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Está lá na descrição deste blog: “um ponto de encontro para discutir o cinema que está longe da telona”. Apesar de uma vez ou outra falar sobre filmes que estão em cartaz, a intenção aqui é celebrar as “velharias” mesmo. Aqueles filmes que nos marcaram anos atrás, os obscuros, que poucos conhecem, e os clássicos que, décadas depois, seguem sendo referência obrigatória para quem gosta e acompanha a sétima arte. Porém, há momentos em que é difícil silenciar frente ao burburinho que determinado filme está causando, seja na saída das sessões de cinema, nas redes sociais ou na crítica especializada.

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A bola da vez, como você já deve ter percebido e ouvido por aí, é Gravidade (Gravity), ficção científica do mexicano Alfonso Cuarón. O filme estreou há duas semanas nos Estados Unidos e na última sexta-feira no Brasil, inclusive em sessões em 3D no Imax. Lá fora está fazendo bonito e, até esta segunda-feira, se mantinha no topo das bilheterias. Só nos Estados Unidos, arrecadou US$ 123 milhões em suas duas semanas de exibição – já está dando lucro ao estúdio Warner Bros., porque o orçamento foi de US$ 100 milhões.

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O hype em torno do filme começou antes até do lançamento mundial, com uma declaração nada contida do diretor James Cameron (Avatar, O Exterminador do Futuro 1 e 2, Titanic, etc) após a exibição de Gravidade no Festival de Cinema de Veneza. Em entrevista à VarietyCameron disse que ficou “atordoado, absolutamente chocado” ao ver o filme. E emendou: “É a melhor fotografia espacial já feita, o melhor filme espacial já feito, e é o filme que eu estava ansioso para ver há muito, muito tempo”.

Os críticos brasileiros também têm sido generosos. O Paulo Camargo, aqui da Gazeta do Povo, chamou o filme de uma “odisseia íntima”, que “consegue injetar frescor e invenção a um gênero que parecia fadado ao lugar-comum“. A revista Preview deu cinco estrelas (nota máxima) para a obra. “Com ousadia, o diretor mexicano dá uma boa razão para o espectador gastar seu dinheiro com um ingresso de cinema”, escreveu a jornalista Mariane Morisawa. O crítico Rubens Ewald Filho, em seu blog, cravou que Gravidade é uma “pequena joia, uma obra-prima de suspense e tensão“.

Questionados pelo blogueiro na página do Facebook do Cinema em Casa, amigos e leitores do blog também foram, em geral, calorosos quanto ao filme. A Camila Iara Marcos, por exemplo, disse que Gravidade merece estar no “Top 5 dos melhores de 2013, fácil“. A Daniela Matthes deu um depoimento interessante: “sem dúvida, é o filme que tem mais imagens de tirar o fôlego. Valeu muito ter ido ao cinema ver. Pela primeira vez fiquei com vontade de assistir novamente o filme no cinema.”

Acho importante trazer essas visões, seja de críticos ou dos “espectadores comuns”, porque elas parecem convergir para uma mesma constatação em relação ao filme: Gravidade é uma obra para ser vista e apreciada exclusivamente na tela grande, como há tempos não se fazia. O tom intimista do roteiro, focado quase que exclusivamente nas reações e na presença da personagem de Sandra Bullock, tem na fotografia esplêndida e nos efeitos especiais tecnicamente perfeitos um aliado poderoso. Ao mesmo tempo que acompanhamos atentos o drama da personagem, somos bombardeados com imagens espantosas (no bom sentido) do planeta Terra e do espaço como um todo. Mesmo as sequências em ambientes fechados são de encher os olhos – em uma delas, logo ao entrar em uma cápsula, o corpo da atriz flutua e se encolhe imitando a posição de um feto dentro do útero, uma metáfora visual sutil e caprichada diante da sequência de fatos que a levaram até ali.

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O arroubo visual neste caso é importante até para dimensionar o drama da personagem e atualizar uma história que já foi contada diversas vezes no cinema ou na literatura. Não se engane. Apesar das comparações absurdas com 2001 – Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey, 1968), Gravidade ainda é uma autêntica história de superação pessoal, na categoria de filmes como 127 Horas (127 Hours, 2010) e Vivos (Alive, 1993). Independente do ambiente e do desafio que enfrenta, a personagem, como tantos outros, precisa superar seus traumas, rever suas convicções, ultrapassar seus limites físicos e psicológicos e “renascer” com uma nova abordagem diante da vida. Tanto que, em uma cena desnecessária, a doutora vivida por Sandra Bullock discursa em voz alta, para si mesma – na verdade, para o espectador – que “está na hora de tocar a bola pra frente” (não nessas palavras, claro).

A diferença é que o roteiro enxuto escrito pelo próprio Cuarón e seu filho não subestima a inteligência do espectador e, assim, foge de vários clichês do gênero. Por incrível que pareça (para o nosso bem), não há flashbacks, não há pares românticos, e muito menos explicações demasiadas sobre o destino dos personagens. Ao mesmo tempo, há pouco espaço para digressões filosóficas e existencialistas – virou costume hoje em dia desculpar furos no roteiro afirmando que são “questões em aberto a serem discutidas pelo espectador”.

Ao fim, como bem disse James Cameron, Gravidade é o filme que estávamos ansiosos para ver há muito tempo. Não, não é o melhor filme espacial já feito, mas certamente será lembrado daqui a décadas. Em tempos de blockbusters de sucesso instantâneo e momentâneo, isso já é muito.

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Qual o seu veredicto sobre Gravidade? Gostou do filme? Quais outros filmes que se passam no espaço merecem ser lembrados? Deixe seu comentário aqui no blog!

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