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Segundo OCDE, Brasil é o país que menos consegue distinguir verdade de mentira
| Foto: Gerd Altmann/Pixabay

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é conhecida no Brasil pelo PISA (Programme for International Student Assessment), exame que mede habilidades de português e matemática em alunos de 15 anos de idade. O noticiário frequentemente alerta para as deficiências dos estudantes brasileiros, tanto na rede pública quanto na rede privada. Recentemente, a OCDE fez uma pesquisa para verificar as habilidades de distinguir verdades de mentiras online. O resultado foi alarmante para os brasileiros.

Os resultados mostraram que os brasileiros julgam ter habilidades na média da OCDE, e a confiança na própria habilidade aumenta com a escolaridade de quem responde. No entanto, na prática, de acordo com os testes realizados, o Brasil ocupa o último lugar no ranking de países que conseguem distinguir verdade de mentira online.

Compare os gráficos. No primeiro, está a avaliação dos brasileiros sobre a própria capacidade de distinguir verdades de mentiras. No segundo, estão os resultados reais.

A pesquisa revelou que 60% dos participantes globais conseguiram identificar corretamente o conteúdo verdadeiro e falso, enquanto no Brasil, essa taxa foi de apenas 54%. O estudo, realizado com mais de 40.000 pessoas em 21 países, destacou a confiança excessiva dos brasileiros em suas habilidades de detectar informações falsas, especialmente entre aqueles com maior escolaridade e renda. No entanto, essa confiança não se traduziu em um desempenho real.

Outro ponto interessante do estudo é que a percepção das habilidades não está correlacionada com a capacidade real de identificar conteúdo falso. Pessoas que não se sentem confiantes em reconhecer informações falsas se saíram tão bem quanto aquelas que se sentem confiantes. Isso sugere que a autopercepção não é um bom indicador de habilidades reais nesse contexto.

A maioria dos brasileiros confia na sua capacidade de distinguir informações verdadeiras de falsas, mas essa confiança é desproporcional ao desempenho real

O documento da OCDE indica que a circulação de conteúdo falso e enganoso online representa riscos significativos para o bem-estar das pessoas e da sociedade. Esse tipo de conteúdo contribui para a polarização política, reduz a confiança nas instituições democráticas e impacta negativamente os direitos humanos fundamentais.

A disseminação de informações falsas na internet tem desempenhado um papel proeminente em muitas crises recentes, como as eleições presidenciais, a pandemia de Covid-19 e a guerra de agressão da Rússia na Ucrânia. Esses eventos mostram como é difícil distinguir fatos de falsidades e como isso pode ter consequências prejudiciais.

A confiança na própria capacidade de distinguir verdade de mentira online aumenta com o nível de escolaridade e renda dos respondentes, mas não se traduz em um melhor desempenho nesses testes. De acordo com a pesquisa, homens tendem a ser mais confiantes que mulheres, e a confiança tende a aumentar com a idade.

O estudo revelou também que a maioria dos brasileiros confia na sua capacidade de distinguir informações verdadeiras de falsas, mas essa confiança é desproporcional ao desempenho real. Além disso, aqueles que confiam muito nas mídias sociais como fonte de notícias têm uma menor capacidade de distinguir entre informações verdadeiras e falsas.

Esses resultados destacam a necessidade urgente de políticas e programas de alfabetização midiática para melhorar a capacidade dos brasileiros de reconhecer informações falsas e enganosas. Isso é essencial para combater os efeitos negativos da desinformação e promover uma sociedade mais bem informada e crítica.

A qualidade da cobertura política também tem impacto direto nessa questão. O foco excessivo em opiniões, em detrimento dos fatos, e uma imprensa muitas vezes inclinada politicamente, contribuem para a desconfiança do público. A cobertura política, que deveria ser objetiva e baseada em fatos, muitas vezes se transforma em um campo de batalha de opiniões, distanciando ainda mais a população da verdade.

Em resumo, o estudo da OCDE não só revela a fragilidade dos brasileiros em distinguir verdade de mentira online, mas também aponta para a necessidade de uma abordagem educacional robusta para lidar com esse problema. A confiança excessiva em habilidades não acompanhadas por resultados concretos mostra um descompasso que precisa ser corrigido para que possamos navegar melhor no vasto mar de informações da internet.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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