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Os alemães irão às urnas neste domingo (26) para escolher um novo governo. Há muitas incertezas sobre os resultados, mas as pesquisas apontam o candidato de Olaf Scholz, do partido Partido Social-Democrata (SPD), à frente dos adversários. Nos países nórdicos, partidos identificados com a social-democracia estão no poder na Suécia, na Dinamarca e na Finlândia, além da vitória na Noruega há duas semanas. Em Portugal, o governo é comandado por António Costa, e, na Espanha, o primeiro é ministro Pedro Sánchez, ambos de partidos de centro-esquerda.
Esse cenário mostra uma janela para a retomada da social-democracia na Europa Ocidental, corrente política que tem como valores básicos a defesa da democracia representativa, da justiça social, das liberdades individuais e da propriedade privada. É no seio da social-democracia que surgiu o termo “Estado de bem-estar social”, visando promover o progresso social e criar redes de segurança aos cidadãos.
Aos sociais-democratas europeus são atribuídos muitos dos avanços e conquistas sociais e econômicas registrados na maioria dos países da região em décadas passadas. Em vez de apostar na revolução do proletariado, como os partidos comunistas, ou concentrar-se nas políticas liberais das legendas de direita, os sociais-democratas buscaram casar o investimento privado com medidas paralelas de fortes investimentos de recursos públicos em benefícios da população, como seguridade social, educação, saúde, moradia e amplo acesso a bens e serviços.
Na última década, no entanto, a democracia-social europeia entrou em colapso. Muitos são os motivos apontados para a crise, especialmente depois da recessão econômica de 2008 e a crise migratória.
Alguns estudos apontam o domínio do neoliberalismo entre os sociais-democratas, o que teria provocado uma crise de identidade política. Há também quem indique a mudança no perfil dos trabalhadores e nas relações de trabalho, com aumento do subemprego, como fator da crise.
Entre outros motivos aventados também está o fato de que a social-democracia se transformou em elite social-política-econômica, deixando em segundo plano as aspirações das parcelas menos favorecidas. Há ainda o fato da restrição de opções aos eleitores, com a centro-direita e a centro-esquerda como únicas alternativas, as quais passaram a apresentar grandes semelhanças em seus programas de governo.
Agora, as possibilidades de nova hegemonia da social-democracia começaram a se solidificar após a crise sanitária decorrente da pandemia de Covid-19. A pauta anti-imigração perdeu força momentaneamente e temas que deram espaço às pautas tradicionais dos partidos de direita mais radical, como cortes de benefícios sociais, ficaram enfraquecidas.
A Alemanha pode significar um passo importante para a consolidação da retomada dos sociais-democratas, mas a conjuntura das eleições deste domingo mostra que não deverá haver grandes mudanças com uma eventual vitória de Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD) e favorito nas pesquisas a substituir Angela Merkel. Ele é o atual ministro da Economia, vice-chanceler e representa exatamente a guinada que aproximou centro-esquerda e centro-direita nos países europeus nas últimas décadas.