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Grandes cenas que não estavam nos roteiros
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Ao contrário de outras produções artísticas, como o teatro e a música, o cinema não costuma ser palco para improvisações. Uma ou outra frase pode até ser dita de maneira diferente ou limada pelo ator na hora da gravação, mas, para o bem da filmagem e dos custos envolvidos, as cenas seguem um caminho bem definido, pautado pelo roteiro e pelas indicações prévias do diretor.

Jack Nicholson aterroriza a esposa (e os espectadores) em cena de O Iluminado: improvisação que superou o roteiro.

Jack Nicholson aterroriza a esposa (e os espectadores) em cena de O Iluminado: improvisação que superou o roteiro. (Foto: Divulgação)

Porém, há quem ouse, vez ou outra, desafiar o script e, no meio da cena, partir para uma direção diferente ou propor outra solução. Se a mudança for genial, segue para a posteridade. Se não for, paciência, grava-se novamente e adeus ao improviso. Em um artigo muito interessante e didático, o repórter Jeremy Singer, do Business Insider, faz uma lista das 10 melhores cenas que não constavam do roteiro e foram improvisadas pelos atores — leia o artigo na íntegra (em inglês) aqui. Entre as 10 cenas, o blog escolhe seis para lembrarmos:

“Heres Johnny!” – O Iluminado (The Shining,1980)

A imagem de Jack Nicholson com a cara enfiada no meio da porta e gritando “Heeeeere’s Johnny” se tornou uma das cenas mais emblemáticas e lembradas do clássico do terror de Stanley Kubrick. Eu mesmo não resisti e fiz um quadro com a cara do ator, que está pendurado na porta da sala lá de casa. Acontece que a citação “Here’s Johnny” foi improvisada por Nicholson — ela era usada como frase de efeito pelo comediante Johnny Carson em um programa de televisão da década de 1950. Ponto para o nosso ator preferido, que colocou a frase na boca de toda uma nova geração.

A infância do soldado Ryan – O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998)

O drama de Steven Spilberg é o filme de guerra preferido de muita gente, não à toa. A cena inicial, com a chegada dos soldados americanos à Normandia, é fantástica. Mas é ao longo da projeção que a história se torna ainda mais dramática e intimista, a partir do ponto em que os soldados liderados por Tom Hanks precisam superar as animosidades entre si, mortes dos colegas próximos e o absurdo da missão que receberam. Uma das sequências mais marcantes ocorre quando os personagens de Tom Hanks e Matt Damon aproveitam uma pausa nos combates para compartilhar histórias de suas vidas como civis, junto da família. O monólogo do soldado Ryan, em que ele conta uma anedota sobre seu irmão e uma garota, surgiu diretamente da cabeça do ator, que ainda nos brinda com uma atuação inspirada. Prova de que Damon é mesmo uma celebridade acima da média.

“Are You Talkin to Me?” – Taxi Driver (1976)

Essa é clássica. Na pele do desajustado Travis Bickle, Robert De Niro olha para o espelho e começa a soltar frases de efeito, como se estivesse desafiando alguém. Ele pergunta: “Você está falando comigo?”. E em seguida aponta a arma escondida na manga do casaco. Um show de improvisação de De Niro em mais uma cena que ficou marcada na história do cinema — e certamente já foi repetida na frente do espelho por uma infinidade de atores e mesmo cinéfilos. Segundo o Business Insider, o roteiro de Paul Schrader apenas sinalizava que o personagem falava consigo mesmo no espelho. Aí, ficou a cargo do ator aprofundar a cena como uma mostra do estado cada vez mais caótico da personalidade do taxista.

“You Hear That?” – Cães de Aluguel (Reservoir Dogs, 1992)

O filme de estreia de Quentin Tarantino, até então um “joão ninguém” na indústria, causou furor na época em que foi lançado e recebeu várias críticas por conta de uma cena crucial, em que o criminoso vivido por Michael Madsen tortura um policial. A sequência, de fato, é para estômagos fortes, e termina com uma tirada improvisada do ator: após cortar fora a orelha do policial, o bandido segura o pedaço sangrento na mão e sussurra para a orelha algo como “ei, o que está rolando? Você ouviu isso?”. Uma sacada sádica, mas não deixa de ser uma boa sacada. Tanto que Tarantino aprovou e manteve no filme.

“Take the cannoli” – O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972)

O épico de Francis Ford Coppola é recheado de frases clássicas que resistiriam ao tempo, uma cortesia do roteirista Mario Puzo, que adaptou sua obra máxima. Mas o curioso é que uma das frases mais marcantes não estava no script. Durante uma saída básica para dar cabo de um desafeto, o mafioso Peter Clemenza receba a incumbência de sua esposa de levar pra casa o cannoli, tradicional sobremesa siciliana. Segundo o roteiro original, após matar o traidor Paulie Gato, Clemenza apenas diria para o capanga que o acompanhava para deixar a arma no local. O ator Richard Castellano, porém, não perdeu a oportunidade de fazer uma graça e acrescentou uma frase à ordem, um tanto quanto inusitada para a situação. Daí nasceu o “leave the gun, take the cannoli”.

Indiana contra o espadachim – Os Caçadores da Arca Perdida (Raiders of the Lost Ark)

Os bastidores da gravação dessa cena já são bem conhecidos por muita gente. Segundo o roteiro, Indiana Jones deveria se envolver em uma perigosa e coreografada luta com o espadachim, utilizando seu chicote. O pobre ator que “lutaria” com Harrison Ford ficou ensaiando as manobras com a espada por semanas. Ele só não contava que uma indisposição estomacal acabou atacando o astro na noite anterior e o deixou com pouca paciência e disposição para rodar a cena. Pouco antes da gravação, Harrison Ford consultou o diretor Steven Spielberg e sugeriu o que acabou se tornando uma das cenas mais divertidas do filme: Indiana ignora as acrobacias do espadachim e o despacha com um único tiro.

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