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Nostalgicamente, vamos iniciar nossa experiência gastronômica de hoje relembrando um pouquinho da atuação do Bao nas telinhas de cinema, assim, ficará muito fácil se conectar com ele, com seu carisma e importância aqui na China.
Depois de “contracenar” entre mesas e refeições com personagens nos filmes do Kung Fu Panda, ganhou a relevância de um astro, de um protagonista. Em 2018 com produção da Pixar, Domee Shi, escritora e diretora chinesa, deu vida ao Bao em seu filme de animação digital. E esse pãozinho tão especial, não desapontou, encantou corações. O enredo ludicamente muito bem conduzido pelos fatos familiares, pelo cotidiano, destaca a vida, os desafios e solidão de uma mulher chinesa-canadense, que pela ausência do marido ocupado demais com o trabalho, dá vida e amor a um pãozinho, o cuida como um filho. No Óscar 2019, foi nomeado como Melhor Curta-metragem de Animação. Assistiu? Se ainda não, fica a dica!
Então, prontinho, agora que você foi devidamente apresentado ao nosso astro, vamos levá-lo das telinhas, para as mesas, para as refeições do nosso dia-a-dia.
Fofura, fofinho, fofucho podem ser qualidades carinhosas que encabeçam a lista de predicados deste pãozinho de massa branquinha e receita milenar, também chamado de pãozinho no vapor, ou de baozi (包子). Leve, macio, cozido no vapor em cestos de bambu, exala aos que passam ao lado, um sutil aroma amadeirado. Sua receita amigável permite combinar a massa recheios doces ou salgados, como também o preparo sem recheio. A gosto de quem faz, a gosto de quem come!
Um dos Baos mais vistos pela China, e acredito que o mais conhecido no mundo, são os que o “padeiro”, nomeados de baoists, abre a massa, recheia com carne de porco ou legumes, e com leves beliscões vai moldando, vai fazendo o biquinho que os definem na história, entre deuses e guerreiros, como sendo o formato de uma cabeça. Mas o mesmo padeiro, mesmo primando pelo zelo a história e pela preferência da multidão, não se aquieta, não para, cria e recria novos formatos e recheios constantemente.
Atualmente nas barraquinhas e carrinhos de rua, restaurantes, ou nas vitrines de padarias e hipermercados novas atrações ganham espaço. Recheios como cogumelos, frango, peixes estão conquistando os apreciadores. Recheados de chocolate ou frutas, com coberturas especiais, ou fio de mel entram sorrateiramente no cardápio de sobremesas. Para os apaixonados por comida mexicana, tem alguns que remetem aos tão famosos tacos. E para os que curtem arte à mesa, com ou sem recheio, podemos encontrá-los em formatos delicados, pintados como artes em porcelana, que decoram com cor e perfeição os pratos dos convidados.
Adoro provar um aqui, um ali. Admiro a perfeição, o profissionalismo, a criatividade e a delicadeza de muitos “padeiros” na criação dos Baos artísticos. Amo a leveza e fofura da massa que me conquistaram desde a primeira mordida em um café da manhã em um hotel chinês. Quentinho, com o recheio da carne de porco bem marcante e pimenta no ponto, foi impossível comer um só. Que gula! Que gostoso arriscar!
Então, bóralá sempre incluir na rotina algo novo, algo que desperte novos sentidos, novos sabores, algo que nos faça sentir novas sensações, novos encantos, algo que pode, por que não, ser incluído à nossa vida!