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Em um único dia passamos duas vergonhas internacionais. Teríamos passado mais se o Brasil fosse um país para o qual realmente se desse atenção no cenário internacional. Lula está falando pelos silêncios eloquentes em situações importantes. Agora está visitando o Egito, mais uma vez desfiando seu rosário antissemita e informações imprecisas sobre a guerra em Israel. Aliás, já que ele se meteu a resolver o conflito, perdeu duas chances de ouro. A primeira era conseguir que o Hamas libertasse todos os reféns. A segunda era convencer o ditador egípcio a abrir suas fronteiras para Gaza.
Não fez nada disso. Meteu-se novamente a falar frases desconexas, como aquela em que desconhece guerras onde mulheres e crianças foram assassinadas. A reação de Israel seria o primeiro caso desses na história. Não vale a pena nem comentar. Quer dizer, na verdade tenho um comentário. Não são duas vergonhas, são três. Havia esquecido de somar esta.
Lula manipula tão bem a oposição a ele que o pessoal acredita até mesmo em mentiras que o favorecem.
Voltemos à minha conta. A primeira vergonha é o silêncio eloquente sobre as mortes que favorecem o caminho político de Putin. O adversário dele, Alexei Navalny, morreu em uma prisão na Sibéria. Ele havia escapado de uma tentativa de assassinato por envenenamento anos atrás. Foi tratado na Alemanha e conseguiu se recuperar. De volta à Rússia, foi trancafiado em uma prisão da Sibéria. Morreu aos poucos. Praticamente todos os líderes do mundo democrático, sejam de esquerda ou de direita, fizeram pronunciamentos fortes sobre o assassinato, pedindo a responsabilização de Putin. Quem não se pronunciou? O Brasil. Eloquente.
É possível argumentar que a postura brasileira não muda nada sobre a política de Putin. Seria apenas um delírio megalomaníaco de Lula caso se metesse, quando fez logo que tomou posse, dizendo que resolveria a guerra. A grande questão é que esse silêncio segue vários outros bastante significativos sobre as ações do governo russo.
No caso da outra vergonha que passamos, nem esse argumento dá para usar. O silêncio de Lula significa deixar de interferir numa questão que o Brasil tem poder para ajudar a resolver. E, mais que isso, significa abrir mão da liderança regional na América Latina em nome de passar pano para ditador amigo.
Nicolás Maduro mandou prender a ativista Rocío San Miguel e diversos membros da família dela. O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos fez um documento exigindo a libertação imediata de todos. O ditador da Venezuela liberou os familiares mas mandou a ativista para uma prisão do serviço de inteligência. Os países da região se uniram em um comunicado conjunto condenando as atitudes do ditador e defendendo “respeito total aos direitos humanos, ao Estado Democrático de Direito, às eleições transparentes, livres e democráticas”. Assinam em conjunto Argentina, Costa Rica, Equador, Paraguai e Uruguai. O Brasil assinou? Não. Silêncio eloquente.
Lula tem falado muito por meio de silêncios como os dessa semana. Não deixa dúvidas de que está alinhando o Brasil a um bloco de ditaduras mundiais, o que tende a contaminar o ambiente político por aqui. O presidente se beneficia da própria habilidade de manipular a população. Consegue fazer com que até quem o odeia passe o dia todo tentando calar quem se insurge contra esses atos.
Ninguém ganha três eleições à toa. Lula sabe que há coisas mais importantes que defender a democracia ou fiscalizar o governo. Uma delas é falar “eu avisei”. A outra é se juntar em grupo para fazer bullying com quem mudou de opinião sobre Lula em vez de comemorar que alguém tenha passado a enxergar. Aliás, Lula manipula tão bem a oposição a ele que o pessoal acredita até mesmo em mentiras que o favorecem. Diversas pessoas que sempre combateram o PT estão sendo alvo da patrulha chatinha do “faz o L” quando falam de Lula. A verdade não importa mais e Lula se beneficia disso.
A saída para o Brasil é pela via do respeito e da verdade. Procurar saber o que as pessoas realmente fizeram ou não. Agir com o outro como gostaríamos que agissem conosco. Ter com os demais um comportamento de adulto, tratar os outros com respeito e jamais com linguajar de boca de fumo. Princípios e propósitos são inimigos de populistas e também de movimentos antidemocráticos. Beligerância só favorece populistas e autoritários. Não parece uma escolha difícil.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos