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O PSDB construiu uma história de sucesso em São Paulo, berço político do partido. Os tucanos venceram sete eleições consecutivas no estado que representa mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Mas os fundadores do “tucanato” já governavam a mais populosa unidade da federação desde o início da República Nova, em 1982, quando Franco Montoro, idealizador do PSDB, foi eleito pelo PMDB. Agora, aliados do governo federal e muitos dos oposicionistas ao presidente Jair Bolsonaro veem a disputa de 2022 como a grande chance de desbancar a legenda do Palácio dos Bandeirantes.
Do lado bolsonarista, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, pré-candidato ao governo paulista, comemorou pelos corredores o resultado da pesquisa do instituto Ipespe, divulgada na sexta-feira (18). De acordo com o levantamento, registrado no TSE sob o número SP-03574/2022, em uma das simulações Tarcísio aparece em segundo lugar, com 25% das intenções de voto. O ex-ministro e ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad (PT), de acordo com a mesma simulação da pesquisa, aparece na liderança, com 38%, enquanto o tucano Rodrigo Garcia, apoiado pelo governador João Doria, pontua 10%.
Tarcísio deve deixar o Ministério da Infraestrutura em abril e se filiar ao PL de Valdemar Costa Neto, de acordo com interlocutores. O PL é o partido pelo qual Bolsonaro disputará a reeleição ao Palácio do Planalto.
Do lado petista, não é só o resultado da pesquisa que trouxe mais otimismo nos últimos dias. Aliados do ex-presidente Lula avaliam que as alianças em negociação são mais importantes, considerando que levantamentos de intenção de voto podem apenas registrar um momento.
A jogada considerada decisiva para Haddad pode estar no acordo com o ex-tucano Geraldo Alckmin (sem partido), que é um dos fundadores do PSDB, e com o ex-governador Márcio França (PSB). Uma composição com França, que insiste na candidatura ao governo paulista, e com Alckmin (cotado para ser candidato a vice na chapa de Lula), abriria a maior oportunidade até então para o PT conquistar o Palácio dos Bandeirantes pela primeira vez.
Veladamente, muitos tucanos históricos, especialmente os que demonstram estar dispostos a acompanhar Alckmin em uma possível aliança com Lula, atribuem o enfraquecimento do PSDB em São Paulo ao governador João Doria.
Classificado por alguns como a face “almofadinha” do PSDB paulista, Doria não era o candidato preferido da ala histórica dos tucanos ao Palácio dos Bandeirantes em 2018. O racha se acentuou com a decisão de Doria de apoiar Bolsonaro na disputa presidencial, na chamada campanha “BolsoDoria”, a qual foi considerada traição por Alckmin, que era o candidato do partido à Presidência da República.
Um eventual fracasso do PSDB em São Paulo nas eleições deste ano colocaria fim a uma hegemonia de 28 anos. Os tucanos históricos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin – todos assinaram a ata de fundação do partido e presidiram a legenda –, governaram o estado por 24 anos. Alckmin foi o recordista, sendo três vezes eleito.
Metodologia da pesquisa Ipespe
O levantamento Ipespe, encomendado pela XP Investimentos, ouviu 1 mil eleitores do estado de São Paulo entre os dias 14 e 16 de fevereiro. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-03574/2022.