Alguns filmes deveriam ser decretados Patrimônio Afetivo da Humanidade. São aqueles capazes de conquistar o público das mais diferentes idades, nacionalidades e gostos e, portanto, são quase unanimidade entre críticos e espectadores (digo quase porque, até hoje, não achei um filme que agradasse a todos). Estariam na lista de tombamento obras como O Poderoso Chefão 1 e 2 (The Godfather), Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off, 1986), a trilogia De Volta para o Futuro (Back to the Future), Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain, 1952) e Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959).
E, claro… Os Gonnies (The Goonies, 1985)!! A aventura lançada em 1985 (nem parece que faz tanto tempo!) segue sendo citada e lembrada por uma legião de fãs, sempre animados com a história da garotada que, de posse de um mapa do tesouro, se mete em aventuras estrambólicas e arriscadas. É o típico filme para toda a família que não tem vergonha de se assumir como puro entretenimento e escapismo. Mas que, ao contrário de tantas obras do gênero, fica na memória pelos carismáticos personagens e por reforçar o poder e a atração das amizades verdadeiras — mote de outros filmes igualmente bem sucedidos como Conta Comigo (Stand by Me, 1986) e Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1985).
Os Goonies é um bom exemplo do que acontece na indústria cinematográfica quando as pessoas certas se reúnem no momento certo. O trio responsável pela obra é formado por ninguém menos que Steven Spielberg (produtor e autor do argumento original), Chis Columbus (roteirista) e Richard Donner (diretor). Na época, Spielberg já era um cineasta de renome conhecido por fazer bonito nas bilheterias: no início da década de 1980, havia emplacado três grandes sucessos quase em sequência, E.T – O Extraterrestre (E.T. the Extra-Terrestrial, 1982) e os dois primeiros filmes da série Indiana Jones.
Já Chris Columbus havia acabado de escrever o roteiro de Gremlins (1984) e Richard Donner estava em alta por seus filmes anteriores que fizeram certo barulho: A Profecia (The Omen, 1976) e Superman: O Filme (Superman, 1978). Após o lançamento de Os Goonies, ambos partiram para um período de “vacas gordas”. Columbus seria responsável pela direção de aventuras juvenis como os dois primeiros Esqueceram de Mim, Uma Babá quase Perfeita (Mrs. Doubtfire, 1993) e as primeiras duas adaptações para a telona da série Harry Potter. Donner, por sua vez, emplacaria, logo após o lançamento de Os Goonies, sua série de maior sucesso: Máquina Mortífera (Lethal Weapon, 1987).
A reunião de Spielberg, Columbus e Donner usa e abusa de vários artifícios e temas que acabariam sendo comuns na carreira dos três. Estão ali, em Os Gonnies, a fantasia quase ingênua, a comédia misturada a sequências de ação, os dramas familiares (suavizados, diga-se de passagem), os vilões caricatos e os amigos que têm sua lealdade posta à prova em meio a adversidades. Tudo isso trazido à tona com a ajuda de um elenco bem entrosado que dá vida a personagens marcantes. Quem aí não se lembra do pequeno cérebro Data e suas invenções furadas (Jonathan Ke Quan), o engraçadíssimo Gordo (Jeff Cohen), os atrapalhados irmãos Fratelli (Joe Pantoliano e Robert Davi) e, principalmente, o deformado Sloth (John Matuszak), sedento por chocolates?
Isso sem falar na música tema que marcou o filme e a década de 80, entoada por Cindy Lauper. Era difícil mesmo dar errado. Caso fosse lançado no mesmo formato hoje em dia, Os Goonies teria o mesmo apelo junto ao público? Difícil. Mas isso só reforça a força dessa aventura descompromissada. É o registro de uma (boa) época e, talvez por isso, seja tão admirado pelos adultos de hoje em dia. Tanto que, desde o início do blog, vejo gente comentando por aqui sobre o filme como uma referência. Há, como comentei lá no início do post, uma ligação afetiva. Que, convenhamos, não é fácil de acontecer com outras obras.
Em tempo: Os Goonies ganhou recentemente um relançamento em Blu-Ray e DVD em um box especial, que conta com cards do filme e uma reprodução da matéria especial da Empire que detalhou o paradeiro do elenco. O box está sendo vendido por um preço até razoável — R$ 79,90 — no Submarino. Acesse o produto aqui.
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Pra homenagear a aventura, que está prestes a completar 30 anos, o blog traz abaixo uma seleção de cinco cenas imperdíveis de Os Goonies:
A fuga da família Fratelli e a apresentação dos Goonies – certamente uma das introduções mais inspiradas dos filmes de aventura:
O desajeitado “Gordo” pede passagem:
Cindy Lauper e sua “Good Enough”, um dos hinos da década de 80:
O inspirador discurso de Mickey e o “chamado à aventura”:
E aqui uma compilação com as melhores aparições de Sloth, o “grande figura” do filme:
Quais as suas melhores lembranças do clássico juvenil Os Goonies? Também é fã do filme? Comente aqui no blog!
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