Os roteiristas de cinema adoram brincar de futurologia. E, por tabela, bancar os trágicos. Afinal, os filmes que mostram o fim do mundo ou uma Terra pós-apocalíptica se tornaram tão comuns que hoje já são considerados um gênero à parte.
É fácil entender essa fascinação, tanto por parte dos escritores quanto de nós, espectadores. Quem nunca se viu imaginando como o mundo será daqui a 30, 50 ou 200 anos? Carros flutuando acima das estradas serão reais? Finalmente o teletransporte será uma tecnologia acessível, para alegria de quem não aguenta mais passar horas dentro de um ônibus? Poderemos passar as férias em Marte, como desejava Arnold Schwarzenegger, em O Vingador do Futuro (Total Recall, 1990)?
Porém, antes de todas estas questões, há uma outra pergunta que não cala: haverá mesmo um planeta para habitarmos? Haverá algum resquício da humanidade, frente ao aquecimento global e outras ameaças interplanetárias e possíveis guerras nucleares? É essa curiosidade que os filmes pós-apocalípticos se propõe a saciar. Muitos não perdem tempo mostrando ou explicando como o planeta entrou em colapso, função esta dos filmes catástrofe à lá 2012 (2009) e Independence Day (1996). Vão logo jogando os personagens em uma terra árida, devastada e repleta de perigos, onde a sobrevivência é o único objetivo em comum.
Hoje então vou aproveitar para relembrar alguns destes filmes. Vale destacar que não se trata de selecionar os melhores ou de fazer um ranking. Até porque, como disse antes, opções deste gênero não faltam. Por isso mesmo, fiquem à vontade para destacarem suas visões preferidas do nosso singelo planeta pós-apocalíptico!
TOP 5: FILMES COM UMA VISÃO NADA OTIMISTA DO FUTURO
Mad Max 2 – A Caçada Continua (Mad Max 2: The Road Warrior, 1981)
Se você é fã do cinema de ação, então certamente possui uma ligação afetiva com a série Mad Max. O primeiro filme, de 1979, tem um “charme tosco” e foi responsável por lançar a carreira do até então desconhecido Mel Gibson, na pele do policial Max Rockatansky. Já o segundo filme da série foi mais longe e comprou de vez a ideia de um mundo pós-apocalíptico, onde gangues de mercenários tocam o horror em carros customizados, em busca do prêmio maior: um galão de gasolina. Só a longa e empolgante sequência final, onde os bandidos do deserto perseguem o caminhão dirigido por Max e seus comparsas, já vale o filme. Mad Max teve ainda mais uma sequência, Além da Cúpula do Trovão (Mad Max Beyond Thunderdome, 1985) e originou uma onda de imitações. Impossível não ver ecos da série inclusive em produções recentes, como O Livro de Eli (The Book of Eli,2010) e O Exterminador do Futuro: A Salvação (Terminator Salvation, 2009).
A Estrada (The Road, 2009)
Filme baseado no belo e intrigante romance de Cormac McCarthy, que conta as agruras de um pai e seu filho num mundo cinzento e devastado, onde parece estar “chovendo” cinzas o tempo todo. Assim como no livro, os personagens principais, vividos por Viggo Mortensen e Kodi Smit-McPhee, não têm nome e são conhecidos apenas como “o pai” e “o garoto”. Aqui, o perigo não vem de catástrofes naturais em andamento ou de alienígenas em busca de escravos, mas sim dos próprios humanos sobreviventes, capazes de atos selvagens para aplacar um pouco a fome e o frio. Antes de ser um thriller de horror ou um sci-fi, é uma fábula tocante sobre o amor entre pai e filho, em um mundo onde eles não possuem mais nada – apenas um ao outro.
Waterworld – O Segredo das Águas (Waterworld, 1995)
Uma espécie de Mad Max sobre águas, Waterworld chamou a atenção na época de lançamento por ser um dos filmes mais caros já filmados até então. O orçamento bateu na porta dos 175 milhões de dólares, principalmente devido às dificuldades logísticas e estruturais de se filmar em alto mar ou em piscinas artificiais. Kevin Costner protagoniza a aventura, que se passa em um mundo onde as calotas polares derreteram e os poucos humanos que restaram vivem sonhando em encontrar terra firme. O herói, uma espécie de “marinheiro mutante”, acaba esbarrando em uma mulher e uma criança que teria o mapa para uma ilha misteriosa tatuado nas costas. Aí, passam a ser perseguidos pela gangue de piratas em jet-skis liderada por um Denis Hopper caricato. Apesar do orçamento polpudo, acabou passando batido nas bilheterias e hoje é pouco lembrado. Não à toa, na verdade, já que é uma aventura mediana bem Sessão da Tarde.
Reino de Fogo (Reign of Fire, 2002)
Filme que não deixou marcas mais profundas no gênero, mas merece ser lembrado e visto pela mistura inusitada entre sci-fi e elementos medievais. Afinal, em Reino de Fogo o planeta Terra foi vítima de poderosos e aterrorizantes dragões – sim, eles mesmos, aqueles seres alados cuspidores de fogo – e os grupos de humanos que sobraram vivem acuados em povoados dispersos. Christian Bale interpreta um dos sobreviventes, que teve a mãe morta por um dragão quando pequeno. A chegada de um “caçador de dragões” fanfarrão, vivido por Matthew McConaughey, movimenta o povoado em que Bale mora e logo os dois partem numa missão definitiva para dar cabo dos bichos.
O Planeta dos Macacos (Planet of the Apes, 1968)
Impossível não citar esse clássico sci-fi, que rendeu várias continuações, série para TV e um prequel (filme que conta uma história que se passa em momento anterior à trama original) competente em 2011. Em O Planeta dos Macacos, o astronauta vivido por Charlton Heston acorda em um planeta hostil dominado por uma raça de macacos evoluídos, que escravizam e têm asco a humanos. A emblemática e surpreendente cena final é que acaba rotulando o filme como pós-apocalíptico. Afinal, não se trata de outro planeta, mas sim… bem, vai que você não assistiu. Não vou estragar a surpresa. Ah, esqueça a versão duvidosa e confusa de Tim Burton.
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Lembra de mais algum outro filme que se propõe a apresentar o futuro de forma pouco otimista? Gostou dos filmes acima? Comente aqui no blog!