| Foto: Reprodução/TikTok
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Não é só a gigante chinesa de telecomunicação Huawei que está na mira da artilharia do presidente dos EUA, Donald Trump. O mais recente alvo do líder republicano é o TikTok, um aplicativo de mídia para criar e compartilhar vídeos curtos e que faz sucesso entre os jovens americanos e de vários outros países.

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Neste mês, o assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, disse esperar uma "ação forte" do governo contra o app. O secretário de Estado, Michael Pompeo, afirmou que os americanos não devem baixar o aplicativo, a menos que eles queiram ver suas informações privadas caírem nas mãos do Partido Comunista Chinês.

Além do governo dos EUA, aliados de Trump em outros países também estão reunindo munição para banir o TikTok. A Austrália anunciou que está avaliando a possibilidade de proibir o app e Índia saiu na frente, retirando o aplicativo das lojas virtuais de downloads.

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No começo deste mês, o grupo de hackers Anonymous pediu em sua conta no Twitter para os usuários deletarem o TikTok. “Se você conhece alguém que o utilize, explique que é essencialmente um malware operado pelo governo chinês que está conduzindo uma ação massiva de espionagem", publicou o grupo, famoso por invadir contas de governos, autoridades e pessoas famosas.

O TikTok, de propriedade da empresa chinesa ByteDance, se tornou rapidamente um fenômeno entre os jovens de todo o mundo. O app vem batendo recordes de downloads. Mais de 2 bilhões de pessoas já o baixaram e cerca de 900 milhões são usuários ativos.

A mistura de dança, desenhos e sincronização labial fizeram o TikTok cair no gosto dos jovens. Os usuários podem postar vídeos de até um minuto e criar com um enorme banco de dados de músicas e filtros. Também são oferecidos clips de comédia e citações de filmes para os usuários sincronizarem os lábios.

A plataforma também tem sido usada para divulgação de manifestações nada simpáticas ao governo Trump, como os protestos em apoio à comunidade negra e à luta pela igualdade e justiça racial. Usuários do TikTok se juntaram ao Black Lives Matter com a criação de vídeos sobre os protestos (acima).

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Usuários do TikTok reagem

Muitos jovens estão questionando o fato de o TikTok estar sendo ameaçado de banimento nos EUA e em outros países. Afinal, o app seria apenas uma ferramenta que oferece possibilidades de entretenimento e interação entre as pessoas.

Milhares de jovens foram à Apple App Store recentemente para inundar o aplicativo de campanha à releição do presidente Trump, com críticas negativas. No mês passado, jovens se organizaram através do TikTok para se inscreverem no primeiro comício de Trump, em Tulsa, Oklahoma, mas depois não apareceram, provocando esvaziamento no encontro do republicano.

Muitos usuários do TikTok dizem que se importam menos com possíveis bisbilhoteiros chineses e mais com Trump, que quer impor veto ao direito deles de se divertirem e se interagirem socialmente.

“Espião chinês”

Mas não é bem isso que Trump e aliados veem no aplicativo. Segundo o governo dos EUA, o TikTok é um espião do regime chinês. A finalidade do app, na visão de autoridades norte-americanas, seria enviar dados de usuários a servidores na China, diretamente aos militares chineses, ao Partido Comunista Chinês e às agências oficiais.

Na China, o TikTok chama-se Douyin. Seu fundador, Zhang Yiming, dono da empresa ByteDance, está na lista das dez pessoas mais ricas do país, de acordo com a revista Forbes. Por ironia ou não, sua origem é um aplicativo americano, o Musical.ly, lançado em 2014. Dois anos depois a ByteDance criou o Douyin e, em 2018, comprou o Musical.ly, que se transformou no TikTok.

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Em reação à ameaça de Trump, a empresa controladora do app anunciou na terça-feira (21) que planeja criar 10 mil empregos nos Estados Unidos nos próximos três anos. Hoje o aplicativo emprega cerca de 1,4 mil pessoas no país. "São empregos bem remunerados que nos ajudarão a continuar a construir uma experiência divertida e segura e proteger a privacidade de nossa comunidade", disse um porta-voz do TikTok em comunicado à rede de televisão CNN.

A ByteDance também rebate as acusações de espionagem e diz que não passa de teoria da conspiração. A companhia afirma que armazena seus dados de usuários dos EUA e em backups em Cingapura. A empresa também diz estar considerando uma reestruturação corporativa, incluindo a criação de uma sede para o aplicativo de vídeo fora da China.

TikTok buscou o principal executivo de streaming da Walt Disney, Kevin Mayer, para comandar o aplicativo.| Foto: Reprodução/Disney

CEO americano

Outra mudança estratégica foi a contratação de um CEO americano para comandar o TikTok. O nome escolhido foi nada menos que o principal executivo de streaming da Walt Disney Company, Kevin Mayer.

A intenção do governo dos EUA de banir o TikTok não deverá ser fácil. Uma pesquisa da Morning Consult, divulgada na quinta-feira, sugere que tal proibição pode causar um estrago enorme nas pretenções de Trump de se reeleger. Segundo o levantamento, 33% dos adultos dos EUA dizendo que se opõem à proibição e 29% afirmam que a apoiam.

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Uma saída que está na mesa seria a aquisição do TikTok por grupo de investidores de origem norte-americana. A possibilidade de os investidores fazerem uma oferta pelo app chinês foi tema de reportagem do jornal The Information. Os interessados seriam empresários ligados a fundos como General Atlantic e Sequoia Capital, segundo o jornal.