O programa Roda Viva, da TV Cultura, vai deixar de usar a música do cantor Chico Buarque na vinheta de abertura.
Apesar de não confirmado pela emissora, o motivo teria sido a entrevista feita com o presidente Michel Temer, há duas semanas, que deixou Chico Buarque em situação “desconfortável” com o uso de sua música.
O cantor demonstrou simpatia ao movimento lançado pelo site “Jornalistas Livres” contra o uso da música no programa da TV Cultura.
À Revista Época, a assessoria de imprensa da emissora informou que o motivo da mudança está relacionado aos 30 anos do programa – e não a uma possível insatisfação de Buarque com a condução do mesmo.
O Roda Viva sem a música de Chico Buarque na abertura denota uma bizarrice. O programa surgiu em 1986, época da abertura democrática, e o nome foi inspirado na canção de Chico.
A música Roda Viva, lançada em 1968 (auge da ditadura militar), foi escrita para a peça de teatro de mesmo nome, também de autoria de Chico Buarque.
O desconforto de Chico com o uso da música dele no talk show da TV Cultura começou há algum tempo. Pessoas próximas do compositor contam que ele se preocupa com o desvirtuamento do programa, que hoje é bem diferente do original.
Tradicionalmente no horário nobre de segunda-feira, o programa Roda Viva marcou época na televisão pública brasileira, com entrevistados históricos, como Luís Carlos Prestes, Fernando Henrique Cardoso, Fidel Castro, Itamar Franco, Roberto Campos, Tom Jobim, Leonel Brizola, Lula, Noam Chomsky e Mario Vargas Llosa.
Também foi marcado por grandes mediadores, como Mario Sergio Conti, Carlos Eduardo Lins da Silva, Heródoto Barbeiro e Matinas Suzuki Jr, entre outros.
Hoje, porém, na avaliação de muitos jornalistas, o programa caiu no conservadorismo reacionário, sob o comando de Augusto Nunes, um dos colunistas com texto mais panfletário do site da revista Veja na atualidade.
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