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A sociedade de consumo sem limites chegou à loucura. Vende-se e compra-se coisas úteis e porcarias, o bom senso e a insensatez.
Nesses dias de histeria consumista, colocam à venda a consciência, a dignidade e o amor.
Garotas e meninos leiloam a virgindade, jovens vendem sexo nas esquinas, nas redes sociais, nos inferninhos das cidades.
E como tudo no comércio, na outra ponta estão os compradores de mesquinhez. Há quem compre trabalho escravo, casamentos de interesse, sorrisos e prazer sexual.
– Compramos votos a preços superfaturados –, anunciam os corruptores.
– Vendemos diplomas de todas as profissões –, gritam os falsificadores.
Nos fóruns e tribunais comercializam sentenças e o destino de quem está para ser julgado.
Não são poucos os que querem vender o mundo e os que querem adquirir o topo do mundo. Compra-se a felicidade em suaves prestações.
Comercializa-se a honra, a desonra e a miséria. Vende-se órgãos humanos, compram-se bebês no tráfico de gente.
No mercado das baixezas humanas colocam à venda rins, fígado e corações aos que consumiram os sentimentos. Estão à venda, a preços módicos, úteros e barrigas para gerar bebês.
– Temos gabaritos e garantimos vagas em todos os concursos públicos –, prometem.
É possível adquirir um lugar no céu, o perdão e passagens para o paraíso. As tardes de domingo estão em liquidação.
No balcão dos negócios esdrúxulos colocam à venda os sonhos, a esperança e os horizontes.
A vida vale muito pouco, ou nada: um par de tênis, um carro, uma bala perdida. A vida pode ser parcelada no cartão de crédito das vaidades. E a morte com juros e correção monetária.
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