O caderno G Ideias do último sábado, da Gazeta do Povo, preparou uma reportagem especial sobre os 75 anos da criação do Superman e os 35 anos do lançamento do filme de Richard Donner com Christopher Reeve, completados em 2013. Abaixo, segue o texto que escrevi sobre o filme de 1978, que merece ser visto e revisto, até como um aperitivo para O Homem de Aço (Man of Steel,2013), que estreia nos cinemas brasileiros dia 12 de julho.
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Para os espectadores de hoje, o uniforme colorido, o topete ondulado e os efeitos especiais limitados podem soar datados – cômicos até. Porém, é inegável que, mesmo depois de 35 anos, Superman – O Filme continua sendo referência em adaptações de histórias em quadrinhos, não somente por ser a primeira superprodução do gênero, mas também por marcar o imaginário popular com o rosto de um ator e sua roupa azul e vermelha, deslizando acima dos prédios ao som de uma trilha sonora reconhecível até por quem nunca assistiu à obra. Independente do roteiro com furos e da trama despretensiosa, o Superman de 1978 fez plateias inteiras acreditarem que um homem podia voar – e, ao fim, isso se provou mais do que suficiente.
O filme dirigido por Richard Donner (que ganharia nome na década seguinte por Os Goonies e a série Máquina Mortífera) surgiu em um momento em que Hollywood inaugurava o conceito do blockbuster, a superprodução de aventura ou terror criada para atrair o maior número de espectadores possíveis e, assim, angariar rios de dinheiro para os estúdios — possibilidade levada a outros níveis com o sucesso de produções como Tubarão e Star Wars, da dupla Steven Spielberg e George Lucas. Ciente da popularidade que Superman possuía entre fãs de quadrinhos e do público em geral, a Warner Bros. investiu pesado na adaptação, filmando, pela primeira vez, dois filmes quase que simultaneamente, com a intenção de criar uma franquia.
Tanto que o estúdio se propôs a alguns arroubos, como pagar quase US$ 4 milhões a Marlon Brando e uma porcentagem dos lucros na bilheteria por uma pequena participação como Jor-El, o pai de Superman (o nome de Brando inclusive é o primeiro a aparecer nos créditos do filme). Mario Puzo, autor do best-seller O Poderoso Chefão e ganhador de dois Oscar pelo roteiro das duas primeiras adaptações de sua obra feitas por Francis Ford Coppola, foi chamado para escrever a história do super-herói e servir de chamariz para a produção.
Por outro lado, os produtores optaram por escolher um até então desconhecido ator para viver o próprio Superman. Na pele do alienígena que é enviado para a Terra após a destruição de seu planeta natal, Christopher Reeve ganhou de imediato os holofotes aos 26 anos e, para o bem e para o mal, ficou marcado para sempre como o icônico super-herói. O rosto do ator, inclusive, serviria de modelo para retratar o Homem de Aço nas páginas das histórias em quadrinhos 30 anos depois do primeiro filme, em uma popular fase do personagem nas mãos do escritor Geoff Johns e do ilustrador Gary Frank.
Pode-se supor que Reeve teve mesmo sorte. Com apenas um filme no currículo e uma participação em uma novela, acabou ultrapassando outras estrelas de Hollywood cogitadas para viver o super-herói, como Robert Redford, Clint Eastwood, Steve McQueen e Warren Beatty. Sylvester Stallone, que estava em alta após o sucesso de Rocky – Um Lutador, em 1976, saiu à cata do papel e praticamente implorou aos produtores para estar no filme. Foi cortado, segundo os bastidores, por um pedido (ou ordem) de Marlon Brando, o que resultou inclusive em ataques públicos entre os dois atores pela TV na época.
As apostas do estúdio deram resultado e Superman – O Filme, que custou US$ 55 milhões, arrecadou mais de US$ 300 milhões em todo o mundo. Concorreu a três Oscar, incluindo uma merecida indicação pela icônica trilha sonora de John Williams, que se tornou uma marca registrada não só do filme, mas do personagem. Na década seguinte, outros três filmes foram lançados, todos com Christopher Reeve no papel do kryptoniano – apesar de que os dois últimos costumam ser rechaçados pelos fãs e críticos.
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