O Brasil acordou com a surpresa de que setores da esquerda agora denunciam o machismo de Lula. O motivo? Um elogio à beleza de Gleisi Hoffmann. Não, não foi um ataque verbal explícito, não foi uma declaração como as inúmeras que ele já fez menosprezando mulheres. O detalhe curioso é que essa foi, de longe, a menos ofensiva das declarações machistas de Lula ao longo de sua vida pública. Mas, para a esquerda, parece que agora a ficha caiu.
De todas as frases polêmicas de Lula ao longo dos anos, evidenciando seu machismo, o que realmente escandalizou feministas e progressistas foi ele ter afirmado que Gleisi é uma mulher bonita. Sim, o mesmo grupo que ignorou as infames "feministas do grelo duro", que fechou os olhos quando Lula comparou o amor pela democracia ao amor por uma amante — porque "homem gosta mais da amante do que da mulher" — agora parece indignado porque ele comentou sobre a aparência de uma aliada política. O que mudou? O contexto político.
Se há uma lição a tirar desse episódio com Lula, é que a esquerda lulista só se importa com o machismo quando lhe convém. Enquanto isso, as mulheres seguem sendo manipuladas e usadas como ferramenta política
O governo Lula enfrenta dificuldades. A inflação corrói o poder de compra da população, a popularidade do presidente despenca e os aliados já buscam desculpas para se desvincular do desastre. E qual é a desculpa ideal? Justamente aquela que sempre pode ser acionada sem comprometer ninguém: o machismo. O mesmo que foi ignorado durante décadas, o mesmo que nunca foi um problema quando Lula era tratado como "pai dos pobres". Agora, convenientemente, virou pauta prioritária para quem precisa desembarcar do governo sem assumir que errou ao apoiá-lo.
Isso nos leva a um ponto fundamental: a hipocrisia da esquerda em relação às mulheres. O feminismo foi sequestrado por um progressismo seletivo, onde o machismo só é denunciado quando politicamente conveniente. Durante décadas, Lula foi protegido dessa acusação. Agora, quando a necessidade política impõe, ele vira alvo. Mas alguém realmente acredita que esse pessoal descobriu o machismo de Lula só agora?
O fenômeno do esquerdomacho sempre esteve presente. Ele se disfarça de aliado, finge respeitar as mulheres, usa a linguagem da militância feminista, mas na prática age exatamente como o bom e velho machista. "Seu corpo, suas regras" até o momento em que a mulher não quiser mais fazer parte do jogo dele. Quando isso acontece, rapidamente ela se torna um alvo.
A maior fraude que já inventaram para as mulheres é o esquerdomacho. O problema maior não é nem o machismo em si, mas a falsa ideia de que ele é um aliado. A mulher que lida com um homem tradicional pode ao menos confrontá-lo, discordar, reivindicar seu espaço. Com o esquerdomacho, ela sequer pode reclamar sem ser acusada de não compreender o verdadeiro feminismo. Ele não quer proteger as mulheres, quer apenas manipular a narrativa para continuar se beneficiando.
Por isso, muitas mulheres já estão trocando o esquerdomacho pelo agroboy. Porque, no fim das contas, o agroboy pode até ser antiquado em algumas ideias, mas pelo menos ele assume quem é, sem hipocrisia. Ele não finge ser feminista enquanto age como um típico machista.
O esquerdomacho não entrega nada, não protege ninguém e ainda exige aplausos. Se há uma lição a tirar desse episódio com Lula, é que a esquerda lulista só se importa com o machismo quando lhe convém. Enquanto isso, as mulheres seguem sendo manipuladas e usadas como ferramenta política. A única diferença agora é que o teatro está cada vez mais difícil de sustentar.