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Talvez você não tenha acompanhado, mas a hashtag “boycott target” ficou entre os trending topics do Twitter mundial durante todo o dia de ontem. É uma história que começou a evoluir durante a semana e mostra como grandes empresas ficam de joelhos diante da seita da lacração.
Uma das maiores varejistas dos EUA, a Target, lança anualmente uma linha dedicada ao que chama de diversidade. São produtos com símbolos da causa LGBT. Aqui cabe pontuar algo importante: não é uma linha voltada à população LGBT ou pela causa LGBT, são os que usam os símbolos e frases populares entre ativistas.
Vemos de forma cotidiana com diversas marcas, a confusão entre inclusão e a prática do marketing usando o vocabulário similar ao dos ativistas.
É um tipo de ação que tem sido confundida com ESG ultimamente, como se tivesse algo a ver com governança social. Vemos isso de forma cotidiana com diversas marcas, a confusão entre inclusão e a prática do marketing usando o vocabulário similar ao dos ativistas. É algo que precisa ser diferenciado e parece que esse novo índice faz isso.
Voltemos à Target. Um dos únicos produtos com uso prático para a população LGBT era o maiô feminino “tuck friendly”, voltado para travestis e pessoas trans. No contexto da cultura trans, a expressão "tuck friendly" se refere a roupas, peças íntimas ou produtos que são adequados para a prática do "tucking". O termo "tucking" é utilizado para descrever o processo de esconder ou disfarçar os genitais masculinos, criando uma aparência mais feminina. Isso é comumente feito através do uso de roupas íntimas especiais e técnicas de posicionamento.
A confusão começou quando a militância de teclado propôs um uso diferente do maiô. Ele provavelmente foi elaborado para atender necessidades de um público específico, mas alguns influencers entenderam que era para chocar mulheres e crianças na piscina.
Graças à @Target encontrei o maiô perfeito para assustar todas as mulheres e crianças na piscina neste verão. Mal posso esperar para enfiar meu p** nessa peça enquanto saboreio uma Bud Light! (O nome da cerveja se refere a outra polêmica, da propaganda com uma mulher trans.)
Muita gente caiu na provocação, que se repetiu em vários perfis, e começou uma campanha de boicote da Target. Depois, descobriram que um dos designers contratados tem também um trabalho de arte brincando com os conceitos de transgênero e satanismo. Um dos exemplos do trabalho de Erik Carnell em sua loja independente é um anel com a imagem de Baphomet descrito com a frase “o satã respeita gênero neutro”. Ele é ateu, não satanista.
É possível argumentar que, quando há uma população vulnerável em risco, vale pagar o preço e promover a inclusão.
Estamos falando de uma grande rede varejista que vende para todo o público norte-americano. Obviamente houve clientes que não gostaram nada da história toda. Ao mesmo tempo, surgiu na internet uma onda de fake news unindo todas as histórias. Virou um sarapatel de coruja em que um estilista satanista estaria fazendo maiôs infantis “tuck friendly”. Caos total.
Colocando a bola no chão, toda publicidade tem o objetivo de fortalecer a marca. Aqui aconteceu exatamente o oposto. É possível argumentar que, quando há uma população vulnerável em risco, vale pagar o preço e promover a inclusão. Quem foi incluído aqui? Ninguém. Nem os tais maiôs são novidade, quem quer comprar acha em vários outros lugares pela internet.
Muitas empresas não apenas discriminam com base em crenças religiosas, mas também apoiam grupos que não promovem a liberdade de expressão.
Para além disso, a produção da linha não quer dizer que a empresa seja inclusiva. Isso exige que a estrutura seja feita para abrigar a diversidade de todo tipo, inclusive de pensamento, opinião e comportamento cotidiano. É algo que vai muito além da pauta da lacração.
A Alliance Defending Freedom, organização de defesa da liberdade religiosa e liberdade de expressão, organizou um índice das práticas reais de inclusão nas empresas. “Nossa metodologia avaliou se as empresas tratam os clientes, fornecedores, funcionários e organizações sem fins lucrativos de forma igual, independentemente de suas opiniões políticas ou religiosas. Também observamos se as empresas estão usando seus recursos comerciais ou suas marcas para apoiar figuras públicas ou causas hostis às liberdades fundamentais”, explica a organização.
É a segunda edição do índice, que coloca nos lugares mais baixos de diversidade muitas das fiéis adeptas da seita da lacração. Os top 10 das que desrespeitam liberdade de expressão e religiosa dos funcionários e clientes são: Airbnb, Alphabet, Amazon, eBay, Microsoft, PayPal, Pinterest, Twitter, Disney, e Adobe.
Foram analisadas 75 grandes empresas. A ADF relata que 78% das empresas classificadas proíbem que os funcionários façam doações para certas instituições de caridade devido ao seu status religioso, práticas ou causas defendidas. Um total de 57% das empresas classificadas se recusam a conceder subsídios a organizações com base na fé, devido às suas crenças. Muitas dessas empresas não apenas discriminam com base em crenças religiosas, mas também apoiam grupos que não promovem a liberdade de expressão e criam um ambiente em suas plataformas que limita a livre expressão.
De acordo com a ADF, mais da metade das empresas classificadas destinaram cerca de 45% das doações políticas para legislações ou casos judiciais considerados prejudiciais à liberdade de expressão ou religião. Surpreendentemente, 63% dessas empresas usaram suas marcas e recursos financeiros para apoiar legislações prejudiciais destinadas a reverter proteções à liberdade de expressão e religiosa.
O impacto na realidade é a diferença fundamental entre a diversidade e o que a seita da lacração chama de diversidade. O ranking da ADF é uma iniciativa pioneira que pode se multiplicar.