De cada 10 carros vendidos no mundo hoje, 4 são SUVs.| Foto: Reprodução/AIE

Nos últimos 10 anos os veículos utilitários esportivos, os chamados SUVs, viraram uma febre mundial, apesar da estagnação do setor de automóveis. Os consumidores de todo o planeta, tanto de países ricos como em desenvolvimento, estão comprando cada vez SUVs. Dados divulgados pela Agência Internacional de Energia (AIE) mostram que hoje existem mais de 200 milhões de SUVs em todo o mundo, contra cerca de 35 milhões em 2010. Os utilitários esportivos representaram 60% do aumento da frota mundial de carros em uma década e, atualmente, cerca de 40% das vendas anuais de carros são SUVs.

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De acordo com o relatório que será apresentado em 13 de novembro próximo, durante o World Energy Outlook 2019, quase metade de todos os carros vendidos hoje nos Estados Unidos e um terço dos carros vendidos na Europa são SUVs. "Na China, os SUVs são considerados símbolos de riqueza e status. Na Índia, as vendas estão atualmente mais baixas, mas as preferências do consumidor estão mudando à medida que mais e mais pessoas podem comprar SUVs. Da mesma forma, na África, o ritmo acelerado da urbanização e do desenvolvimento econômico significa que a demanda por veículos premium e de luxo é relativamente forte”, diz a AIE.

O impacto dessa ‘onda SUV’ é o aumento das emissões globais de CO2. Os veículos utilitários esportivos foram o segundo maior contribuinte para o aumento das emissões globais de CO2 desde 2010, atrás somente do setor de energia. Os utilitários esportivos emitiram mais CO2 que a indústria pesada (incluindo ferro e aço, cimento, alumínio), os caminhões e a aviação, segundo a AIE.

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Alteração global nas emissões de CO2 entre 2010 a 2018, por setor

(em milhões de toneladas)

  • Energia 1.405
  • SUVs     544
  • Caminhões         311
  • Aviação              233
  • Navegação         80
  • Outros carros    - 75

Fonte: IEA

De acordo com a agência, em média, os utilitários esportivos consomem cerca de um quarto a mais de energia que os carros de tamanho médio. “Como resultado, a economia global de combustível piorou, causada em parte pelo aumento da demanda por SUVs desde o início da década, embora as melhorias de eficiência em carros menores economizassem mais de 2 milhões de barris por dia e os carros elétricos cerca de 100 mil barris por dia”, diz a AIE.

Os SUVs foram responsáveis ​​por todo o crescimento de 3,3 milhões de barris por dia na demanda de petróleo de carros de passageiros entre 2010 e 2018, enquanto o uso de petróleo por outros tipos de carros (excluindo SUVs) diminuiu ligeiramente. Na avaliação da agência, “se o apetite dos consumidores por SUVs continuar a crescer em um ritmo semelhante ao observado na última década, os utilitários esportivos vão adicionar quase 2 milhões de barris por dia na demanda global de petróleo até 2040”.

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Elétricos

A esperança dos defensores de mudanças no padrão de automóveis para reduzir a emissão de poluentes está na expansão dos veículos elétricos. As montadoras planejam mais de 350 modelos elétricos até 2025, principalmente variantes de pequeno a médio porte. “Os planos dos 20 principais fabricantes de automóveis sugerem um aumento de dez vezes nas vendas anuais de carros elétricos, de 2 milhões em 2018 para 20 milhões de veículos por ano até 2030. A partir de uma base baixa, menos de 0,5% do estoque total de carros, esse crescimento em veículos elétricos significa que quase 7% da frota de carros será elétrica até 2030”, estima a AIE.

Enquanto isso, o mercado de carros convencionais tem mostrado sinais de fadiga, com as vendas caindo em 2018 e 2019, devido à desaceleração das economias. As vendas globais de carros de motores de combustão interna (ICE) caíram cerca de 2%, para menos de 87 milhões em 2018, a primeira queda desde a recessão de 2008. Os dados de 2019 apontam para uma continuação dessa tendência, liderada pela China, onde as vendas no primeiro semestre do ano caíram quase 14%, e a Índia, onde declinaram 10%.

O problema, de acordo com a análise que será apresentada World Energy Outlook 2019, é que os carros maiores e mais pesados, como os utilitários esportivos, são mais difíceis de eletrificar. “O crescimento da demanda crescente pode desacelerar o desenvolvimento de frotas limpas e eficientes. O desenvolvimento das vendas de SUVs, devido ao seu papel substancial na demanda de petróleo e nas emissões de CO2, afetaria as perspectivas para os automóveis de passageiros e a evolução da demanda futura de petróleo e das emissões de carbono”, prevê.