Muitos de vocês sabem, moramos em Chengdu, sudoeste da China, capital dos pandas gigantes e do Hot Pot, destaque da culinária chinesa na província de Sichuan. Uma cidade cosmopolita, com fortes traços das muitas metrópoles espalhadas pelo mundo. Entretanto, um convite pra lá de especial nos presenteou com a oportunidade de por algumas semanas desbravarmos Qingdao. Cidade de aproximadamente 9 milhões de habitantes localizada na província de Shandong, uma das primeiras regiões civilizadas na China. Litorânea, está na costa oeste do Mar Amarelo, braço da Rota da Seda Marítima do século 21 e da iniciativa Belt and Road, que conecta o Leste da Ásia com a Europa.
E por mais que adoramos novos mundos, novos desafios, um convite como esse gera ansiedade, desperta nossa curiosidade, e também nossos medinhos. Qualquer país de grande território como a China, sabemos, cada região conta com seu próprio sabor, iguarias, dialetos, seus trejeitos e infinitos predicados, que sempre colocam em check o nosso poder de adaptação, de empatia e flexibilidade. Mas, sendo a China um país que inegavelmente nos surpreende positivamente com sua culinária, o que temer? Bóralá! O resto a gente tira de letra!
Então, para começarmos, pense rapidinho qual o cardápio que vem a sua mente quando você se imagina em um quiosque na praia, frente ao mar. Hum!, deixa eu advinhar: frutos do mar e cerveja! Bingo! E posso te garantir que a resposta certa não vem só daí do outro lado do mundo, aqui, ela seria exatamente a mesma. Mas vamos dar uma paradinha para alguns ajustes no cenário: no lugar dos quiosques, guarda sol e cadeiras na praia tão conhecidos dos países ocidentais, encontramos em Qingdao mini barracas de camping, picnics com a família e amigos na areia, cervejas não muito geladas, e carrinhos de ambulantes vendendo em seus pontos fixos, uma grande variedade de espetinhos. Diferente? Pode ser, mas nada que tire o brilho do local, ao contrário, ressalta sua identidade e a identidade do seu povo.
Mas não para por aí! Qingdao conta com sabores, texturas e especiarias muito além dos frutos do mar e da variedade de espetinhos oferecidos na praia. Seus restaurantes regionais e ocidentais impressionam, como suas feirinhas gastronômicas imperdíveis distribuídas pelo centro da cidade e nos pontos turísticos. Uma culinária que supera as expectativas tanto dos turistas mais desbravadores quanto dos mais conservadores. Por exemplo, nunca havia me deparado com estrelas do mar em barraquinhas de rua, nem mesmo macarrões gelatinosos ao molho servidos em conchas, uma delicadeza sem igual, ou ovos fritos que mais sugerem panquecas fofas e deliciosas.
Os mestres da gastronomia descrevem os sabores da culinária da região como tenros, leves, crocantes e salgados. São pratos coloridos, com a presença marcante da cebola, alho, cebolinha e gengibre. Muitos desses pratos são preparados rapidamente na melhor das parcerias entre o óleo, temperos, legumes coloridos, cogumelos, carnes ou pescados, uma grande panela Wok e alta chamas. Pode acreditar, tudo em pleno equilíbrio e harmonia, uma grande alquimia, uma mistura dos deuses!
A carne de porco e vegetais combinados com arroz branco ou macarrão, bem como sopas e caldos, e a uma ampla variedade de pãezinhos, com ou sem recheios, cozidos no vapor, também contribuem para dar cor e vida ao cardápio. O amendoim e a soja têm participação garantida em muitas dessas receitas locais como o coentro, a pimenta-do-reino e anis. Pratos fritos, embora menos comuns, também estão presentes. Um dos mais populares é Youtiao, uma longa tira de massa frita que pode ser saboreada no café da manhã, um prato que me faz lembrar os tão deliciosos churros, mas deste outro ladinho do mundo, sem recheio, só massinha, mas ainda assim, uma delícia!
Das feirinhas gastronômica, a mais famosa de Qingdao é a Pichai Yuan, na área chamada cidade velha, reconhecida pelos influenciadores como sendo a que oferece a maior variedade de comida tradicional e moderna da cidade. Mas ainda assim, não vou desprestigiar as outras menos famosas, todas me surpreenderam. Uma combinação de beleza, inspiração, criatividade e leveza à sua disposição, ao seu toque, em barraquinhas, umas do lado das outras, disputando a sua atenção. E entre os frutos do mar, caranguejos, ouriços, estrelas do mar, carnes, batatas, macarrões, tofu, sozinhos ou acompanhados, em caldos, fritos ou em espetinhos, temos sim as sobremesas. Bolos cremosos no espetinho, gelatinas coloridas com caldo ou sem caldo, frutas cristalizadas, sorvetes, adoçam o final do passeio, brilham de igual para igual no cardápio.
E quando chego ao fim destes passeios regados a boa comida, a pratos exóticos, a sabores tão iguais e com apresentações tão diferentes, sinto que termino diferente de como comecei. Sinto que entendo melhor a cultura, a história, a língua desse povo. Sinto que a comida fala, se expressa, muito melhor que muitos seres humanos. Ela me impulsiona a quebrar barreiras, preconceitos, medos, ela me encoraja a desbravar o novo, o desconhecido, me presenteia com novos sabores, novas experiências, que sem motivo evidente até aquele momento desviava, por vezes negava, sem nem mesmo saber por quê. Talvez pelo simples medo do novo, sei lá.
Então, continue do nosso ladinho, vamos de passinho a passinho apresentar as descobertas, os encantos, as nossas vivências, vamos compartilhar com você um novo, um pouco diferente, que se olhado por vários ângulos até parece igual.
Inelegibilidade de Caiado embaralha ainda mais a disputa pela presidência em 2026
Oposição e juristas questionam prisão de Braga Netto sem indícios atuais de obstrução
Lula diz que Braga Netto tem direito à presunção de inocência que ele não teve
Como fica a última praia deserta de Balneário Camboriú após leilão da Caixa
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS