Seguimos aqui no blog detalhando as etapas de produção de um curta-metragem amador, que, no nosso caso, tem o nome provisório de O Vulto. Pra lembrar, trata-se aqui de elencar algumas dicas e toques para quem quer roteirizar, dirigir e filmar seu próprio curta sem a ajuda de equipamentos profissionais — e pra ilustrar esse “diário de bordo”, estamos usando a nossa experiência pessoal como exemplo. Só espero que não seja um mau exemplo, afinal, falar é fácil, subir o vídeo finalizado no YouTube é outra coisa…
Nos últimos posts falamos sobre roteiro e concepção visual. Desta vez, vamos discutir algumas ideias e alternativas para…
3. DESIGN DE PRODUÇÃO
Aqui, estamos usando o termo “design de produção” de maneira bem genérica. Como estamos com o roteiro quase sendo finalizado e sabemos qual o clima estético que queremos trazer ao curta, está na hora de começar a preparar o ambiente em que se passará a trama e deixar tudo encaminhado para o momento de, enfim, ligar a câmera e começar a captar as imagens. Esse é o momento de pré-produção, onde temos que nos antecipar às necessidades que surgirão durante a filmagem.
Essa etapa é crucial principalmente quando trata-se de um filme profissional, seja curta ou longa-metragem. Em cinema, tempo é realmente dinheiro e, geralmente, dinheiro é escasso. Assim, não dá pra esperar o dia da filmagem para decidir onde será rodada determinada cena ou que figurino será usado pelo ator. No caso do nosso curta, além do dinheiro ser escasso — na verdade, não há orçamento nem um centavo sendo investido aqui até o momento –, também temos pouco tempo para nos antecipar ao momento da filmagem. Nossa intenção é aproveitar o feriado para rodar boa parte do curta — se possível, toda — no fim da tarde e na noite desta próxima quinta-feira. Assim, aproveitaremos o sábado e domingo para fazer a edição.
Talvez o principal elemento que exija atenção e que está nos fazendo bater cabeça é como preparar o visual do vulto, um dos elementos centrais do curta. Na trama, o protagonista se verá meio que assombrado por essa figura fantasmagórica, que, volta e meia, aparecerá em alguma das cenas, imóvel, seja escancarando-se para o personagem ou escondido no ambiente. Queremos trazer para o curta essa ideia bem literal do vulto: um espectro, uma sombra, algo que conseguimos enxergar, mas não identificar.
Em um filme profissional, esse vulto poderia ser criado sem problemas na pós-produção, inserido digitalmente na cena. Como não temos fôlego pra fazer algo do tipo, vamos “transformar” uma pessoa no vulto e fazer retoques nessa figura, aí sim, pelo computador. Pense em alguém vestido inteiramente de preto, dos pés à cabeça, sem mostrar as mãos, com um capuz. Essa é uma das opções que deixaremos à mão. Essa pessoa vestirá uma roupa normal — calça, moletom, tênis — mas como estará inteiramente de preto, já passará um pouco a ideia que queremos mostrar. Ajuda o fato do curta ser filmado — fotografado, na verdade — em preto e branco, com um alto contraste.
Uma outra opção, que tentaremos na hora, será “enrolar” essa pessoa em tecido TNT preto — aquele tecido normalmente usado como toalha de mesa, faixa ou em decoração de festas. Assim, essa pessoa ficaria meio que enfaixada dos pés ao pescoço. Como o vulto nunca aparecerá se movendo, não há problemas. O tecido talvez traga mais “unidade” a essa figura e essa impressão de espectro, já que, em tese, esconderá a marcação dos membros da pessoa, como braços e pernas. Queira ou não, saberemos só mesmo na quinta-feira, fazendo alguns testes antes de começar a filmar.
Independente de usarmos o tecido ou a roupa preta normal, haverá um segundo momento essencial para a concepção dessa figura. Após tirarmos as fotografias que se transformarão nas sequências em movimento, editaremos no Photoshop cada frame em que o vulto aparece, retirando seus olhos e boca e talvez clareando seu rosto, para dar a impressão de um ser fantasmagórico/bizarro que tenha pouca semelhança física com um ser humano comum. Algo como a imagem que aparece ao lado.
Será um trabalho a mais que, se não é tão complicado, gastará tempo e paciência. Mas ao menos trará um visual mais “rebuscado” ao vulto — melhor do que simplesmente usar uma máscara branca, por exemplo, que poderia resultar em algo amador demais, mesmo em se tratando de um curta feito por amadores.
É esperar pra ver, na prática, como esse elemento será representado na versão final do curta-metragem — se ele causará espanto ou simplesmente fará rir. Infelizmente, como não será possível fazer testes nos próximos dias, isso é mais algo que está um pouco além do nosso controle.
Em termos de pré-produção e ambientação, isso é o principal. No próximo post, começaremos a falar sobre a parte mais prática mesmo do negócio, focando nos planos e movimentos de câmera que usaremos para transformar o que está escrito no roteiro em filme.
Já criou alguma vez o visual de um fantasma para usar em uma festa à fantasia ou para assustar um amigo? Que outras opções seriam plausíveis para dar vida ao vulto? Deixe sua sugestão no blog e ajude a botar o curta de pé!
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