Nos últimos dias, o professor Antony Bradley tem alertado sobre os perigos dos aplicativos de namoro para a formação de relacionamentos e famílias. É algo que se combina com a diminuição na formação educacional de homens, a mudança da dinâmica do encontro e a participação dos algoritmos.
Por meio de sua conta no X, ele afirmou: "Desencorajar jovens homens de ir para a faculdade, o que normalmente fariam, é uma ideia terrível. Nos aplicativos de namoro, apenas 20% de perfis mais populares recebem atenção das mulheres. Então, não fiquem ressentidos com homens na casa dos 20 anos que não estão na escola, nem namorando. As mulheres não os querem, então eles jogam videogames". Bradley é pesquisador do Acton Institute e professor de Estudos Interdisciplinares e Teologia no Kuyper College. Ele também é ex-químico e autor do livro How to Fail at Almost Everything and Still Win Big.
Precisamos refletir sobre o papel que a tecnologia deve ter em nossas vidas e como podemos moldá-la para promover relacionamentos mais saudáveis e significativos
Scott Galloway, professor de marketing da NYU Stern School of Business, analisou extensivamente os efeitos dos aplicativos de namoro. Em seu artigo A Fewer Good Men, ele destaca como esses aplicativos criam uma dinâmica problemática para os homens, onde apenas uma pequena porcentagem recebe atenção, enquanto a maioria é ignorada. Galloway explica que, em aplicativos como o Hinge, os 10% de perfis mais populares recebem quase 60% dos "likes", e no Tinder, os 80% menos populares competem por apenas 22% das mulheres. Esse cenário cria um ambiente de extrema desigualdade.
Os aplicativos de namoro variam amplamente em seu propósito e uso. Existem aqueles que são frívolos e superficiais, dedicados a relacionamentos puramente sexuais ou até a infidelidade, como Ashley Madison. Em contraste, há aplicativos voltados para quem busca relacionamentos sólidos, incluindo plataformas exclusivas para cristãos. Todos são afetados pela dinâmica que descrevem os professores.
Jonathan Haidt, psicólogo social também da NYU Stern School of Business, compartilha preocupações semelhantes. Ele afirmou em entrevista ao Wall Street Journal: "Os aplicativos de namoro criam uma dinâmica terrível para os homens, onde uma pequena quantidade de homens recebe todas as atenções, tornando-se arrogantes e desrespeitosos. Isso gera uma percepção negativa das mulheres em relação aos homens, e vice-versa. A maioria dos homens não recebe nenhum interesse e sente que as mulheres são superficiais".
Essas análises levantam preocupações sobre como os aplicativos de namoro estão influenciando negativamente as relações interpessoais e a formação de famílias. Em vez de facilitar encontros e relacionamentos saudáveis, esses aplicativos parecem estar promovendo a desconexão e a frustração entre os sexos.
Galloway detalha em seu estudo que a diminuição no número de homens frequentando a faculdade também contribui para essa problemática. Os homens com educação superior tendem a ter melhores oportunidades de emprego e são mais atraentes como parceiros. No entanto, a falta de homens qualificados reduz as opções para as mulheres, exacerbando ainda mais a dinâmica desigual nos aplicativos de namoro. Isso não só prejudica a formação de relacionamentos saudáveis, mas também afeta negativamente a economia e a sociedade em geral.
Além disso, Galloway aponta que a falta de relacionamentos estáveis e a diminuição das taxas de natalidade são problemas graves decorrentes dessa dinâmica. Ele cita o exemplo do Japão, onde as baixas taxas de natalidade estão impactando a economia. A diminuição do número de casamentos e nascimentos pode levar a uma sociedade mais isolada e menos conectada.
A natureza superficial dos aplicativos de namoro, onde as decisões são muitas vezes baseadas em fotos e breves descrições, dificulta a construção de relacionamentos sólidos e profundos
Bradley e Haidt também comentam o estudo profundo feito por Galloway, ressaltando que os aplicativos de namoro não mudam a natureza humana, mas amplificam seus efeitos negativos. Eles concordam que a superficialidade dos critérios de escolha nos aplicativos, como aparência e status econômico, reforça valores superficiais e dificulta a formação de conexões profundas.
Os aplicativos de namoro foram desenvolvidos para facilitar o encontro de pessoas, mas os efeitos colaterais são evidentes. Anthony Bradley e outros especialistas destacam que esses aplicativos têm um impacto desproporcional sobre a autoestima e o comportamento dos jovens, especialmente dos homens que não se destacam em aparência ou status social. Isso leva muitos a se retirarem das interações sociais tradicionais e buscar refúgio em atividades como videogames. Ali, passam a interagir com um ecossistema feito de outros homens jovens na mesma condição.
Além disso, a natureza superficial dos aplicativos de namoro, onde as decisões são muitas vezes baseadas em fotos e breves descrições, dificulta a construção de relacionamentos sólidos e profundos. Como Haidt coloca, "Isso está afastando os sexos, tornando mais difícil namorar, cortejar, se apaixonar, casar e ter filhos". A questão que se coloca é: o que a sociedade está disposta a fazer para melhorar a vida das futuras gerações? Precisamos refletir sobre o papel que a tecnologia deve ter em nossas vidas e como podemos moldá-la para promover relacionamentos mais saudáveis e significativos.
Os aplicativos de namoro não foram feitos para prejudicar o namoro, mas para facilitar. No entanto, os efeitos colaterais são inegáveis. Cabe a nós, como sociedade, encontrar maneiras de mitigar esses impactos negativos e promover um ambiente onde os jovens possam construir relacionamentos saudáveis e duradouros. Isso pode envolver a educação sobre o uso responsável da tecnologia, a promoção de valores que incentivem a empatia e a conexão genuína, e a criação de espaços onde as pessoas possam se encontrar e interagir de maneira mais autêntica.
Em última análise, devemos questionar se os benefícios dos aplicativos de namoro superam seus custos sociais. Se quisermos preservar a integridade das relações humanas e a formação de famílias, precisamos estar dispostos a fazer ajustes e buscar soluções que realmente beneficiem as futuras gerações.
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