O primeiro ano do governo Lula é aquele em que mais feminicídios foram registrados no Brasil desde que o crime foi tipificado. Fosse qualquer outro presidente, seria um escândalo absoluto. O silêncio sepulcral de organizações feministas e entidades de defesa da mulher é eloquente.
Pior é que o presidente não fala nisso. A primeira-dama, que adora fazer discurso feminista, estava num samba em um restaurante de Brasília com mulheres poderosas e cantoras famosas. Nem um pio sobre uma chaga brasileira.
A militância faz um cavalo de batalha por causa de um fiu-fiu na rua ou uma cantada. Mas fica caladinha diante de assassinatos para não desmontar a narrativa.
A igualdade de direitos entre homens e mulheres é uma ideia recente na história da humanidade. Basta piscar para ver tudo regredir. Na região do Oriente Médio, por exemplo, Irã e Afeganistão são exemplos clássicos. Há 50 anos, a vida das mulheres lá era muito parecida com a vida aqui. Agora, elas podem ser assassinadas legalmente por não usar a roupa que o regime fundamentalista exige.
A defesa da mulher é algo que devemos cobrar de qualquer governo. Mas a esquerda é quem levanta a bandeira de defesa da mulher e acusa a direita de não fazer. Pouco importa que hoje a direita eleja mais mulheres que a esquerda, o discurso continua o mesmo.
É assustador que um governo de esquerda, lotado de lacração, seja tão leniente com mortes de mulheres brasileiras. A militância faz um cavalo de batalha por causa de um fiu-fiu na rua ou uma cantada. Mas fica caladinha diante de assassinatos para não desmontar a narrativa.
Mais vergonhosa ainda é a postura diante das 19 mulheres israelenses que permanecem sequestradas pelo Hamas. Há um clamor do mundo livre para que sejam imediatamente libertadas. Infelizmente, o governo brasileiro age como se isso não existisse. Foi ainda pior nesta semana da mulher, em que a ONU divulgou um relatório detalhado e inédito sobre o uso da violência sexual como arma de guerra pelo Hamas. Esta é uma causa mundial de defesa das mulheres, evitar que a violência sexual seja admitida como arma de guerra.
Depois das últimas pesquisas e do fiasco do governo em diversas pautas feministas, a direita tem diante de si um campo fértil para atuação.
O documento de Pramila Patten, representante especial para Violência Sexual em Conflitos da ONU, é aterrador. Ele descreve um cenário em que a violência sexual era regra, mulheres civis sofrem torturas sexuais e até cadáveres são violados. Afirmou que a situação persiste com as mulheres sequestradas pelo Hamas.
Qual foi a reação do presidente do Brasil no mesmo dia? Posou com uma bandeira da Palestina e voltou a fazer afirmações na mesma linha ideológica que tem dominado suas declarações. Um silêncio eloquente sobre mulheres e uso de violência sexual como arma de guerra.
É um governo que subiu a rampa montando uma imagem lacradora de diversidade, mas entrega algo completamente diferente. Lula foi o primeiro presidente a diminuir o número de mulheres no STF. Trocou ministras mulheres por homens e presidentes de bancos públicos mulheres por homens.
Ontem o ministro Paulo Pimenta resolveu anunciar que a TV estatal, EBC, vai transmitir o campeonato brasileiro de futebol feminino. Parece piada. Três pesquisas de opinião mostraram queda na popularidade do presidente Lula, que chega ao pior nível de seu mandato. A perda entre o público feminino foi significativa.
A direita brasileira está diante de uma oportunidade de ouro para atrair o apoio das mulheres. Resta saber se vai aproveitar ou desperdiçar. Existe na direita um movimento que classifica qualquer reclamação de mulher como mimimi. Também há uma permissividade preocupante com indivíduos de baixo nível, que não respeitam mulheres. Eles passam anos perseguindo, falando pornografia, botando apelido, comentando sobre o corpo e os conservadores fingem não ver, jogam seus princípios e moral no lixo.
O terceiro obstáculo é o grupo que não quer atrair mulheres e nem sabe direito o que é política, opera no desequilíbrio emocional delirante. Se qualquer mulher reclama de Lula, eles atacam a mulher em vez de apoiar. Embarcam num delírio de que ela apoiou Lula ou que não apoiou Bolsonaro o suficiente. Deliram algo sobre o passado dela, que julgam conhecer porque ouviram de algum fofoqueiro ou marginal na internet. E então fazem a burrada de bater em quem critica Lula, em vez de ampliar as críticas.
Depois das últimas pesquisas e do fiasco do governo em diversas pautas feministas, a direita tem diante de si um campo fértil para atuação. Já conseguiu executar a tarefa com grupos de trabalhadores, como aqueles de aplicativo. Também conquistaram grande parte da população de baixa renda que votava na esquerda. Com as mulheres, a direita será inteligente ou repetirá o comportamento de Lula? Só o tempo dirá.
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