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Talibã piora ainda mais a situação das mulheres

Mulheres afegãs estão sendo vítimas de crimes contra a humanidade perpetrados pelo Talibã
Mulheres afegãs preparam massa para fazer biscoitos tradicionais dentro de uma padaria em Cabul, no Afeganistão (Foto: REUTERS/Sayed Hassib)

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Em 30 de agosto de 2021, os Estados Unidos encerraram oficialmente sua presença de 20 anos no Afeganistão, entregando o controle do país ao Talibã. Na época, muitos da esquerda global, incluindo figuras no Brasil, celebraram a retirada americana, alinhados ao sentimento antiamericano. O Talibã, por sua vez, prometeu preservar os direitos das mulheres, afirmando que não forçaria o uso da burca ou proibiria a educação feminina. Essas promessas, porém, mostraram-se ilusórias, como as pessoas de bom senso avisaram.

A esquerda, que se autodenomina defensora dos direitos das mulheres, silencia ou ignora o horror que se desenrola no Afeganistão

Esta semana, o Talibã implementou uma série de novas regras que pioram ainda mais a já terrível situação das mulheres no Afeganistão. Segundo relatado pela Reuters e outros veículos internacionais, o novo conjunto de leis de moralidade foi oficialmente codificado em agosto de 2024, proibindo as mulheres de falar em público, entre outras restrições severas.

As principais mudanças incluem:

1. Proibição de falar em público: As mulheres agora estão totalmente proibidas de falar em qualquer ambiente público. Isso inclui reuniões, eventos comunitários, ou qualquer outro espaço onde possam ser ouvidas por homens que não sejam membros de sua família. A exibição da voz feminina foi equiparada à exibição pública da genitália. A violação dessa regra pode levar a punições severas.

2. Burca ainda mais restrita: A nova lei reforça a obrigatoriedade do uso da burca, um véu que cobre todo o corpo, incluindo o rosto, em todas as ocasiões fora de casa. Só que o novo modelo exige também a cobertura das mãos. As mulheres que forem encontradas sem a burca enfrentam represálias, que podem incluir detenções ou punições físicas.

3. Restrição à mobilidade: As mulheres não podem mais viajar sozinhas, andar de carro ou até mesmo sair de casa sem a presença de um guardião masculino. Essa regra reduz ainda mais a liberdade de movimento das mulheres, que já enfrentavam restrições severas sob o regime do Talibã.

4. Proibição de trabalhar em ONGs: O Talibã também baniu as mulheres de trabalhar em Organizações Não Governamentais (ONGs), fechando uma das únicas oportunidades de emprego que elas ainda possuíam.

5. Imposição de estilo de vida para homens: Além das restrições às mulheres, o Talibã impôs que os homens deixem crescer a barba e evitem ouvir música, entre outras regras que se alinham à interpretação extremista do grupo sobre a sharia.

Essas regras foram relatadas em detalhes pela Reuters e em documentos obtidos por outros veículos internacionais, que evidenciam a repressão crescente. O Talibã justificou essas medidas como necessárias para garantir a moralidade pública, mas o impacto sobre as mulheres é devastador, eliminando qualquer resquício de liberdade que elas pudessem ter.

A promessa inicial de respeitar os direitos das mulheres foi rapidamente abandonada, e a situação se deteriorou a ponto de se tornar uma das piores do mundo, senão a pior. O contraste entre as promessas feitas e a realidade atual não poderia ser mais gritante.

A ironia é que aqueles que inicialmente apoiaram o Talibã em nome de uma postura antiamericana, acreditando em suas promessas de moderação, agora se encontram em uma posição difícil. A esquerda, que se autodenomina defensora dos direitos das mulheres, silencia ou ignora o horror que se desenrola no Afeganistão, onde as mulheres são tratadas como menos que humanos, sem direitos básicos nem qualquer tipo de liberdade e autonomia.

As novas leis do Talibã não apenas reforçam a opressão, mas também mostram como regimes autoritários podem manipular narrativas para ganhar legitimidade internacional, apenas para, posteriormente, implementar medidas ainda mais draconianas.

Resta aguardar as desculpas públicas daqueles que comemoraram a saída dos Estados Unidos do Afeganistão. Com toda certeza farão uma meia culpa.

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