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Certas Palavras

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Mundo corporativo

Salto das empresas de tecnologia sinaliza “novo normal” da economia

valor de mercado empresas de tecnologia
(Foto: Ilustração/Célio Martins)

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Nesta semana, a norte-americana Apple ultrapassou a marca histórica de US$ 2 trilhões. O valor de mercado da empresa criada na garagem da casa de Steve Jobs, em 1976 – junto com Steve Wozniak e Ronald Wayne –, mais que dobrou desde 23 de março passado, quando estava cotado em US$ 981,7 bilhões. A dona da marca iPhone vale hoje mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) de 170 países, incluindo o Brasil.

A explosão de crescimento do valor de mercado da Apple representa o que ocorreu com a grande maioria das empresas de tecnologia do mundo após a disseminação da pandemia de coronavírus. A Amazon, de Jeff Bezos, passou de US$ 834,7 bilhões em 12 de março para US$ 1,63 trilhão na quarta-feira (19).  A Microsoft, fundada por Bill Gates, valia US$ 1,03 trilhão em 23 de março e agora chegou a US$ 1,59 trilhão.

Outras gigantes tecnológicas, como Alphabet (Google) e Facebook, também sofreram o mesmo fenômeno. A elas somam-se as empresas de comércio eletrônico – a Alibaba, do chinês Jack Ma, pulou de US$ 473 bilhões em 23 de março para cerca de US$ 700 bilhões agora em agosto. Também entra no time companhias com base em novas tecnologias, como a fabricante de carros elétricos Tesla, do polêmico Elon Musk. A Tesla valia apenas US$ 79 bilhões em 17 de março e hoje se aproxima dos US$ 400 bilhões, variação de mais de 400% em cinco meses.

Para efeito de comparação, a Petrobras, que já foi uma das maiores do mundo, tem valor de mercado hoje em torno de US$ 56 bilhões.

Apple lidera ranking das empresas de tecnologiaEvolução do valor de mercado da Apple. (Foto: Reprodução/YCharts)

Mesmo as companhias tecnológicas de países em desenvolvimento, a exemplo do Brasil, tiveram uma explosão de crescimento do valor de mercado em meio à pandemia. As ações da B2W – controladora da Americanas.com, Submarino e Shoptime – estavam cotadas a R$ 43 em 12 de maço. Em 3 de agosto passado chegaram a R$ 126, praticamente o triplo. Quem comprou ações da B2W a R$ 43 teve um lucro de quase 200%. De pouco mais de US$ 4 bilhões em abril, o valor de mercado da empresa se aproxima de US$ 10 bilhões agora em agosto (mais de R$ 56 bilhões).

O fenômeno aconteceu também com empresas brasileiras do comércio tradicional, em lojas físicas, mas que apostaram em tecnologia para entrar no e-commerce. A Maganize Luiza é um exemplo claro do que ocorreu com esse grupo. No auge do pânico devido ao coronavírus, em 18 de março, as ações da ´Magalu’ atingiram R$ 28,81. Na última quarta-feira (19), bateu nos R$ 90, ou seja, mais de 200% de alta. O valor de mercado da companhia atingiu o recorde de mais de R$ 140 bilhões.

O que ocorreu com a Magazine Luiza desde que a tradicional loja de comércio de móveis e eletrodomésticos mudou para o mundo das vendas online é algo que vem sendo estudado pelo mercado. Há menos de 5 anos, em 7 de dezembro de 2015, uma ação da Magalu valia R$ 0,13 – treze centavos, isso mesmo, em valores corrigidos após o desdobramento das ações feito pela companhia em 2019.

Clube do trilhão

A velocidade com que as companhias de tecnologia estão ganhando valor de mercado nos últimos meses fez surgir várias candidatas ao ‘clube do trilhão’ – reservado às empresas que chegam à marca histórica de US$ 1 trilhão. Hoje são apenas cinco gigantes nesse time. Quatro são de tecnologia (Apple, Amazon, Microsoft, Google) e apenas uma é de outro setor, a petroleira Saudi Aramco.

A gigante da Arábia Saudita foi a primeira empresa do mundo a atingir a marca dos US$ 2 trilhões em valor de mercado, em dezembro de 2019, mas o desempenho do setor de petróleo em meio a pandemia de coronavírus fez com que a companhia perdesse o posto. Enquanto a Apple saltou para os US$ 2 tri, a Saudi Aramco está empacada, ocilando na faixa do US$ 1,7 a US$ 1,9 trilhão.

valor de mercado AlibabaEvolução do valor de mercado da chinesa Alibaba, rumo ao trilhão. (Foto: Reprodução/YCharts)

Os candidatos mais próximos ao clube do trilhão são todos tecnológicos. O primeiro deles é o Facebook, que saltou de um valor de mercado de pouco mais de US$ 400 bilhões em meados de março, no auge da sua queda em 2020, para mais de US$ 760 bilhões nesta agora em agosto.

Em seguida duas chinesas estão na pista de corrida rumo ao seleto clube. A Alibaba, de comércio eletrônico, vem crescendo em ritmo acelerado. A Tencent, maior portal de serviços de internet da China, atingiu pico do valor de mercado de US$ 695 bilhões em 6 de agosto último.

Tecnologia e empregos

Com o crescimento disparado do setor de tecnologia no mundo, as empresas tecnológicas assumiram a dianteira em valor, deixando para trás as petroleiras, fabricantes de automóveis e muitas outras. Quando a comparação é em relação ao número de pessoas que as companhias empregam, muitos dos maiores empregadores ainda são do setor da economia tradicional, mas as empresas da chamada nova economia, que há uma década não apareciam entre os líderes em postos de trabalho, hoje despontam no ranking.

O líder mundial em empregos é o Walmart, com cerca de 2,2 milhões de funcionários. A Amazon reportou em 30 de junho passado que sua força de trabalho global chegou a 877 mil empregados e a Microsoft, cerca de 160 mil.

Outras empresas do setor tecnológico, em que pese serem atualmente as mais valiosas do mundo, não empregam tanto.  A Apple fechou 2019 com pouco mais de 137 mil empregados diretos, segundo dados divulgados pelo portal Statista. Já a Alphabet (Goggle), cerca de 120 mil postos de trabalho.

Empresas tradicionais de outros setores ainda mantêm o grosso da força de trabalho. A alemã Volkswagen, por exemplo, tem quase 700 mil funcionários. O McDonald´s, incluindo as franquias em todo o mundo, emprega cerca de 1,9 milhão de pessoas.

*Não entra companhias do setor estatal, que tem várias empresas entre as que mais empregam no mundo, como a China National Petroleum (1,38 milhão de empregados), os correios da China (935 mil empregados) e os Correios dos EUA (565 mil).

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