Mudanças são mudanças, sempre mexem e remexem com as nossas vidas, com as nossas rotinas, e acompanhada delas, mesmo parecendo ser a melhor e mais desafiadora oportunidade, vem aquele medinho, aquele frio na espinha, na barriga tão conhecido. Então não seria diferente, por mais que nos nomeássemos desbravadores, em janeiro de 2018, na mala dos sentimentos tinha de tudo, quase não dava para fechar, e sem tempo para pestanejar, hora do embarque. China, lá vamos nós, de “mala e cuia”!
E da listinha, de linhas infinitas, o que mais temer? A língua, a cultura, o vestuário, os olhares, a distância? Que nada! A comida! Para apreciadores da arte de comer, “bons de garfos” de nascença, empreendedora do ramo gastronômico, o que mais tirava o meu sono era a dúvida sobre quais sabores, quais ingredientes e preparos encontraríamos do outro lado do mundo.
Nas cartilhas escolares, nos roteiros de filme, nos canais de história ou até mesmo nos contos da infância, tudo que armazenava na minha biblioteca mental, de sabores a sentidos, remetia ao exótico, se comparado aos padrões ocidentais. Da TV, dos livros, minhas lembranças eram os grilos, escorpiões, baratas, tudo servido em espetinhos... meu cardápio imaginário se reduzia a comidas de rua, a barraquinhas na calçada, a muitos vegetais e muito arroz, e coloca arroz nisso, um cardápio limitado, e simplesmente, parava por aí. Estava perdida, imaginava que seria a primeira vez na vida que a dieta seria factível, sem esforço e sob medida.
Recomendo que leia também Imagine um ingrediente. Pronto, na China virou espetinho! Este texto eu escrevi para o Bom Gourmet logo que chegamos na China em 2018 e inspirou o nome deste blog que estreio aqui na Gazeta do Povo.
Com a chegada, já nos primeiros passos, já nas primeiras descobertas, a caminho de casa, a aposta pela dieta já se via perdida pelos fatos da vida real, pela vida como ela é, pela primeira ida ao hipermercado. Que China é essa que ninguém me apresentou?
Grandes marcas como McDonalds, KFC, Burguer King, Starbucks, Subway, Godiva, Nestlé desfilavam pelas ruas da cidade, pelas praças de alimentação, e até hoje estão entre as queridinhas dos novos consumidores locais, e com elas, bandeiras nacionais de produtos similares, que brigam de igual para igual para conquistar uma fração dos 1,4 bilhão de corações chinesinhos. E se os fastfoods inicialmente acalmaram um pouco meu coração, a paz na alma veio por completo quando entramos no Carrefour, quando visitamos o WaltMart, tudo muito igual, pequenas adaptações é claro, mas uma certeza, esta nova China nunca havia chegado aos meus olhos e ouvidos, havia muito a se aprender, a se desmistificar.
E as surpresas não pararam, e posso afirmar, não param até hoje. O cardápio vasto e fresco de frutas, legumes, especiarias, em contribuição com os ingredientes mundiais, me inspiraram a aprender a cozinhar, a arriscar sabores e “construções” novas, que por vezes saem deliciosas, e outras vezes nem tanto, mas para as a vezes “nem tanto”, não se preocupem, o comer fora tem sabor e sotaque mundial.
Os restaurantes aconchegantes, as feirinhas gastronômicas, os cardápios inovadores, e conservadores ricos em histórias, os ingredientes no ponto, as vezes inusitados, mas ainda assim, acessíveis a todos os paladares nos conquistam desde a chegada, sessaram o medo do novo, melhor, nos despertaram para o novo sem medo. Cardápio local, mediterrâneo, italiano, churrasco a brasileira, chá, café... pode vir que estamos prontos, queremos desbravar, queremos apreciar, aprender e compartilhar todas essas deliciosas experiências.
Neste Blog, quero levar para vocês a China que estamos aprendendo a conhecer. Uma China que inova, que se recria, que acorda sempre com uma novidade, seja no toque mágico da sua comida, seja no atendimento, seja na sua alma empreendedora, na sua forma de viver a gastronomia, gastronomia essa que é muito mais que um cardápio e comida no prato, é amor, é família, é amigo, é encontro em casa, no restaurante, ou no picnic no parque, não é saúde só para o corpo, é rejuvenescimento, é a luz da alma.
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