1,2,3 fechem os olhos e se imaginem no meio da imensidão de ovos nos corredores dos shoppings e hipermercados no período de Páscoa. Pronto! Você já entrou no clima do nosso próximo feriadão prolongado aqui na China, o Festival do Barco do Dragão (Duanwu)!
O feriado celebrado no 5º dia do 5º mês do calendário lunar chinês, neste ano, 14 de junho, é protagonizado não só pelos barcos decorados que cortam rios nas competições entre equipes, mas também pela comida.
Zòngzi (粽子), tradicional bolinho de arroz triangular enrolada em folha e amarrado com barbante, traduzido por alguns como pamonha, toma conta das vitrines e prateleiras de todo o comércio, é o presente do momento. E como os ovos de Páscoa, tem para todos os tipos de bolso e gostos, marcas e quantidade: tem em lindas caixas para presente, tem com recheios diversos, feitos na hora que remetem ao preparo dos avós, mas também tem os de marca famosa, com recheios inusitados. Muito caro! Tem baratinhos, não menos gostosos. Com um pouco mais de habilidade, tem aqueles que preferem preparar o seu, com todo carinho do mundo para serem presentes ou servidos no dia do feriado no encontro da família e amigos.
A pamonha chinesa, prefiro esse nome ao bolinho, em seu preparo, segue as tendências e preferências regionais. No norte da China são mais compridos e a maioria doce com o recheio de pasta de feijão açucarada ou jujuba. No entanto, no sul, há mais salgados recheados com carne, gema do ovo, presunto ou castanha e etc.
Em Chengdu, mesmo a pimenta sendo o marco da gastronomia local, os bolinhos que provei contavam com tempero suave, a meu gosto, pitadas mais generosas de sal e temperos variados os deixariam mais gostosos, com mais identidade. A receita milenar garante, independente da região, a mesma textura que temos na pamonha, cozida em vapor. Uma pamonha que nas bocadas nos surpreendem com a sua textura firme que se harmoniza perfeitamente com os recheios, em sua maioria, devido ao vapor, muito macios. Uma experiência no mínimo inusitada.
O Festival é uma celebração que acontece há mais de 2 mil anos na China em memória do oficial e poeta chinês Qu Yuan. Uma das três datas comemorativas mais importantes do calendário chinês. A festividade foi a primeira a ser incluída na lista de Patrimônio Cultural Intangível da Unesco. Em memória do poeta, todos os anos, no dia de sua morte, as pessoas batem tambores e remam barcos no rio, como fizeram os moradores locais para manter os peixes e espíritos do mau longe de seu corpo. Além disso, jogam bolinhos de arroz na água, reproduzindo a cena do passado para que os peixes não comessem o corpo de Qu. A celebração do festival também é um momento em que os chineses dispersam os espíritos ruins.
Então... Bóralá sempre conciliar história, cultura e lazer, porque por aqui, sempre tem um porque, pode acreditar!
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