No fim de semana, as autoridades de saúde de Serrana, no interior de São Paulo, divulgaram que a cidade de 45 mil habitantes está há 13 dias sem nenhum novo caso de intubação em decorrência da Covid-19. A última pessoa intubada foi em 29 de março, quando o município registrava uma média de 60 atendimentos de pessoas com Covid-19 ou com suspeita da doença. Desde a última sexta-feira (09), esse número caiu para 20. O município também zerou a fila do Cross, sistema que busca vagas para internação de pacientes com Covid-19 em UTI.
Serrana, com 45 mil habitantes, foi escolhida pelo Instituto Butantan para um estudo inédito com a Coronavac – batizado de projeto S. A campanha de vacinação em massa foi encerrada neste domingo (11). Foram imunizados 59,51% de seus habitantes com duas doses.
Os coordenadores da pesquisa e especialistas alertam que os resultados da imunização só poderão ser medidos a partir da segunda semana depois da aplicação da segunda dose, mas os registros feitos nos últimos dias no município trouxeram esperança.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, em meados de março, 69% dos testes para Covid-19 deram positivo. Nos últimos dias são apenas 30%. Há também redução dos casos graves da doença.
Em novos casos, no mês de março foram confirmados 692. Agora em abril, segundo o último boletim epidemiológico do município, divulgado na sexta-feira (09), foram 93. Outro dado animador é a redução diária nos últimos dias: do boletim de quarta-feira para o de sexta-feira, foram registrados apenas 7 casos, ou seja, uma média de menos de 4 casos por dia.
Os primeiros resultados, anunciados ontem, durante o encerramento da vacinação do Projeto S, sustentam o otimismo. Do total de 27.150 voluntários imunizados com as duas doses da Coronavac, um morreu por Covid-19. Não foi divulgado se a pessoa veio a óbito depois de 14 dias de ter recebido a segunda dose – tempo necessário para adquirir imunidade – ou antes desse prazo.
Os números poderiam ser motivo de comemoração, mas os responsáveis pelo estudo alertam de que é cedo para qualquer conclusão. A previsão é que até maio já será possível verificar algum resultado.
“Para que a imunidade esteja completa, é preciso aguardar pelo menos duas semanas depois de receber a segunda dose da vacina. Somente após esse período os resultados preliminares do Projeto S poderão ser observados. A expectativa é que as primeiras conclusões do estudo clínico sejam publicadas em meados de maio”, observa o Butantan.
Serrana teve aumento de mortes por Covid-19 em março, o que provocou a disseminação de notícias falsas nas redes afirmando que, mesmo com a vacinação em massa, a cidade estava tendo uma explosão de mortes. O município registrou no mês de março o maior número de óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia, um total de 19 óbitos, mas os pesquisadores ressaltam que a população ainda não estava imunizada. Agora em abril, duas pessoas morreram na cidade por complicação de Covid-19.
Em meio à onda de ‘fake news’, o Butantan divulgou nota em que classifica de “mentira” as afirmações de as vacinas estavam aumentando o número de mortes. “Qualquer conclusão acerca dos resultados da vacinação é precipitada e inverídica, já que o estudo clínico ainda está em andamento”, pontuou a instituição.
O prefeito de Serrana, Léo Capitelli (MDB), tem comemorado o fato de há dez dias não ter nenhum paciente intubado na cidade, mas demonstra cautela. "Não podemos ainda afirmar que isso tem uma correlação com a vacinação, mas tudo leva a crer que sim, uma vez que 20 dias atrás a gente estava com um caos aqui no sistema de saúde, assim como em todo o país, e nos últimos dez dias a gente teve uma notória diminuição", afirmou em entrevista ao jornal O Globo.
Quem recebeu a vacina por intermédio do estudo será monitorado durante um ano, em um programa de vigilância com auxílio de uma inteligência artificial criada em parceria com o WhatsApp.
Mesmo com a melhora nos índices, os moradores de Serrana ainda precisam usar máscara e praticar o distanciamento social, considerando que há segmentos da população que não fazem parte do Projeto S.
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