Esta semana pintou uma novidade interessante na midia sobre um projeto que se estende há anos em Hollywood. Pra variar, trata-se de um remake. E de uma adaptação de historias em quadrinhos (vulgo HQ’s). Ou seja, duas das febres que movimentam o cinema americano há um bom tempo. Estou falando da tentativa de ressuscitar O Corvo, suspense de ação lançado em 1994 e dirigido por Alex Proyas, o mesmo diretor de Eu, Robô e Cidade das Sombras.
O Corvo permaneceu por um bom tempo na minha lista de filmes preferidos. Não por acaso, num período da minha adolescência em que eu havia abraçado o “jeito metal” de ser, com direito a roupas exclusivamente pretas, cabelos compridos, banda de garagem e uma guitarra Flying V. A primeira vez que assisti o derradeiro filme de Brandon Lee (sim, era o filho do saudoso Bruce Lee), foi numa Tela Quente, da Globo. Naquela época, como eu precisava acordar cedo de manhã para estudar e também não queria ficar no quarto dos meus pais até muito tarde, eu tinha o costume de usar o videocassete para gravar os filmes em VHS e assisti-los no dia seguinte, com direito a propaganda nos intervalos e tudo. Claro, era preciso garantir que o meu pai mantivesse a TV ligada no canal do tal filme, o que era difícil.
O filme de Alex Proyas é baseado em uma HQ obscura (em todos os sentidos) criada por James O’Barr. Na história que deu base ao filme, o roqueiro Eric Draven (vivido por Brandon Lee) e sua esposa são mortos em casa por uma gangue de drogados, assaltantes e baderneiros (como preferir). Exatamente um ano depois, Eric é despertado por um corvo, que lhe dá a chance de se vingar dos assassinos para então voltar pra cova e descansar em paz.
Ajuda o fato de que o roqueiro está morto e, por isso, por mais que seus inimigos o encham de balas e facas, nada o afeta. O segredo da sua imortalidade, porém, reside no corvo que o acompanha durante sua jornada, guiando seus passos e pairando sobre seus alvos.
A história de vingança sobrenatural pode até parecer banal, mas foi embalada em uma impressionante roupagem gótica, boas performances (principalmente do protagonista), cenas de ação inspiradas e uma trilha sonora esperta, que conta com músicas de bandas em alta na época, como The Cure e Stone Temple Pilots. O visual do roqueiro Eric Draven com certeza fez a cabeça de muito metaleiro: cabelos sempre molhados, rosto branco, com sombras pretas ao redor dos olhos e nos lábios, roupa preta e casaco de couro longo, recheado de furos de bala. Eu até que tentei emular o visual, mas deve ter me faltado o “charme”de Brandon Lee.
Proyas não fez concessões, é o filme é repleto de cenas violentas e closes de agulhas injetando drogas no corpo de algum desafortunado. Cada morte é “saboreada” com calma por Draven, que tem tempo de disparar frases enigmáticas para suas vítimas. Há até uma “batalha final” no telhado de uma catedral, em meio a um temporal, entre o herói e o seu antagonista, que também possui um visual peculiar (cabelos longos e espada, acredita?). Infelizmente, O Corvo hoje é mais lembrado pela tragédia que ocorreu quase ao fim das filmagens. Numa história nunca bem explicada, Brandon Lee foi acidentalmente morto quando participava de uma cena em que era alvejado por um tiro.
Voltando ao início do post e à noticia que motivou essa sessão nostalgia de hoje. O ator James McAvoy, que recentemente fez o jovem Charles Xavier em X-Men: Primeira Classe, estaria sendo cotado para interpretar o roqueiro Eric Draven, no dito remake. Antes disso, Bradley Cooper e Mark Wahlberg já haviam sido cogitados. A escolha do protagonista parece ser o principal entrave pra produção deslanchar de vez, já que não há qualquer previsão de lançamento. Mas quer saber? Não tenho pressa nenhuma. Prefiro ficar com a versão de 1994 e meus devaneios adolescentes.
Em tempo: cortei os cabelos, já uso camisas brancas e vendi a Flying V. Mas ainda sou metaleiro. Do tipo discreto, claro.