Manifestantes anti-Israel em frente ao Consulado Israelense em Chicago.| Foto: EFE/EPA/OLGA FEDOROVA
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A Wikipedia, considerada por muitos a enciclopédia livre da internet, ocupa uma posição singular no ecossistema digital. É acessada por milhões de pessoas diariamente e serve como ponto de partida para pesquisas acadêmicas, jornalísticas e até decisões políticas. No entanto, essa mesma plataforma, cuja premissa é ser uma fonte de conhecimento neutra e colaborativa, tornou-se alvo de manipulações organizadas por grupos antissemitas.

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Esses grupos têm utilizado a estrutura aberta da Wikipedia para distorcer fatos, manipular narrativas e fomentar propaganda anti-Israel. Essa campanha estratégica e bem-orquestrada foi recentemente exposta por Rabbi Shraga Simmons em artigo publicado no site Aish.com, onde ele descreve os responsáveis como “jihadistas digitais”.

À medida que as ferramentas digitais ganham ainda mais relevância em nossas vidas, garantir que elas sejam utilizadas de forma ética e justa torna-se essencial para proteger não apenas a reputação de um país, mas os princípios fundamentais da democracia e da verdade

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Esses grupos, formados por ativistas com uma agenda clara contra Israel, engajam-se em uma verdadeira “guerra de edições”. Por meio de alterações incrementais muitas vezes aparentemente inofensivas, como a troca de uma palavra ou a adição de uma frase, eles moldam a percepção pública de forma gradual, mas impactante. “Esse processo de pequenas edições cumulativas, frequentemente uma palavra ou frase por vez, transforma o fluxo de informações da Wikipedia em um pântano de viés anti-Israel”, alerta Simmons.

As ações desses jihadistas digitais não são aleatórias. Organizações como Tech for Palestine e Wikipedia Collaboration, que, segundo suspeitas, recebem financiamento de Estados hostis a Israel, já realizaram mais de 850 mil edições em páginas relacionadas ao país. Essas alterações buscam consolidar uma narrativa que retrata Israel como um “regime colonial, de apartheid e genocida”. Páginas fundamentais para a compreensão do conflito, como as que abordam o sionismo, Hamas e a história de Israel, têm sido sistematicamente alteradas para excluir ou distorcer fatos importantes.

Por exemplo, a página na Wikipedia sobre sionismo descreve o movimento como uma “colonização de terras fora da Europa”, apagando seu caráter histórico como o retorno do povo de Israel a sua terra ancestral. Já o artigo na Wikipedia sobre Hamas omite a menção ao objetivo declarado de sua carta fundadora: a destruição de Israel. A manipulação não se restringe ao idioma inglês. Na versão árabe da Wikipedia, as páginas foram transformadas em verdadeiros panfletos políticos. Cada artigo exibe a bandeira palestina e mensagens como “não ao genocídio em Gaza” e “não ao assassinato de civis”.

Essas mudanças refletem uma estratégia de propaganda que busca consolidar narrativas anti-Israel não apenas entre os falantes de árabe, mas também em escala global. A Wikipedia, que já foi considerada uma referência de imparcialidade, agora é vista por muitos como um campo de batalha ideológico.

Esse cenário é especialmente alarmante porque a Wikipedia desempenha um papel central no ecossistema digital. Sua vasta base de dados é utilizada não apenas por estudantes e pesquisadores, mas também por algoritmos de inteligência artificial, como o ChatGPT, que extraem informações diretamente de suas páginas. Simmons destaca que, ao perpetuar desinformações como se fossem fatos estabelecidos, a Wikipedia está moldando percepções e influenciando decisões de maneira quase irreversível.

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As consequências dessa guerra digital vão além do espaço virtual. A desinformação disseminada por esses grupos na Wikipedia alimenta o antissemitismo global e legitima ataques contra judeus e Israel. A história nos ensina que campanhas de difamação têm consequências devastadoras. Durante o regime nazista, a propaganda antissemita foi fundamental para justificar o genocídio de seis milhões de judeus. Hoje, Israel é o único país cuja legitimidade é continuamente questionada, e essa manipulação narrativa representa uma ameaça direta à sua segurança e sobrevivência.

A campanha de desinformação também ilustra como o controle da narrativa digital tornou-se uma arma poderosa. O que está em jogo não é apenas a reputação de Israel, mas a integridade da informação em uma era em que as fronteiras entre verdade e manipulação estão cada vez mais difusas. O impacto dessa guerra informacional é sentido em todos os níveis, desde a polarização política até o aumento de ataques físicos a comunidades judaicas.

No entanto, há formas de resistir a essa ofensiva. Simmons sugere que os usuários da Wikipedia adotem uma abordagem crítica, verificando fontes primárias e contribuindo com edições que reflitam equilíbrio e precisão. Ele também enfatiza a importância de expor e denunciar vieses, para que a plataforma retome seu papel como repositório confiável de conhecimento. Além disso, organizações e indivíduos pró-Israel precisam se engajar ativamente na edição de conteúdo, assegurando que a história e os fatos sejam apresentados de forma justa.

A disputa pela narrativa digital é mais do que uma questão técnica, é uma batalha pela preservação da verdade. Se a manipulação da Wikipedia não for confrontada, corremos o risco de consolidar um cenário onde a desinformação dita os rumos da opinião pública e das políticas globais. Nesse contexto, a guerra digital é talvez a frente mais insidiosa enfrentada por Israel, pois é travada não com armas convencionais, mas com palavras e edições.

Israel enfrenta desafios em muitas arenas, mas a batalha pela integridade informacional é uma das mais cruciais. À medida que as ferramentas digitais ganham ainda mais relevância em nossas vidas, garantir que elas sejam utilizadas de forma ética e justa torna-se essencial para proteger não apenas a reputação de um país, mas os princípios fundamentais da democracia e da verdade. Como Simmons conclui, “a liberdade de informação é garantida apenas para aqueles que a protegem”. Essa é uma luta que diz respeito a todos nós que defendemos o mundo livre.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]