizante fundamental aos produtores brasileiros, 99% vem da Rússia.
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