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“Gabinete da Ousadia” será investigado por fake news ou não?

Deputado petista Jilmar Tatto admitiu que influenciadores são convidados para alinhar a comunicação e os ataques a críticos do governo. (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

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Esta semana, um dos divulgadores científicos mais famosos do país, Sérgio Sacani, foi atacado por uma horda esquerdista e taxado de fascista. O motivo? Criticou uma fala estapafúrdia de Lula sobre pesquisa espacial, que relacionava empreendimentos privados à vontade dos bilionários de morar fora da Terra e ficar longe dos trabalhadores. Não é o único caso. A conduta parece organizada. Alguém critica o presidente e, de repente, diversos influenciadores voltam suas baterias contra a pessoa. De acordo com uma reportagem do Estadão, existe uma coordenação chamada de "Gabinete da Ousadia" que atua nesses ataques.

A matéria do Estadão revelou que integrantes da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República fazem reuniões diárias com equipes do PT para definir assuntos e abordagens que os canais e perfis petistas devem usar para tentar "pautar as redes que o partido alcança". Influenciadores governistas são convocados eventualmente para briefings sobre os temas que interessam ao governo. [

A estratégia conta com a participação do time de redes sociais do partido, conhecido durante a campanha eleitoral de 2022 como "Gabinete da Ousadia", tenta replicar o alcance de Jair Bolsonaro nas redes. Não há semelhança, no entanto entre os dois gabinetes, são diferentes na forma como operam e nos objetivos que buscam alcançar.

De acordo com a reportagem do Estadão, o secretário nacional de comunicação do PT, deputado Jilmar Tatto, admitiu que influenciadores são convidados "quando tem necessidade" para alinhar a comunicação e os ataques a críticos do governo.

A verdadeira força de uma democracia está na capacidade de garantir que todas as vozes possam ser ouvidas, sem medo de retaliações

Ainda segundo o Estadão, durante a tragédia no Rio Grande do Sul, o "Gabinete da Ousadia" trabalhou para rebater o que classificavam como fake news – incluindo críticas políticas e reportagens da imprensa profissional – e para massificar as ações de Lula em favor dos gaúchos. O governador Eduardo Leite (PSDB-RS) também foi alvo de ataques coordenados por perfis governistas, além da família Bolsonaro.

Essa coordenação levanta questões sobre os limites éticos e morais dessas operações, que não são exclusividade de um único partido, mas uma prática generalizada na política de hoje, tanto no Brasil quanto no exterior. Alguns participantes desse gabinete confessaram na internet investir em fake news contra os bolsonaristas. Isso evidencia a necessidade urgente de uma investigação clara e aberta sobre essas práticas.

Os dois lados possuem estratégias digitais distintas. O gabinete formado pelo PT tem uma configuração que parte do institucional para tentar ganhar o popular, recrutando jornalistas e militantes alinhados ao partido para agirem em ambientes virtuais. Já no caso do bolsonarismo, o movimento é oposto: começa no popular e espontâneo, em pessoas que acreditam na causa, e depois essas pessoas são absorvidas pelos gabinetes.

As consequências para os alvos desses sistemas são distintas. Quem é alvo do sistema petista pode enfrentar problemas com emprego, ser vetado em mídias ou perder patrocínios. Já os alvos do sistema bolsonarista enfrentam ameaças mais diretas e pessoais, como perseguições e intimidações na vida cotidiana e familiar.

A questão que surge é: por que não há uma investigação clara e aberta sobre essas práticas na era petista? O "Gabinete da Ousadia" será realmente investigado por disseminação de fake news, ou a prática será normalizada como uma estratégia política aceitável? A sociedade precisa exigir transparência e responsabilidade de todos os partidos e seus respectivos gabinetes digitais.

O caso de Sérgio Sacani e tantos outros mostram a face perversa dessa nova realidade digital. O controle da narrativa e o ataque coordenado a críticos são práticas que ameaçam a liberdade de expressão e a integridade do debate público. A verdade é que, sem uma resposta efetiva e imparcial das autoridades, esses gabinetes continuarão a operar sem restrições, minando a confiança pública e polarizando ainda mais a sociedade brasileira.

Nosso comportamento na internet é um reflexo da nossa sociedade e dos valores que escolhemos defender. Precisamos de um debate mais honesto e transparente sobre o uso da tecnologia na política, visando um ambiente digital mais saudável e democrático. Afinal, a verdadeira força de uma democracia está na capacidade de garantir que todas as vozes possam ser ouvidas, sem medo de retaliações ou campanhas de difamação.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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