Feito pelas minhas mãos e pela dela que com carinho e muita empatia se manteve do meu ladinho| Foto: Foto: Valéria Vicenti
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Cada um constrói sua própria cartilha, seus próprios antídotos para reduzir os medos, as dúvidas, os perrengues quando se mora distante de tudo que se acredita conhecer. Longe dos hábitos, cultura, história, sabores, traços, língua, família e amigos a nossa cartilha prima por 2 páginas, 2 frases que resistem e insistem, que se tornaram um mantra. A primeira: “é o que se tem pra hoje, então viva não sobreviva!”

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Frase que nos impulsiona deste outro lado do mundo a avançar continuamente a procura do novo, do interessante, do curioso, do intrigante, do possível e muitas vezes até do impossível. Impulsiona nos a pesquisar, a aprender, a nos integrar, a compreender, não necessariamente aceitar mas respeitar. Frase que nos impulsiona a explorar olhares novos mesmo pelas calçadas e destinos conhecidas do dia-a-dia.

Aulas de Pães com a comunidade local da cidade de Qingdao

E nessa sintonia amamos aceitar os convites da comunidade local para os eventos e cerimônias do distrito, da cidade. Para juntos realizamos atividades do cotidiano que pra nós se torna uma aula sobre sorrisos, encontros e contos. Encontros com muitos porques e por quês?, não só nossos mas deles também. A curiosidade sobre os mundos tão diferentes sempre será recíproca. Uma troca que para nós se traduz em aprendizado.

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Não cozinho bem, não administro muito bem os ingredientes, o tempo, toda essa alquimia a qual sou apaixonada, mas adoro comida boa. Adoro prosear na cozinha. Então como não aceitar um convite para participar de um curso de pães com a comunidade?

Eventos com a comunidade contam com um ritual, sim vou chamar assim. Primeiro os presentes, independente da idade, pela ainda pouquíssima presença de expatriados na cidade, olham desconfiados, curiosos, se comunicam baixinho entre eles olhando pra nós com um sorriso tímido. Aí aos pouquinhos, sai um cumprimento, uma aproximação, uma troca de primeiras palavras, matam a primeira curiosidade: “qual seu país de origem?, de onde você veio?”. E pode acreditar quando respondemos a pergunta, um sorriso se abre como um grande portal! Pronto, a partir daquele momento a gente sabe, carinhosamente, vão nos presentear com o melhor dos sentimentos, vão fazer o possível para nos sentirmos em casa.

E a partir daí tudo fica ainda mais fácil, mais leve, ainda mais engraçado e acolhedor.

Mesmo a gente explicando que não falamos mandarim, as pessoas atenciosas continuam nos explicando o que acreditam ser muito importante. Se unem as nossos sorrisos quando nos vemos perdidos e atrapalhados com as diferenças. Nos apresentam sabores conhecidos e outros inimagináveis que a gente agradece, mas não repete, mas como disse, agradece. Nos apoiam na falta de habilidade. Desejam no decorrer dos eventos fazer parte dos nossos registros, dos nosso clicks e claro, somos convidados a fazer parte dos registros delas também. E nesse momento a gente se sente sim, lisonjeadíssimos.  Como no silêncio de muitos, que mesmo sem se expressar, à distância, sorri, acolhe com os olhos, se apresenta como amigo.

Muitos vezes esse cenário, essas pessoas,  mesmo sem saber me ensinaram, materializaram o que acredito ser empatia, me fazem me sentir em casa nem mesmo entendo a minha origem. E por isso, que a gente acredita também na segunda frase da nossa cartilha, nosso segunda mantra: nunca será  sobre o país que se está mas sim sobre o ser humano que se aproxima, que te recebe.

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Assim, não saímos unicamente pra aprender fazer pão, pra participar de eventos e celebrações da comunidade local. A gente sai, a gente aceita o convite pra aprimorar nossas versões, pra aprender e pra ensinar, pra ter a oportunidade de voltar melhor pra casa pelos desafios, adversidades, pelos perrengues, pelo diferente que impulsiona a gente a pensar. Para fazer sim o melhor ao lado de quem nos der a oportunidade de um sorriso e uma boa prosa. Pela oportunidade de uma nova amizade!

E é claro que com todos esses predicados e premissas, ao lado dessa galerinha generosa aprendemos a fazer a receita de hoje. E ficou uma delícia! Um receita que remete a massa dos nossos pães caseiros, aquele quentinho que a gente adora quando quente deslizar a manteiga. Nessa receita, um toque local, recheio de feijão levemente adocicado e macio que dá um toque todo especial a textura da massa a cada bocado. Uma boa experiência! E por isso compartilho com você uma receita com ingredientes do nosso cotidiano, muito próxima da chinesa de hoje:

Ingredientes: 50 gramas de fermento biológico fresco, 2 xícaras e meia de água morna, 2 colheres de sopa de açúcar, 1 xícara de óleo, 1 colher de chá de sal, 1 ovo, 1 quilo de farinha de trigo.

Modo de Preparo: Em um recipiente, coloque 50 gramas de fermento biológico fresco e 2 xícaras e meia xícara de água morna. Misture para dissolver e reserve. No liquidificador, coloque 2 colheres de sopa de açúcar, 1 xícara de óleo, 1 colher de chá de sal, 1 ovo e a água com fermento reservada. Bata por 2 minutos.Transfira a mistura para uma tigela e adicione 1 quilo de farinha de trigo, aos poucos, e misture até o ponto de desgrudar das mãos. Cubra com um pano e deixe descansar por 1 hora. Polvilhe uma bancada com farinha de trigo e abra a massa. Enrole, corte em porções pequenas e modele o pão recheando-o com feijão doce. Coloque em uma assadeira. Leve para assar em forno preaquecido a 200 graus Celsius por 30 minutos.

Feitos por mim!

Prontinho! Espero que tenha curtido, espero te ver daqui a pouquinho no próximo bate papo.

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