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Já comentei em outro post aqui no blog que a expectativa pode ser a pior inimiga de qualquer cinéfilo. Ainda mais quando estamos prestes a assistir a sequências, remakes ou prequels de séries e personagens já consagrados. Sabemos que, quanto maior a expectativa criada em cima de algo, maior pode ser a decepção – e olha que isso vale pra tudo na vida.

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No cinema, é ideal mantermos os pés no chão, mesmo bombardeados por trailers fantásticos e notícias plantadas que insistem em dizer que tal filme será a grande produção do ano. A repercussão morna de alguns filmes recentes nos lembram que, na indústria cinematográfica, o jogo nunca está ganho. Vide fracassos de crítica e bilheteria como John Carter – Entre Dois Mundos (John Carter, 2012) e Prometheus (2012).

Dito tudo isto, mesmo assim é difícil, ainda mais para os aficionados por histórias em quadrinhos, deixar de criar uma grande expectativa em cima de O Homem de Aço (Man of Steel), a nova releitura do super-herói mais icônico já criado, o Superman. O filme estreia no Brasil daqui a dois meses, em 12 de julho (nos Estados Unidos, chega mais cedo, dia 14 de junho). Desta vez, o responsável por adaptar a mitologia do azulão à telona será o diretor Zack Snyder, devidamente acompanhado por Cristopher Nolan na produção. A história foi concebida pelo próprio Nolan com David Goyer, dupla responsável, não custa lembrar, pelos roteiros dramáticos e verossímeis da recente trilogia do Batman.

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Zack Snyder ainda é um diretor de filmografia enxuta, embora tenha apresentado resultados interessantes ao adaptar outras histórias em quadrinhos, como 300 (2006) e Watchmen – O Filme (Watchmen, 2009), lançando mão de uma estilo bem pessoal, com uma paleta de cores estourada e câmeras lentas nas cenas de ação. Entrou para a indústria hollywoodiana com o pé direito há apenas oito anos, ao dirigir o remake do clássico zumbi de George Romero Dawn of the Dead. Por outro lado, vacilou e decepcionou justamente ao apresentar seu primeiro material realmente autoral, Sucker Punch – Mundo Surreal (Sucker Punch, 2011).

Assim, não deixa de ser confortante saber que o roteiro de O Homem de Aço, assim como o tom do filme, possui a mão de Nolan. Não teremos um Superman sombrio, a exemplo do Batman de Christian Bale, mas, conforme o que é possível observar nos trailers e entrevistas, a história será dramática e pé no chão – mesmo em se tratando de um alienígena que voa, possui super-força e dispara raios de calor pelos olhos. O Clark Kent de Henry Cavill promete ser um sujeito deslocado, à procura de seu lugar e seu papel em um mundo que não é o seu e que, muito provavelmente, não está pronto para a chegada de um super homem.

Aspectos que foram bem lembrados no primeiro trailer que, pelo tom de discussão existencial, chegou a ser chamado de o “trailer de Árvore da Vida do Superman”. Mesmo apostando no drama e no aspecto mais “humano” do super-herói, também já dá pra garantir que O Homem de Aço será movimentado, com cenas de ação e lutas capazes de deixar um rastro de destruição pelo caminho – justamente o que faltou à última aventura do azulão nos cinemas, o insosso Superman – O Retorno (Superman Returns), de Bryan Singer.

Outro detalhe importante está no visual do herói, num uniforme que remete mais à ideia de uma armadura estilizada, com cores mais sóbrias, deixando de lado a roupa colorida e festiva do Superman tradicional. A malfadada “sunga vermelha” em cima da calça foi abolida, obedecendo à reformulação visual do super-heróis nos quadrinhos, depois do reboot da DC Comics.

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E, desta vez, fugindo da tradição dos filmes anteriores, não teremos Lex Luthor como o vilão onipresente. A ameaça da vez será o general kryptoniano Zod, interpretado por Michael Shannon. Mas muito provavelmente será feita alguma menção a Luthor, dando a deixa para as sequências. Fica a torcida para que finalmente o principal antagonista do Superman seja levado a sério e apareça futuramente como o sujeito frio e inescrupuloso das HQs, e não como o abobalhado vilão de terceira categoria representado por Gene Hackman e Kevin Spacey.

Outro aspecto que deve ser deixado de lado em O Homem de Aço é o trabalho profissional de Superman como o repórter Clark Kent. Não há, na verdade, nos trailers, sinopse e entrevistas menção à presença de Superman em Metropolis travestido de jornalista. E aí repousa uma curiosidade pessoal minha: como Nolan e Zack Snyder farão para tornar o disfarce de Superman verossímil nessa abordagem mais pé no chão. Afinal, cá entre nós, algo que nunca achei bem resolvido nos quadrinhos foi a incrível capacidade do herói sumir no meio da multidão apenas colocando óculos e mudando o penteado…

O jeito, como sempre, é esperar. Julho está logo aí e a expectativa já está criada. Superman, não nos decepcione, por favor.

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Veja abaixo os três trailers já lançados de O Homem de Aço: