Esta semana, a revista norte-americana New Yorker, amplamente consumida pela elite progressista dos EUA e de outros países, trouxe à tona uma questão perturbadora: por que há tanta insistência em negar os estupros cometidos pelo Hamas em 7 de outubro?
A revista destaca que membros da elite progressista têm legitimado o discurso que nega os estupros filmados e comemorados pelos próprios terroristas. No artigo, Masha Gessen explora a dificuldade de documentar e processar crimes de violência sexual em tempos de guerra, uma tarefa complicada pela natureza dos crimes e pela morte de muitas vítimas, que impossibilita a apresentação de evidências diretas.
A negação dos estupros do Hamas não é apenas uma questão de descrença, mas um reflexo de como a violência sexual é frequentemente usada e manipulada em conflitos para fins políticos. Além disso, é atestado de cegueira ideológica
Nadera Shalhoub-Kevorkian, uma criminologista e feminista palestina, foi citada no artigo, contextualizando historicamente a violência sexual em conflitos. Ela afirmou: "Estupros, abusos, abusos sexuais, estupros em grupo – sempre aconteceram em tempos de guerra. Sempre aconteceu". Ela ainda adicionou: "Eu não vou interrogar as vítimas de estupro. Se uma mulher disse que foi estuprada, eu acredito nela. Eu não preciso de evidências e não quero verificar os fatos, para ser honesta. Esta é a minha opinião".
No entanto, a maior parte das mulheres sujeitas à violência sexual em 7 de outubro estava morta. Eram o governo israelense e as organizações de direitos humanos que amplificavam histórias de estupro, alegando que foram amplamente praticados e particularmente brutais.
A insistência em negar os estupros por parte do Hamas levanta questões sérias sobre a manipulação política da violência sexual. A New Yorker destacou que, mesmo diante de evidências crescentes, há uma campanha de negação ativa entre os ativistas palestinos e a mídia pró-palestina. Esta negação não só impede a justiça para as vítimas, mas também subestima a gravidade dos crimes cometidos.
Os próprios terroristas não apenas confirmam os abusos como também registraram em vídeo. Esse registro explícito e a comemoração dos atos horríveis demonstram uma clara intenção de uso da violência sexual como arma de guerra, o que torna ainda mais desconcertante a negação desses eventos.
A dificuldade de documentar esses crimes é exacerbada pela ausência de sobreviventes para contar suas histórias, bem como pela destruição de evidências forenses. Segundo o relatório da ONU, “há motivos razoáveis para acreditar que a violência sexual relacionada ao conflito ocorreu durante os ataques de 7 de outubro em vários locais da periferia de Gaza, incluindo estupro e estupro coletivo”.
A publicação da New Yorker é importante não apenas pela qualidade da investigação, mas também porque seu público tende a influenciar debates políticos e sociais. A negação dos estupros do Hamas não é apenas uma questão de descrença, mas um reflexo de como a violência sexual é frequentemente usada e manipulada em conflitos para fins políticos. Além disso, é atestado de cegueira ideológica.
A experiência dos Balcãs nos anos 90 mostra como a justiça pode prevalecer. Na Bósnia, sobreviventes e testemunhas, incluindo muitos que foram relutantes em falar logo após os crimes, testemunharam sobre estupros sistemáticos, estupros públicos, estupros em grupo e campos estabelecidos com o propósito de estuprar mulheres. Várias dezenas de pessoas foram condenadas. O ex-líder da Sérvia, Slobodan Milošević, morreu sob custódia em Haia em 2006, antes que um veredicto fosse emitido em seu caso. Nos bastidores, os promotores temiam que não houvesse evidências suficientes para conectá-lo a algumas das piores atrocidades cometidas por suas forças, incluindo a violência sexual.
Durante anos a violência sexual foi negada também no caso da Bósnia. Felizmente, há vozes insistentes e defensores incansáveis da justiça. Ao final, a verdade se impõe.
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