Foto do perfil de Tia Eron no Facebook.| Foto:
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Aliada de Eduardo Cunha (PMDB) em pelo menos duas votações na Câmara, mas que votou pela cassação do mandato do presidente da Câmara, Tia Eron (PRB-BA) tem demonstrado contradição em suas posturas na Câmara e ações políticas. Fiel da Igreja Universal de Reino de Deus, a parlamentar defende uma pauta ligada aos direitos das mulheres e da população negra, mas ao mesmo tempo demonstra reação a movimentos de minorias e movimentos sociais.

A congressista foi a mulher mais votada entre os deputados federais eleitos pela Bahia, nas eleições de 2014, após três mandatos consecutivos como vereadora de Salvador. Hoje, seu nome é citado para a prefeitura da capital baiana e também para o governo do estado, dada a sua popularidade.

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Classificada por críticos como uma política de direita, em sua justificativa de votos no processo de Cunha Tia Eron citou ícones da esquerda, como o antropólogo, escritor e político Darci Ribeiro. Criticou colegas de esquerda e de direita e lembrou que foi a favor da abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Tia Eron presidiu a Comissão Permanente dos Direitos de Defesa da Mulher na Câmara Municipal de Salvador e se posicionou contra um projeto de lei municipal de combate à intolerância religiosa, um de seus muitos embates com ativistas do movimento negro.

Entre seus projetos recentes, a deputada destaca em seu perfil no Portal da Câmara dos Deputados um Projeto de Decreto Legislativo para derrubar o Decreto nº 8.727, de 28 de abril de 2016, assinado pela presidente afastada Dilma Rousseff. Pelo decreto presidencial, “os órgãos e as entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, em seus atos e procedimentos, deverão adotar o nome social da pessoa travesti ou transexual, de acordo com seu requerimento”. O decreto também veta o uso de expressões pejorativas e discriminatórias para referir-se a pessoas travestis ou transexuais”.

Outro projeto recente de sua autoria “dá nova redação ao parágrafo 1.º do artigo 144 da Constituição Federal, para atribuir à Polícia Federal a apuração dos crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, definidos na Lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989”.

Justiça

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Tia Eron é ré em uma ação civil pública na 5ª Vara Fazenda Pública de Salvador por suspeita de improbidade administrativa. O Ministério Público da Bahia acusa a parlamentar e outros 30 vereadores de desrespeitar uma decisão judicial ao incluir irregularmente artigos no projeto de lei do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador em outro projeto de lei — a Lei de Ordenamento de Uso do Solo. O processo é de 2012.

“Tia Eron e outros vereadores realizaram uma manobra e desrespeitaram uma ordem judicial que era conhecida publicamente para aprovar um projeto repleto de ilegalidades”, declarou a promotora Rita Tourinho, autora da ação, em reportagem publicada no UOL.

O Ministério Público Eleitoral (MPE) da Bahia reprovou a prestação de contas de campanha para deputada federal de Tia Eron e apontou omissões e irregularidades na comprovação de despesas. O Tribunal Regional Eleitoral reconheceu as irregularidades, porém decidiu aprovar as contas com ressalvas.

Procurada por jornalistas para esclarecer o processo judicial e as ações do MPE sobre a prestação de contas, a assessoria de imprensa da parlamentar respondeu que “a deputada só responderá questionamentos da imprensa após a votação do Conselho de Ética. Até porque todas as perguntas nesse momento estão em torno disso e ela quer evitar qualquer especulação em cima disso, diante de tanta repercussão”.