| Foto: Reprodução/Sputinik V/Twitter
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O relatório anual de 2020 do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos traz uma informação que passou despercebida desde quanto foi publicado, em janeiro passado: o governo do ex-presidente Donald Trump atuou para que o Brasil rejeitasse a vacina Sputinik V, da Rússia.

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O documento, de 72 páginas, traz um relato de ações feitas pelos Estados Unidos para impedir o aumento de influência de alguns países na América Latina. Na página 48 do relatório, sob o subtítulo “Combatendo influências malignas nas Américas”, o documento descreve: “O Departamento usou as relações diplomáticas na região das Américas para mitigar os esforços dos Estados, incluindo Cuba, Venezuela e Rússia, que estão trabalhando para aumentar sua influência na região em detrimento da segurança dos Estados Unidos”.

Trecho do relatório do do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.| Foto: Reprodução/do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA
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O relatório prossegue e detalha que “o Departamento coordenou com outras agências governamentais dos Estados Unidos para fortalecer os laços diplomáticos e oferecer assistência técnica e humanitária para dissuadir os países da região de aceitar ajuda desses estados mal-intencionados. Os exemplos incluem o uso do escritório do Adido de Saúde da OGA para persuadir o Brasil a rejeitar a vacina russa Covid-19”.

A relatório anual, que faz um balanço das atividades do Departamento de Saúde e Serviços Humanos em 2020, está disponível no site do governo dos Estados Unidos desde 17 de janeiro.

Com a repercussão provocada pela divulgação do caso, o canal oficial da vacina russa Sputnik V comentou, nesta segunda-feira 15), as ações do governo norte-americano descritas no documento. “Acreditamos que os países devem trabalhar juntos para salvar vidas. Os esforços para minar as vacinas são antiéticos e estão custando vidas”, escreveram os representantes da Sputinik V, na Rússia.

O Ministério da Saúde do Brasil e o Palácio do Planalto não comentaram o relatório, até o início desta segunda-feira (15) pela manhã. A assessoria de Trump e o governo de Joe Biden também não se pronunciaram.

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As decisões do governo de Jair Bolsonaro agora em março, no entanto, demonstram que as ações do governo Trump perderam efeito após a posse de Joe Biden na Presidência dos EUA. Biden anunciou uma série de mudanças nas relações internacionais do país, incluindo o retorno dos EUA a organismos multilaterias os quais Trump havia abandonado.

O governo brasileiro assinou, na última sexta-feira (12), um contrato para compra de 10 milhões de doses da Sputnik V. A vacina ainda não tem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial.

Além do governo federal, no sábado (13), o Consórcio Nordeste, que reúne governadores da região, anunciou um acordo para adquirir o imunizante russo, garantindo a compra de 39,6 milhões de doses da vacina.

Em meados de janeiro, o laboratório brasileiro União Química protocolou na Anvisa pedido para uso emergencial no Brasil de 10 milhões de doses da vacina Sputnik V.

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A União Química também informou que a Sputnik V será produzida no Brasil nas fábricas de Brasília e Guarulhos. O pedido da empresa brasileira foi feito em conjunto com o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF).

Segundo o Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, responsável pelo desenvolvimento da Sputinik V, o imunizante tem 91,6% de eficácia global. Na América Latina vários países compraram a vacina russa, como, por exemplo, Uruguai e Argentina.