Esta semana viralizou um vídeo em que reitoras de universidades norte-americanas prestaram depoimento ao Congresso. Elas eram questionadas sobre manifestações de antissemitismo. O duplo padrão choca.
São ambientes que têm se preocupado bastante com bullying e discurso de ódio. Pessoas que trocam um pronome, por exemplo, são execradas pela cultura do cancelamento. A lógica é que negam a existência de minorias ao não usar os pronomes preferidos.
Mas o que acontece quando alguém advoga literalmente pela aniquilação de pessoas? Depende do contexto, respondem as reitoras. O evento foi relatado com maestria por Guilherme de Carvalho aqui na Gazeta do Povo.
As pessoas que têm compaixão pelas mulheres judias e repudiam a violência sexual como arma de guerra são maioria.
As reações foram inevitáveis. Há doadores exigindo, por exemplo, a demissão da reitora da Penn University. A de Harvard fez um pedido de desculpas. Essas situações, tudo indica, serão equacionadas. A exposição foi fundamental. Resta saber como resolver outro problema, o da contaminação promovida pela propaganda dos terroristas. Tem sido algo muito eficiente.
É difícil compreender como pessoas que defendem diversidade e querem combater microagressões compactuam com o máximo da agressividade, o terrorismo. Até manifesto de Osama Bin Laden acabou tendo apoio de jovens progressistas na internet.
Outro ponto de debate é a passividade diante do uso da violência sexual como arma de guerra. A Unibes, União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social, entidade social com mais de 100 anos de tradição, resolveu colocar o tema em pauta.
Extremistas são uma minoria. Às vezes são tão barulhentos que nos calam ou paralisam. É preciso acordar quem está paralisado. O poder das histórias reais, que provocam a identificação humana, é gigantesco.
Vivemos a era do #MeToo, movimento que busca defender de forma radical as vítimas de violência sexual. São pessoas que advogam pela tese de que a palavra da vítima sempre prevalece. Há quem questione com propriedade, mas não é este nosso tema, é o duplo padrão.
As mesmas pessoas que jamais duvidam de quem se diz vítima estão colocando em questão os depoimentos de mulheres estupradas pelos terroristas do Hamas.
Na última quinta-feira, primeiro dia do Hanuká, a Unibes promoveu o evento “Mulheres em meio ao conflito: um bate-papo sobre inclusão, acolhimento e sororidade incondicional”. Foi uma parceria com a Sky e o Grupo de Empoderamento Feminino e Liderança Feminina da Fisesp (ELF). Tive a honra de fazer a mediação, ouvindo a jornalista Mariliz Pereira Jorge e a autora Ana Beatriz Alckmin.
A jornalista tem apontado em suas colunas o abandono das mulheres judias pelo jornalismo. Relatou no evento as reações ferozes diante de seu apontamento. Defende que os fatos sejam expostos, que façamos a realidade se impor.
Por maior que seja a escuridão, ela só pode ser combatida com a luz. Um pequeno foco de luz já é suficiente para vencer a escuridão.
Judeus não têm o costume de fazer necrópsias. Abriram mão das tradições religiosas diante da barbárie do 7 de outubro. Há um caso em que foram encontradas mais de 50 amostras diferentes de DNA em um único corpo de mulher vítima do Hamas. Diversas delas têm ferimentos escabrosos na região genital. Ossos da região pélvica quebrados são constantes em corpos de vítimas. Falamos aqui do horror.
Ana Beatriz Alckmin trouxe ao debate o poder do storytellying. Muitos de nós estão assustados com a incapacidade de ouvir a história das mulheres judias e ter empatia. A revolta é o primeiro sentimento, tendemos a descartar as pessoas.
No entanto, extremistas são uma minoria. Às vezes são tão barulhentos que nos calam ou paralisam. É preciso acordar quem está paralisado. O poder das histórias reais, que provocam a identificação humana, é gigantesco. Não podemos desistir de quem se calou, são vozes das quais precisamos. Por maior que seja a escuridão, ela só pode ser combatida com a luz. Um pequeno foco de luz já é suficiente para vencer a escuridão. Se ele estimular o surgimento de outros focos de luz, temos uma virada.
Diante dos comentários sobre a guerra que vemos nas redes sociais e, muitas vezes, até na imprensa, a tendência é calar. Nos sentimos pequenos demais para vencer uma onda tão grande de maldade. A luz está na união. As pessoas que têm compaixão pelas mulheres judias e repudiam a violência sexual como arma de guerra são maioria. Talvez você sinta que não tem força ou que sua manifestação não importa. Temos a vontade de ver uma mudança radical no que está ao nosso redor e muita gente se sente impotente. Mas a mudança está na união.
A causa das mulheres judias é nobre. Repudiar o uso da violência como arma de guerra é urgente. Organizações internacionais e órgãos da ONU silenciaram de forma cúmplice. Estão revendo suas posições devido a essa pressão que vem de um trabalho de formiguinha que não pode cessar.
Cada um dentro de suas possibilidades precisa colaborar para repor a verdade dos fatos e defender o que é justo. Se você conseguir tocar um coração com essa causa, já tem uma grande vitória.
A festa da direita brasileira com a vitória de Trump: o que esperar a partir do resultado nos EUA
Trump volta à Casa Branca
Com Musk na “eficiência governamental”: os nomes que devem compor o novo secretariado de Trump
“Media Matters”: a última tentativa de censura contra conservadores antes da vitória de Trump
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS