Os ministros do STF Kassio Nunes Marques, que devolveu o mandato de deputado estadual a Francischini, e Alexandre de Moraes, que determinou investigação e bloqueio de contas do PCO nas redes sociais.| Foto: Carlos Moura e Nelson Jr./STF
Ouça este conteúdo

As contestações contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) no chamado inquérito das Fake News, até esta quinta-feira (2) estavam concentradas em setores da direita aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL). Manifestações de esquerda se restringiam a defender os ministros do STF nas redes sociais, com raras exceções. Agora, com a determinação do ministro Alexandre de Moraes de incluir nas investigações o Partido da Causa Operária (PCO), ativistas de correntes da esquerda também se lançaram na ofensiva de críticas à Suprema Corte.

CARREGANDO :)

Em seu despacho, Moraes diz que "há relevantes indícios da utilização de dinheiro público por parte do presidente de um partido político (Rui Costa Pimenta) – no caso, o PCO  – para fins meramente ilícitos, quais sejam a disseminação em massa de ataques escancarados e reiterados às instituições democráticas e ao próprio Estado Democrático de Direito, em total desrespeito aos parâmetros constitucionais que protegem a liberdade de expressão".

Post do PCO no Twitter, com ataque ao STF (https://twitter.com/PCO29/status/1532109009360142339).
Publicidade

Além da ação contra o PCO, uma decisão do ministro Kassio Nunes Marques também despertou críticas da esquerda ao STF nas redes sociais. Marques concedeu liminar para que Fernando Francischini (União Brasil) retome seu mandato na Assembleia Legislativa do Paraná. Francischini havia sido cassado em outubro de 2021 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação para espalhar notícia falsa sobre as urnas eletrônicas, durante as eleições de 2018.

As reações às decisões dos ministros Moraes e Nunes Marques desta quinta-feira (2) expõem com mais clareza o nível de polarização na pré-campanha para as eleições de outubro próximo. Pelos comentários colhidos nas redes sociais, verifica-se um clima de ‘torcida de futebol’. Por um lado, direitistas comemorando a devolução do mandato ao deputado Francischini. Por outro lado, militantes de alas de esquerda contestando as decisões dos dois ministros. Não raro também foram manifestações de militantes da direita se solidarizando com o PCO, em uma união de críticas ao STF.

Post de conta bolsonarista no Twitter.

O post da determinação de Moraes publicado na conta do STF no Twitter, sobre o PCO, reunia 1.791 comentários até às 23 horas desta quinta-feira (2). A notícia sobre a decisão de Nunes Marques devolvendo o mandato de Francischini somava mais de 740 opiniões. De um lado, bolsonaristas se dividiram entre elogios a Nunes Marques e críticas a Moraes; de outro, militantes da esquerda atacaram tanto a decisão que beneficiou Francischini quanto a investigação e o bloqueio de contas do PCO nas redes sociais. Muitos militantes bolsonaristas também viram na decisão de Moraes uma forma de "sacrificar o PCO para mostrar imparcialidade".

O presidente Jair Bolsonaro, que tem atacado ações de Moraes no inquérito das fake news, saiu em defesa do ministro Nunes Marques na decisão de restituir o mandato de Francischini. Em sua live semanal, o presidente criticou o TSE e classificou a cassação do deputado estadual de “inacreditável”.

Publicidade
Manifestação de Breno Altman, militante de esquerda e fundador do site Opera Mundi, com críticas ao STF.

O PCO, por seu lado, publicou uma sequência de notas nas redes sociais com ataques ao STF. Outras vozes de esquerda se levantaram contra Moraes e mandaram recado a quem apoia punições a acusados no inquérito das fake news. Breno Altman, jornalista e fundador do site Opera Mundi, classificou a decisão do ministro de “torpe, antidemocrática e inconstitucional” e que “trata-se de um ataque às liberdades, e uma lição aos que bateram palmas quando outras decisões aberrantes do mesmo ministro pareciam atingir apenas ao outro lado”. Lideranças de centro-esquerda, especialmente ligadas ao ex-presidente Lula e da direção do PT, não haviam se manifestado sobre o caso PCO até o fechamento deste texto.