Estudantes com uma faixa da bandeira palestina em acampamento montado na Universidade de Toronto, no Canadá| Foto: FE/ Julio César Rivas
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Conforme os protestos em universidades norte-americanas se estendem, fica mais claro um erro fundamental de avaliação. Os estudantes que se dizem a favor da diversidade entendem que o Hamas também seja. Movimentos como “Queer for Palestine”, “Drags for Palestine” e “Dykes for Palestine” são cada vez mais comuns.

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Esses movimentos classificam como “resistência” os terroristas do Hamas e do Hezbollah. Como esses grupos entendem a população LGBTQIAPN+? Não é segredo, eles próprios falam abertamente.

O perfil Hoje no Mundo Militar, do Twitter, traduziu para o português uma declaração do chefe do grupo terrorista libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah. Ele diz com todas as letras que homossexuais devem ser assassinados. Sem meias palavras, sem titubear. Trata homossexuais como abominações, menos que humanos. Diz que não são recuperáveis nem se estiverem arrependidos, rezarem, chorarem e jejuarem. Precisam ser assassinados.

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Eli David trouxe em sua conta um sermão traduzido pela rede especializada em Oriente Médio Memri TV. É um sermão do sheik Mohammed Saleem Ali em julho de 2022 na histórica mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém.

“Nosso povo palestino muçulmano jamais aceitará um único homossexual declarando publicamente sua abominação. Vocês permitiram um único homossexual nas terras de Jerusalém e da Palestina? Vocês vão permitir isso?”, ele pergunta. Os fiés respondem um sonoro não.

As manifestações nas universidades são feitas pela mesma turma que cancela alguém por trocar um pronome. Que policia vocabulário alegando que o uso de palavras erradas ameaça a existência de pessoas. Por que eles defendem regimes e lideranças que falam abertamente em assassinar homossexuais?

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Estão inseridos num fenômeno ideológico maior, que fica ainda mais forte e mais distópico com as redes sociais e as comunidades de internet.

O mote das manifestações não é pró-Palestina. Essa é uma primeira perversão da linguagem. Os estudantes estão impedindo que alunos judeus entrem nos campi, estão perseguindo judeus em seus dormitórios, chegaram a espancar uma aluna judia até que ficasse desacordada simplesmente por portar uma bandeira de Israel. Isso não chama pró-Palestina, tem nome e é outro.

Além disso, dizem abertamente ser contra a existência de Israel. Entoam cantos e palavras de ordem dizendo que amam o Hamas, querem mais mortes de soldados judeus e a destruição de Tel Aviv. Estranho para quem briga por diversidade. Tel Aviv tem uma parada gay famosíssima há mais de 30 anos, algo único no Oriente Médio.

O pulo do gato para entender como pensam esses grupos é o divórcio da realidade. Não vão impedir a guerra, não se importam com isso e sabem bem que vandalizar universidades e ter ataques antissemitas não são métodos que possivelmente resolvam o conflito.

Estudantes que acampam numa universidade podem conseguir, por esse método, resolver problemas da universidade. Não podem parar guerras. Aliás, nem querem. A realidade paralela em que vivem se sobrepõe à realidade em que vive o resto da humanidade.

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Na realidade paralela, o mais importante é sinalizar virtude para o grupo. Essa virtude geralmente é proteger minorias e isso continua tendo peso. Como passam da defesa de minorias à defesa das lideranças que desejam matar as minorias? Por uma palavra, colonialismo. Também desconectada da realidade, que pouco importa.

O raciocínio não é novidade. Ideólogos de esquerda, como Michel Foucault, apoiaram a revolução islâmica dos aiatolás no Irã. Muita gente dessa esquerda identitária comemorou quando os Estados Unidos saíram do Afeganistão e o Talebã retomou o controle e o esmagamento de mulheres e homossexuais.

Colonialismo é a palavra chave para condenar tudo o que venha dos Estados Unidos ou das democracias liberais da Europa. Essa atitude é necessária para ser aceito pelo grupo. Como os EUA e Israel são aliados, é necessário ser contra Israel. Inimigo do meu inimigo é meu amigo. Está fechado o raciocínio.

A grande questão é por que essas pessoas não são tocadas pelo confronto com a realidade. Diante de declarações horríveis sobre homossexuais, não movem um milímetro em suas posições. Aliás, os estudantes dos EUA têm promovido manifestações que mimetizam cultos islâmicos, incluindo o uso de hijab por mulheres e as posições muçulmanas para as rezas.

Essa desconexão da realidade se tornou muito mais fácil com as redes sociais e se aprofundou na realidade pós-pandemia. São jovens que vivem para o virtual. Ali encontram grupos que validam determinados comportamentos e eles medem a própria reputação pela reação desses grupos, não pelo impacto das ações individuais na realidade.

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Quando os grupos estão juntos fisicamente, a ação fica ainda mais forte. Eles têm certeza de que estão do lado certo da história. Como são violentos, barulhentos e irredutíveis, acabam subjugando a maioria silenciosa. É uma situação em que, para os membros do grupo, só se reforça a ideia de que eles estão certos e o mundo está errado.

Jovens são os mais capturados por essas ideologias, são imaturos, às vezes sem propósitos nem princípios, desconectados das famílias, imersos em ideologias tóxicas e sem experiência de vida. Segundo o psicólogo Jonathan Haidt, há três crenças falsas capazes de arrastar a juventude para movimentos do tipo:

  • O que não me mata me enfraquece.
  • Confie cegamente em seus sentimentos.
  • A vida é uma guerra do bem contra o mal.

Movimentos como esse não serão derrotados por movimentos com o mesmo método e sinal trocado. A vingança é tentadora para muitos, mas acaba dando vitória aos fanáticos. Nunca foi tão necessário ser adulto e entender de gente.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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