Depois de muita expectativa por parte da mídia e do público, finalmente estreou neste último fim de semana no Brasil O Homem de Aço (Man of Steel) – nos Estados Unidos e outros países da América do Sul, o filme já está em cartaz desde a segunda semana de junho.
Fui assistir. E já que falei em algumas ocasiões sobre o filme aqui no blog e até em matéria para o G Ideias da Gazeta do Povo, me sinto quase na obrigação de dar uns brevíssimos pitacos a respeito. Fiquem tranquilos que vou me abster de spoilers.
Primeira conclusão: como se esperava, o filme segue o tom mais sério e dramático adotado por Christopher Nolan na trilogia do Batman. Vale lembrar que Nolan é um dos produtores de O Homem de Aço e David Goyer, que também escreveu os roteiros dos três filmes do Homem Morcego, foi o responsável pela trama da “reinvenção” do Superman no cinema. Fora uma ou outra frase dita por algum personagem coadjuvante, o filme não possui alívios cômicos. Ou seja, não é uma produção “para toda a família”, na linha das adaptações de Homem de Ferro, Os Vingadores e Thor feitas pela Marvel Studios. Percebe-se que a Warner Bros. vai seguir mesmo um caminho oposto ao da concorrência, ainda mais depois do fiasco que foi Lanterna Verde (Green Lantern, 2011).
Outra questão: não dá pra fazer comparações com os filmes anteriores do Azulão, mesmo o mais recente, Superman – O Retorno (Superman Returns, 2006). E não digo isso porque o filme é superior ou inferior, mas sim porque são propostas totalmente diferentes. O Homem de Aço tem lá suas preocupações filosóficas e seus dramas existenciais, mas ainda é um filme que foca, quase inteiramente, na ação. Henry Cavill se mostrou à altura do papel, e está totalmente à vontade na pele do mais icônico dos super-heróis. Por isso, a discussão Christopher Reeve X Cavill é totalmente sem propósito.
Voltando à ação: as batalhas entre Superman, Zod e seus asseclas são, mesmo, espetaculares. Grandiosas. Exageradas até. Logo após a estreia do filme pipocaram na internet comentários brincando que as lutas eram no estilo “Transformers”, à lá Michael Bay. Isto porque prédios inteiros despencam, vidros são estilhaçados para todos os lados, caminhões explodem e por aí vai. Há quem critique pelo exagero, mas, ao menos, as cenas dão uma boa noção do que é o real poder de Superman. O filme não se preocupa em mostrar a contagem dos inocentes pegos no meio da batalha, mas fica claro que Metrópolis, palco da luta final, foi arrasada em grande parte pelo poder do herói e seus inimigos. Talvez a questão do “efeito colateral” seja um ponto a ser discutido em uma sequência. Veremos.
Em relação aos coadjuvantes: a trama estabelece toda uma nova dinâmica para a relação entre a repórter Lois Lane (interpretada por Amy Adams) e Superman. E essa interação entre estes dois personagens funciona muito bem. Pode ser que os fãs mais xiitas dos quadrinhos não gostem, mas pelo menos o roteiro foi direto ao ponto e, assim, seguiu a linha de ser mais “pé no chão” (quem viu o filme vai entender). Foi muito bom ver também um Jor-El (vivido por Russel Crowe) mais atuante, participando de sequências de ação e tendo um papel fundamental ao longo do filme, não só no prelúdio passado em Krypton. Destaque também para os pais biológicos do Superman, que, apesar de terem uma participação restrita, são essenciais para apresentar a formação do herói e discutir os dilemas que ele irá enfrentar quando enfim decidir se apresentar ao mundo.
Concluindo: as minhas expectativas (e a de muita gente), que eram altas, foram atendidas. É um Superman para uma nova geração, menos ingênuo, mais atormentado, brutal até. O filme cumpre o seu papel ao desvincular o herói daquele personagem “coxinha” dos quadrinhos de antigamente, o escoteiro preocupado em defender os ideais e o estilo de vida norte-americanos. O roteiro tem lá seus furos e é apressado às vezes, mas, em geral, respeita a mitologia do personagem e vai além do universo estabelecido nos quadrinhos – o que também foi feito na trilogia do Batman. Talvez depois que a poeira baixar eu analise o filme com mais frieza e distanciamento. Mas, por enquanto, recomendo, tanto para os fãs de quadrinhos quanto para aqueles que querem ser apresentados a um “novo” Superman.
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