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O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em entrevista à TV Brasil, na segunda-feira (10), que a "universidade deveria, na verdade, ser para poucos". Ele defendeu que as verdadeiras "vedetes" (protagonistas) do futuro sejam os institutos federais, capazes de formar técnicos. Os números de países desenvolvidos mostram que o ministro está equivocado. O ensino técnico deve sim ser expandido, com urgência, como defendeu Ribeiro, mas essa medida não deve servir de impedimento para a oferta de mais oportunidades e ampliação de vagas a universitários.
Levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela que o Brasil é um dos países com menor taxa de pessoas com ensino superior completo entre 45 nações pesquisadas. Só ganha da Indonésia e da África do Sul, país que vive grave crise econômica e social.
O Brasil também fica atrás de todos os países latino-americanos pesquisados: Argentina, Chile, Costa Rica. Colômbia e México.
Países desenvolvidos, como Canadá, Japão, Suíça, Austrália e Estados Unidos, apresentam taxa de mais de 80% das pessoas na faixa etária entre 25 e 34 anos com ensino de terceiro grau completo.
O estudo define população com ensino superior como a que concluiu o nível de escolaridade mais elevado, o que inclui programas teóricos que levam a pesquisas avançadas ou profissões de alta qualificação.
Embora o número de universitários tenha avançado no Brasil nas últimas décadas, a taxa de matriculados ainda é baixa em comparação com países de economia desenvolvida. No ano 2000, o Brasil tinha pouco mais de 2,6 milhões de estudantes universitários. Em 2020, o número de matriculados nas universidades superou 8,6 milhões, um salto importante, mas ainda insuficiente.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a taxa bruta de matrícula no ensino superior no Brasil é de 50,6%. Essa taxa bruta é a proporção da matrícula total, independentemente da idade, para a população da faixa etária que oficialmente corresponde ao nível de educação mostrado. No ranking mundial, o Brasil se posiciona atualmente em um incômodo 64° lugar. Países como Espanha, Chile, Argentina, EUA, Nova Zelândia, Noruega, Rússia, têm taxas superiores a 80%.