Acredito que pouco comentei aqui no blog sobre ele, mas se há um diretor que gosto e admiro, é Robert Rodriguez (que, apesar do nome, é americano, nascido no Texas). E gosto do cara por uma razão simples: ao contrário de 90% das estrelas de Hollywood, Rodriguez não se considera um gênio ou tem a pretensão de ser o “maior diretor da sua geração”. Seus filmes são despretensiosos e, em alguns casos, assumidamente trash.
Mesmo assim, apesar de estar distante do panteão dos ditos cineastas “sérios”, Rodriguez goza de certa credibilidade na indústria. Produz, escreve, dirige, edita e compõe a trilha sonora dos próprios filmes, normalmente acompanhado de um elenco de fazer inveja. Robert De Niro, Josh Brolin, George Clooney, Johnny Depp, Antonio Bandeiras, Mickey Rourke, Clive Owen, Benicio Del Toro e Bruce Willis são alguns dos atores que já foram dirigidos por ele. Assim como Quentin Tarantino, de quem é amigo próximo, Rodriguez é visto como um cara “cool” e muita gente aguarda ansiosa para participar de algum projeto seu.
O que é surpreendente, considerando que, 21 anos atrás, o então desconhecido Robert Rodriguez estava movendo mundos e fundos para levantar míseros 7 mil dólares para rodar seu primeiro filme, El Mariachi (1992). Diz a lenda que, a fim de conseguir alguma grana, Rodriguez aceitou ser cobaia de um experimento de laboratório que estava testando uma nova droga para reduzir o colesterol. Recebeu 3 mil dólares por isso em 30 dias – período em que escreveu o roteiro de El Mariachi. O orçamento era basicamente pra comprar a câmera que utilizou nas filmagens, já que o filme foi feito na base da camaradagem – o protagonista, Carlos Gallardo, era amigo próximo de Rodriguez. A história curiosa está contada no livro 101 Filmes – Tesouros Perdidos, da editora Sampa (já comentei sobre esse livro aqui).
Contrariando mesmo as mais otimistas previsões, El Mariachi fez sucesso e foi aclamado em alguns festivais de cinema, como o de Sundance, onde conquistou o Prêmio do Público. A Columbia Pictures adquiriu os direitos de distribuição do filme e, três anos depois, bancou a continuação de El Mariachi, desta vez com Antonio Banderas no papel principal. A Balada do Pistoleiro (Desperado, 1995) fez ainda mais sucesso e permitiu a Rodriguez iniciar sua heterogênea sequência de filmes autorais, que inclui até aventuras infantis (a série Pequenos Espiões).
Queira ou não, ajuda o fato do diretor ser próximo de Tarantino e, em várias produções, ter o nome do amigo estampado no cartaz. Tarantino escreveu o roteiro e atuou no sanguinolento Um Drink no Inferno (From Tusk Till Dawn, 1996), esteve no set de Sin City – A Cidade do Pecado (Sin City, 2005) dirigindo algumas cenas e produziu Planeta Terror (Planet Terror, 2007), onde também fez uma ponta como ator.
Planeta Terror, inclusive, ao lado de Machete (2010), é um bom exemplo da extravagância a que Rodriguez se permite em suas produções. São dois filmes trash, B até, mas produzidos com esse intuito. É preciso, antes de tudo, entender a piada para se divertir com os filmes. Já vi muita gente sair xingando Planeta Terror por causa dos riscos e do treme-treme na tela, sem falar que o filme tem uma “falha” no meio que pula algumas cenas. Ah, e que tal a fotografia amarelada e escura que, em alguns casos, permite só ver os vultos dos atores? Acredite, tudo minuciosamente programado. Até porque Planeta Terror faz parte do projeto Grindhouse, em que Rodriguez e Tarantino, cada um do seu jeito, tentaram emular o espírito dos filmes de qualidade duvidosa que passavam em sessões duplas nas matinês de cinema.
Além disso, só Rodriguez para colocar Danny Trejo como protagonista de um filme de ação, ao lado de Robert De Niro e Jessica Alba. Não bastasse as frases de efeito – “Machete improvisa” – Trejo ainda dá uma de galã e sai conquistando mulheres com a mesma facilidade com que corta cabeças.
Rodriguez atualmente finaliza a pós produção da continuação de Sin City, intitulada Sin City: A Dame To Kill For. O filme estreia em outubro deste ano no Brasil e trará, a exemplo do primeiro filme, nomes de peso como Josh Brolin, Eva Green, Mickey Rourke e Rosario Dawson.
Quer mais sugestões de filmes do diretor? Acesse aqui seu perfil no IMDb.
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